Um mal nunca vem só. Numa temporada em que as equipas portuguesas conseguiram recuperar um lugar no ranking UEFA, superando a Rússia, os 16-avos de final da Liga Europa foram uma barreira demasiado alta para ser superada. Um dia depois do SC Braga ter sido eliminado em casa perante o Rangers, hoje, tanto FC Porto, como Sporting, como Benfica acabaram eliminados por Bayer Leverkusen, Istambul Basaksehir e Shakhtar Donetsk, respetivamente. Já não há equipas portuguesas nas competições europeias.
No Dragão, depois de ter sido superado na Alemanha por 2-1, o FC Porto conseguiu fazer ainda pior ao sair derrotado em casa perante os farmacêuticos num jogo em que esteve mesmo a perder por 3-0. O encontro ainda saiu para intervalo equilibrado com o Leverkusen a vencer por 1-0, mas na segunda parte o emblema alemão construiu uma vantagem confortável e irrecuperável. O melhor que o FC Porto conseguiu fazer foi reduzir distâncias por Marega, mas sem ameaçar a recuperação épica. Ainda para mais com Soares a ser expulso aos 85 minutos. Pode ver os golos que resultaram na eliminação azul e branca aqui.
No final do encontro, Sérgio Conceição admitiu a desilusão pela derrota, reconheceu mérito ao adversário mas também demérito dos seus jogadores. “Obviamente que estamos desiludidos, queremos acabar a época com títulos. Agora, temos dois ao nosso alcance. Pensar já no jogo com o Santa Clara, complicado. Vamos focar no campeonato e na final da Taça, vamos dar o melhor”, afirmou explicando ainda as alterações tomadas ao longo do encontro.
“Senti que tinha de arriscar ao intervalo. Tínhamos 45 minutos para virar a eliminatória. Arrisquei ao fazer entrar o Pepe e montar uma linha de três com o Corona e o Telles nos corredores, deixando o Otávio e Sérgio no corredor central. Com o Nakajima, o Zé [Luís] e o Moussa [Marega] na frente, tentámos condicionar a saída do adversário e marcar. Eles marcaram o segundo golo na primeira vez que foram à nossa baliza na segunda parte e ficou tudo mais difícil. Passado cinco minutos, eles fazem o 3-0 e ficou difícil em termos anímicos para os jogadores. O Bayer é uma equipa muito forte no impacto físico que tem no jogo, é rápida a sair e bem organizada. Esta equipa fez três golos em Munique. Claro que não serve como desculpa para a derrota. Há mérito do adversário e algum demérito nosso”.
Pior fez o Sporting. Depois de ter vencido em Alvalade por 3-1 na semana passada, o conjunto verde e branco não resistiu ao prolongamento e acabou eliminado da Liga Europa com uma derrota por 4-1 na Turquia. Os golos pode vê-los aqui. O Basaksehir esteve a vencer por 2-0 e só uma dupla intervenção decisiva de Maximiano no início da segunda parte evitou que o emblema turco encaminhasse a eliminatória a seu favor ainda mais cedo. O Sporting aproveitou o desperdício alheio para recuperar vantagem com um golo de Vietto, mas foi já no período de compensação final que o Basaksehir arrancou o prolongamento. Marcou Visca que, no prolongamento, da marca de grande penalidade após entrada precipitada de Vietto sobre Caiçara, bisou e selou o resultado no 4-1 que encerrou a participação do Sporting na Liga Europa. Lá está, o mal nunca vem só.
No final do jogo, Coates deu a cara para pedir desculpa aos adeptos leoninos: “A verdade é que cometemos muitos erros que não podemos cometer, tínhamos uma vantagem e não a conseguimos aproveitar. Como grupo temos de fazer uma autocrítica para melhorar, há que pedir desculpas aos adeptos que vieram e aos que ficaram em Portugal”. Já agora, ainda no que ao Sporting diz respeito, o António Tadeia analisou hoje a atualidade leonina depois da FIFA não se ter colocado do lado dos Leões no que diz respeito aos casos Rafael Leão e Rúben Ribeiro. Para ler aqui, no Último Passe de hoje.
Já Emanuel Ferro, adjunto de Silas e “porta-voz” do Sporting na UEFA, considerou inconcebível sofrer-se cinco golos nascidos de lances de bola parada e que foi esse o pormenor decisivo na eliminatória: “Era um jogo diferente, sabíamos disso. O adversário ia ter mais iniciativa, baixámos um pouco as linhas, se calhar demasiado e demonstrámos alguma incapacidade de pressionar. Os golos que sofremos foram de bola parada. Acabámos por sofrer da iniciativa do adversário. Na segunda parte entrámos bem, dominámos o jogo, marcámos, ficámos por cima da eliminatória, tivemos situações de golos e sofremos em cima do final do jogo, de forma injusta, a nosso ver. Tínhamos sido superiores no conjunto das duas mãos. O prolongamento foi mais do mesmo. É inadmissível que tenhamos permitido cinco golos de bola parada no conjunto das duas mãos. Fomos superiores, podíamos ter matado a eliminatória, mas acabámos por sofrer com as bolas paradas”.
As esperanças do futebol português se manter na Europa recaíram então no Benfica que entrou em campo mais tarde, mas se as coisas até começaram bem, rapidamente se percebeu que o descalabro ia ser total. Pizzi colocou o Benfica na frente, e cedo no encontro, mas o empate foi praticamente imediato, tal como aconteceu quando Rafa fez o 3-1 e deixou o Benfica com um pé nos oitavos de final. Aí, não só o Benfica não conseguiu voltar a colocar-se na frente da eliminatória como ficou longe de o conseguir assim que Alan Patrick voltou a marcar na eliminatória para selar o 3-3 final. Não só o mal não veio só, como o descalabro foi total. Se ainda aguentar tanto desgosto, pode ver os golos aqui.
Bruno Lage acabou por se mostrar agastado com a derrota e assumiu que quando o Benfica ficou ao 3-1, o jogo tinha de ser dos encarnados: “Fizemos aquilo que tínhamos que fazer, principalmente nos primeiros 60, 70 minutos. Senti que tínhamos que marcar três golos para seguir em frente. Da mesma forma como marcámos lá, o Shakhtar é uma belíssima equipa, cria oportunidades e iria marcar-nos um golo. Tínhamos que ter o controlo da bola e acho que foi isso que fizemos. Chegámos à vantagem de 3-1, a ter bola e a obrigar esta equipa a defender. Viu-se algum tempo, na primeira parte e no início da segunda, posicionamentos diferentes. Obrigámos o Shakhtar a correr muito, a perder um pouco a concentração e a organização defensiva. Acho que é com inteira justiça que fazemos os três golos. Pena marcar o 1-0 e logo a seguir o 1-1, de 3-1 rapidamente o 3-2. Com 3-1 o jogo tem de ser nosso e tem de ser com bola. Os jogadores fazem sempre o que peço e a responsabilidade e minha. É termos a capacidade de controlar, devíamos ter capacidade de prolongar no tempo o que fizemos até chegar ao 3-1”, analisou.
Já Luís Castro considerou a passagem do Shakhtar totalmente justa: “Olhamos para cada eliminatória como uma hipótese de ter sucesso. É isso que vamos continuar a fazer. Vamos ver o que nos cai em sorte no sorteio. Mas claramente que merecemos passar. Fomos melhores na primeira e na segunda parte de Khariv, não fomos na primeira parte aqui, mas ficámos por cima na segunda parte”. O técnico português deixou elogios à primeira parte dos encarnados, hoje, na Luz: “Na primeira deixámos o Benfica jogar por dentro e por fora, entrou facilmente no último terço. Nunca conseguimos pressionar alto. Foi um Benfica avassalador na primeira parte. Na segunda parte conseguimos pressionar mais alto, retificámos posições no meio-campo. Na primeira parte chegámos a ter os três médios na mesma zona. Subimos também a linha defensiva e conseguimos controlar a profundidade. Começámos a ser uma equipa melhor, mesmo sofrendo um golo logo após o intervalo”.
Ainda na Liga Europa ficaram a conhecer-se as restantes equipas que amanhã estarão no sorteio relativo às eliminatórias dos oitavos de final. Exceção feita à ronda entre Salzburgo e Eintracht Frankfurt já que devido à aproximação de uma tempestade o jogo foi adiado para amanhã. Acabaram então qualificados para os oitavos de final: Rangers, AS Roma, VfL Wolfsburgo, LASK, FC Basileia, Bayer Leverkusen, Istambul Basaksehir, Wolverhampton Wanderers, Getafe, Shakhtar, FC Copenhaga, Inter, Manchester United, Sevilha FC e Olympiacos que foi a Londres eliminar o Arsenal no prolongamento. O melhor mesmo é ver o quadro final dos 16-avos de final da competição. Destaque para mais um golo de Bruno Fernandes pelo Manchester United, ele que abriu caminho para a goleada do emblema inglês ao Club Brugge.
Foi ainda durante a madrugada que Jorge Jesus venceu mais um título ao derrotar em casa o Independiente del Valle por 3-0 em jogo referente à segunda mão da Recopa Sul-Americana, competição que coloca frente a frente o vencedor da Libertadores e o da Copa Sudamericana. Competição, portanto, semelhante à Supertaça Europeia no que às competições da UEFA diz respeito. Um título que engrandece o currículo de Jesus desde que chegou ao Brasil que agora conta com mais títulos do que derrotas em jogos.
Por cá, Filipe Moreira, antigo treinador do Vilafranquense e muitas vezes apelidado de sósia de Jorge Jesus foi hoje apresentado como novo treinador do Olhanense. Já o SC Braga anunciou a contratação do defesa central internacional português Rolando que chega aos arsenalistas como um jogador livre depois de se ter desvinculado com o Olympique Marselha ainda no verão. Rolando assinou até 2022. Amanhã será dia de Portimonense e Vitória FC darem início à jornada da liga portuguesa e os elogios foram feitos de parte a parte. Enquanto Paulo Sérgio assumiu que os seus jogadores estão preparados para uma dura batalha, Júlio Velázquez afirmou que o Portimonense tem qualidade para lutar por uma vaga na Liga Europa.