Ricardo Sá Pinto é um homem inconformado. Em entrevista ao Mundo Deportivo, o antigo técnico do SC Braga afirmou não ter percebido ainda o porquê de ter sido despedido do emblema minhoto: “Ainda não entendi a decisão. Fiquei muito entusiasmado por trabalhar em Braga, na Liga Europa quebrámos todos os recordes do clube, estivemos dez jogos sem perder. Éramos a melhor equipa da fase de grupos. Chegámos às meias-finais da Taça da Liga, que depois ganharam, e é verdade que na Liga não estávamos onde queríamos porque não é fácil jogar de três em três dias. Acho que quando a equipa descansasse podia melhor na Liga. Não pude terminar o trabalho e saí com pena porque tinha a ilusão de conseguir algo ainda maior”, afirmou.
Sá Pinto garante que irá continuar a treinar e confessou já ter tido oportunidade para regressar ao ativo: “Tive uma oferta da Europa e outra do golfo pérsico, mas com este vírus é melhor esperar porque é arriscado tomar decisões. A ideia é continuar a ser treinador, adoro treinar e tenho tido épocas boas. Fui vice-campeão belga e ganhei a Taça da Bélgica com o Standard, além da qualificação para a Champions. Na Polónia fui vice-campeão com o Legia. Algum dia terei o que mereço”.
Não houve futebol como sempre o conhecemos, mas a Liga não parou. Confuso? Nem por isso. Depois de ter sido anunciado o evento, o dia ficou marcado pela disputa de vários encontros da liga portuguesa virtual na qual um jogador de cada clube português deu a cara pela sua equipa e defrontou um rival num conhecido simulador futebolístico, ao abrigo da campanha #FicaemCasa.
“Jogadores de diferentes planteis irão, assim, defrontar-se no mundo do futebol virtual, em jogos de 12 minutos (2 partes de 6), sem qualquer vertente competitiva e numa iniciativa que irá ocorrer apenas no próximo fim de semana. Todos os adeptos poderão matar saudades dos seus ídolos e assistir a tudo sobre estes encontros através dos canais da Liga Portugal (Facebook, Instagram, Twitter e Twitch), no Instagram da Liga NOS assim como nos meios oficiais de cada clube e na Sport TV+”, pode ler-se no site da Liga. Amanhã há mais, mas a ação acabou por ficar marcada pela ação de protesto de Afonso Figueiredo que durante os primeiros minutos da segunda parte do jogo frente a Pepelu se limitou a trocar a bola na sua defesa de forma a chamar a atenção para os graves problemas financeiros que o CD Aves atravessa.
A Liga Portuguesa que hoje anunciou ter criado, em parceria com o Sindicato, uma comissão de acompanhamento relativo ao Covid-19. “A Liga Portugal e o Sindicato de Jogadores vão constituir uma Comissão de Acompanhamento do COVID-19, não só para monitorização da atual situação, mas também para que os dois organismos, em consonância, e sempre em sintonia com o trabalho que está a ser desenvolvido pela European Leagues e pela FIFPRO, consigam criar condições para a resolução da temporada 2019-20 (…) Esta Comissão de Acompanhamento terá oportunidade de discutir, analisar e tentar encontrar soluções para eventuais problemas que possam surgir no Futebol Profissional português, dentro do espírito de responsabilidade e colaboração que este momento exige”, pode ler-se no comunicado emitido pela Liga.
Em declarações ao site da Liga Portuguesa, Miguel Veloso desabafou acerca do momento vivido em Itália, onde joga, ao serviço do Hellas Verona. Para o antigo internacional português, Itália está como está devido ao facto do país não ter levado o vírus a sério quando este estava ainda em fase inicial de disseminação: “Aqui em Itália, ao início, também ninguém levou a sério e o país está no estado que está por culpa disso e por não se terem respeitado as condições. Hoje sim já entenderam que este vírus é real”.
“A esperança é sempre a última a morrer. Mas a realidade não mostra, para já, sinais de melhoria. Vê-se pelo primeiro país a sofrer do surto, a China, que já passou o pior momento, mas continua a viver efeitos do Covid-19. As pessoas continuam a ter de usar máscaras, a lavar as mãos e a estar sempre por casa quando não estão a trabalhar. (…) Felizmente o preparador físico do clube tem nos enviado um programa para fazer em casa, tendo em atenção a quem não tem jardim ou terraço, pois não podemos sair à rua para correr”, acrescentou.
Também em entrevista, mas desta vez ao Expresso, esteve precisamente o presidente da Liga, Pedro Proença. Para o líder máximo do futebol profissional em Portugal, o jogo será bem diferente depois da atual crise: “Terá de haver mais rigor, mais contenção, e também terão de ser criadas condições para enfrentar crises inesperadas com esta. (…) Acredito que uma das grandes ilações que vão ser retiradas desta crise será a seguinte: as organizações que supervisionam o futebol internacional têm obrigatoriamente de criar rácios, que sejam inultrapassáveis entre os que mais ganham e os que menos ganham (…) É evidente que esta paragem vai ter consequências financeiras para as sociedades desportivas. Vamos tentar reduzir o seu impacto. (…) Temos um fundo que poderá ser acionado em casos de incumprimentos salariais para ajudar clubes em dificuldades. Mas também é preciso dizer que grande parte dos orçamentos dos clubes estão suportados pelos contratos televisivos. Felizmente, o feedback que temos tido desses patrocinadores é tranquilizador”.
Pedro Proença acredita que será possível concluir a temporada 2019/20: “Estou convicto de que, segundo os traços evolutivos que nos são passados pela Direção-Geral da Saúde (DGS), temos condições para terminar a Liga esta época. (…) Obviamente, isto é tudo muito prematuro ainda. Mas, tendo a UEFA adiado o Europeu para 2021, abrindo-nos uma janela de oportunidade de 45 dias para completar as competições, penso que há calendário suficiente para terminar as competições profissionais (I e II ligas). (…) De outra forma, seria o caos”.
Numa altura em que são cada vez mais os profissionais do futebol infetados com o coronavírus, nem Dybala ou a família Maldini escaparam, mas o dia fica marcado pelo falecimento de Lorenzo Sanz, antigo presidente do Real Madrid, nos anos 90, precisamente devido a infeção com o novo Coronavírus. Não se esqueça: tente ao máximo não sair de casa, mantenha a distância social se o tiver de fazer e lave a mãos de forma regular.