Estes não são momentos fáceis para os nostálgicos do futebol. Duas das grandes figuras do futebol nos anos 90 e 2000 ora deixaram este Mundo, ora atravessam momentos complicados na vida. Enquanto se soube, ontem, que Lorenzo Sanz, antigo presidente do Real Madrid e obreiro do primeiro grande Real Madrid da memória de muitos de nós faleceu devido ao coronavírus, Ronaldinho Gaúcho passou o quadragésimo aniversário na prisão.
Lorenzo Sanz faleceu assim aos 76 anos vítima do Covid-19, ele que enquanto presidente do Real Madrid colocou um ponto final num interregno de 32 anos sem uma conquista europeia do clube. Para tal levou para o Bernabéu uma verdadeira constelação de estrelas que serviu de base ao projeto galáctico de Florentino Pérez anos mais tarde. Esta é a história de Sanz, uma figura como já não se fazem no futebol atual.
Já sobre Ronaldinho Gaúcho é o cair em desgraça de um dos sorrisos mais bem conhecidos do futebol, como conta o Fernando Gamito. O astro brasileiro e antigo jogador de clubes como o PSG, o FC Barcelona ou o Milan está preso no Paraguai, e o melhor mesmo é recordar os momentos que apaixonaram os adeptos do futebol.
Drama é também o que se vai vivendo na Vila das Aves. Já há dias que é conhecido o contexto difícil em que muitos jogadores vão vivendo devido a salários em atraso, mas hoje Quentin Beaunardeau relatou aos microfones da RMC Sport os pormenores da situação em que vão subsistindo os jogadores do clube avense: “Há jogadores que dizem que não conseguem mais”.
“Vamos no terceiro mês sem receber. Não recebemos um único salário em 2020. Em fevereiro começámos a reclamar e dissemos que íamos marcar uma greve. No dia seguinte, um jornal escreveu que não tínhamos sido pagos por causa da pandemia de Covid-19. Tenho colegas de equipa que dizem que esta situação é impossível. Vão pedir à direção um adiantamento porque não conseguem mais. E mesmo assim, o clube não paga”, desabafou o guardião francês.
Situação que, segundo o clube, se deve ao Covid-19: “Dadas as declarações de vários jogadores do clube vindas a público nas últimas horas, por causa da situação de incumprimento salarial e das suas consequências na vida dos profissionais do clube, a SAD do CD Aves vem a público explicar, uma vez mais, que esta situação se deve ao facto da atividade económica da China ainda não ter sido retomada a cem por cento e de isso vir a impedir os seus responsáveis de fazer a gestão interna esperada, situação de que Portugal vem tomando noção nos últimos dias, com os constrangimentos impostos na vida dos portugueses por causa do Covid-19. Neste contexto de contágio galopante, acreditamos que nem as medidas entretanto tomadas pela Liga portuguesa cheguem a tempo para atenuar a situação. A toda a esta situação juntam-se os maus resultados da equipa, que também não têm ajudado a SAD do CD Aves, limitando-lhe as transferências na janela de inverno e impedindo-a de reforçar o plantel. Apesar deste contexto adverso, a SAD do CD Aves reforça a intenção de cumprir com as suas obrigações e de normalizar todas as situações o mais rapidamente possível”, pode ler-se no comunicado emitido pelo clube.
O Covid-19 continua a limitar e muito o Mundo futebolístico e financeiramente são cada vez mais os clubes com a corda na garganta. Depois do FC Sion ter despedido vários jogadores do plantel principal por estes se recusarem a se submeter a cortes salariais, bem como o Cork City ter assumido não ter dinheiro para pagar aos seus jogadores a partir da próxima semana, hoje, foi a vez do Anderlecht anunciar o despedimento da lenda do clube Pär Zetterberg devido aos constrangimentos financeiros.
“Estamos a dotar o clube dos melhores meios possíveis para fazer face às enormes perdas financeiras que estamos a registar pelo facto de o campeonato estar suspenso. Por essa razão, tivemos de dispensar Pär Zetterberg, que será sempre lembrado como um colosso deste clube”, anunciou o clube acerca do antigo internacional sueco, até hoje treinador adjunto no clube belga.
Altamente crítico das tentativas de retomar o futebol em Itália tem sido Massimo Cellino, controverso presidente do Brescia Calcio que surpreendentemente se mostra ser uma voz racional nestes momentos complicados: “Não podemos pensar quando vamos recomeçar, mas sim em sobreviver. Quando falamos de futebol, tudo deve ser adiado para a próxima temporada. Vamos ser realistas, porque este vírus é a peste. A vida está em primeiro lugar. Quer falar sobre o campeonato, a Serie A, o título? A época acabou! Se alguém quiser esse maldito scudetto, que o aceite. Fechado. Terminou. E não falo assim porque Brescia é a última na classificação. Somos os últimos porque merecemos […] Quero lá saber do campeonato! Se o Lotito [presidente da Lazio] quiser ficar com o título, que fique com ele. A vida está em primeiro lugar, sempre, a vida, f***-se. Há adeptos que levam oxigénio aos hospitais e há outros ainda que choram mortos, gente entubada… Só penso nos que vão morrer, não em quem vai perder o campeonato”.
Para Tarantini, médio capitão do Rio Ave, nada será igual depois do vírus e também Jorge Jesus decidiu deixar o Brasil e regressar a Portugal para estar com a família: “Estava à espera de uma decisão da administração, a estudar o plano de trabalho. Face ao adiamento do nosso regresso às atividades, quero ficar ao lado dos meus familiares neste momento difícil, de uma pandemia, que preocupa todos nós”, afirmou ao GloboEsporte depois de dois testes terem afastado o cenário de infeção no técnico português.
Quem não sai das bocas do Mundo é Luka Jovic, e não é pelos bons motivos. A protagonizar uma temporada aquém das expetativas, continua a acumular episódios extra futebol. Desta vez o antigo avançado do Benfica tem sido criticado por ter abortado os planos de contingência e quarentena obrigatória espanhóis para viajar para a Sérvia. Segundo o pai de Jovic, foi simplesmente um erro inocente.
“O Luka fez dois testes que deram negativo. Por isso é que decidiu vir para a Sérvia. Agora parece que é um grande criminoso. Se tiver de ir para a prisão, que vá. Estou totalmente de acordo com o presidente o primeiro-ministro, mas só se for culpado. Apoiaria essa decisão se tivesse feito algo de mal, mas chegou a Belgrado e meteu-se em casa. Sofia [namorada de Jovic] está grávida e não pode sair à rua. Publicaram fotos dos dois a divertirem-se, mas essas fotos são de Espanha. O Luka veio para a Sérvia para estar com a família. Sabíamos que vinha. Esteve sempre preparado para ajudar o seu país, economicamente ou de qualquer forma. Acho que as críticas foram excessivas. Há coisas que não se entendem. Dói-me ver o que se passou”, afirmou.
Já em entrevista ao jornal A Bola, João Félix admitiu acreditar na dobradinha do Benfica caso a temporada se venha a resumir: “Condições para o Benfica vencer o campeonato e a Taça? Claro que sim, sem dúvida. O Benfica tem um treinador competente, um treinador sempre atento a todos os detalhes, tem uma estrutura humana e condições de trabalho como poucos clubes no mundo têm, e tem ainda um plantel recheado de bons jogadores. O Benfica fez uma primeira volta excelente. Depois, como acontece a qualquer equipa, mesmo às melhores, o Benfica teve um período de menor produção, que se refletiu nos resultados. O importante é prosseguir o trajeto, continuar a acreditar na qualidade do trabalho que está a ser feito e tenho a certeza de que a rota do sucesso será reencontrada”.
Hoje foi dia de ex jogadores do Benfica concederam entrevistas aos jornais portugueses e, ao Record, Salvio explicou um pouco do porquê de ter saído da Luz: “A minha situação mudou quando apanhei a pubalgia e houve troca de treinadores. Renovei para ficar e acabar a minha carreira no Benfica. Não era o mesmo e deixei de sentir-me importante. Achava que ninguém treinava como eu e depois não jogava. Sempre fui um jogador importante no Benfica e custou-me muito aceitar não jogar”.
Para Salvio, o processo de saída do Benfica podia ter sido tratado de forma diferente: “Não sei se o Benfica queria vender-me, mas acho que devia ter sido um pouco mais valorizado. Sou um dos cinco tetracampeões da história do clube. Sempre dei a vida pelo Benfica e sempre fui muito grato a todos. Adoro o presidente, o Rui Costa… foram pessoas que sempre estiveram presentes e ouviram-me”.
É importante falar do CNS , muitos poucos clubes terão dinheiro para pagar aos jogadores com os campeonatos parados, se no profissional é difícil como estará a ser no futebol amador, a FPF tem de tomar uma decisão, e para mim seria anular este campeonato, não havendo subidas nem descidas.