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Um confronto histórico e filosófico

António Tadeia por António Tadeia
Outubro 24, 2020
12 min de leitura
Um confronto histórico e filosófico
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“El Clásico”, como lhe chamam os espanhóis, está marcado para este sábado e a globalização faz com que o jogo entre na agenda dos apreciadores de futebol um pouco por todo o Mundo. Este já não é o desafio de Ronaldo contra Messi, a dupla de génios que tantos seguidores agregou para a rivalidade e lhe deu um tom de debate filosófico. Nem o do confronto mais político entre o centralismo castelhano e a resistência catalã, que levou Figo para Madrid mas que começara com o desvio de Di Stefano para a capital ou as proezas de Cruijff no Bernabéu. Poucos clássicos mundiais terão um histórico tão equilibrado como este: são 244 jogos oficiais, com exatamente 96 vitórias para cada lado, e 52 empates. Isto, claro, se contarmos o primeiro de todos – o que não é pacífico. Se o ignorarmos, por considerar a prova como não oficial, a vantagem é madrilena.

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Esta coisa de ter diferentes visões acerca dos confrontos ou dos títulos das maiores equipas não é um exclusivo de Portugal. Em Espanha também sucede. Há quem contabilize os 3-1 com que o FC Barcelona se impôs ao Madrid FC, a 13 de maio de 1902, nas meias-finais da Copa da Coroação, a antecessora da Taça do Rei. E há quem prefira ignorar esse jogo, considerando que a estreia do confronto que apaixona os espanhóis se deu a 26 de Março de 1916, também com vitória dos catalães, mas por 2-1. Nos dois jogos ficou a marca das maiores figuras dos dois clubes. No primeiro, um dos golos do Barça foi marcado pelo suíço Joan Gamper, o mais importante dos fundadores do clube. No segundo desafio, pelo Madrid FC marcou Santiago Bernabéu, que a posteridade veio a identificar como o mais importante presidente da história do clube branco. Bernabéu foi também o primeiro jogador a completar um hat-trick neste duelo – o que sucederia na segunda mão das meias-finais dessa Taça do Rei de 1916, com vitória madridista por 4-1.

A diferença de golos ainda não era considerada como fator de desempate na história antiga do futebol, o que permitiu mais dois jogos antes de os madridistas se apurarem para a final dessa competição, na qual se inclinariam face ao maior poderio do Athletic Bilbau: um empate a seis golos e uma vitória branca por 4-2. Sempre em Madrid e num período de semana e meia. Só que, se não há fome que não dê em fartura, também o contrário pode dizer-se e, uma vez que a Liga espanhola só conheceu o seu início em 1928, as duas maiores equipas do futebol espanhol de hoje passaram depois uma década sem se defrontarem. Aconteceu nos quartos de final da Taça do Rei de 1926, com dupla vitória catalã e seis golos – um póquer e um bis – de outra grande figura da história blaugrana, o avançado Josep Samitier, conhecido como “o Surrealista” pela forma imaginativa como desenhava as suas jogadas e que terá sido o primeiro grande craque identificado com um dos clubes a vestir a camisola do outro, quando em 1932 se mudou do FC Barcelona para o Madrid FC. É certo que por lá encontrou o guarda-redes Ricardo Zamora, que também tinha defendido a baliza dos blaugrana, mas cujo auge fora na outra equipa catalã, o Espanyol.

Antes disso, a 17 de Fevereiro de 1929, realizou-se o primeiro jogo entre estas equipas a contar para a Liga espanhola. Ganhou o Real Madrid, por 2-1, no Camp des Corts, ali perto do local onde hoje funciona a escola de La Masía. Os catalães, no entanto, foram depois ganhar por 1-0 em Chamartín, na segunda volta e acabaram por tornar-se os primeiros campeões da Liga espanhola, beneficiando da derrota madridista em Bilbau, na última jornada. E sim, leram bem: o clube da capital já se chamava Real Madrid. Veio a deixar cair o nome de cariz mais monárquico com a abdicação de Afonso XIII e a instituição da segunda república espanhola, em 1931, para ressurgir como Madrid CF – e isso durou até à adoção definitiva do nome Real Madrid, em 1940, numa altura em que, não havendo rei, Franco tolerava esses desvarios. O poderio basco no futebol espanhol desta altura, no entanto, fez com que ainda demorasse o primeiro clássico a valer um título. O mais próximo que se esteve disso foi a 3 de Abril de 1932, quando os dois clubes se encontraram em Barcelona, na última jornada da Liga. Os madridistas precisavam de pontuar para garantir o título, pois tinham o Athletic Bilbau a dois pontos e pior diferença de golos. O jogo deu empate (2-2) e o Madrid CF garantiu o seu primeiro troféu de campeão da Liga – o que conseguiria de qualquer modo, pois os bascos acabaram por perder fora com o Racing Santander.

Vieram depois tempos conturbados, tempos de Guerra Civil, com Madrid do lado das tropas franquistas e Barcelona a lutar pelos republicanos. A Taça, que tinha sido da Coroação e que depois assumiu o nome do Rei Afonso XIII, passou em 1932 a chamar-se Taça do Presidente da República. Em Junho de 1936 foi para esta prova que se jogou a primeira final entre Madrid CF e FC Barcelona. O desafio decorreu em Valência e o Madrid CF ganhou por 2-1. Foi o último jogo de futebol oficial antes da interrupção das competições, que durou até Dezembro de 1939, data em que regressou a Liga. Os dois clubes estavam longe do poderio de hoje: nesse primeiro campeonato após o recomeço, o Madrid CF foi quarto e o FC Barcelona décimo. Mas o período anda nos deixou jogos históricos, como os 5-5 em Barcelona, a contar para a Liga, em Janeiro de 1943, ou os 11-1 com que o Real Madrid se impôs nas meias-finais da Taça do Generalíssimo – assim passou a chamar-se a segunda prova do futebol espanhol – em Junho do mesmo ano. Mesmo com a suspeita de que os jogadores catalães tinham sido ameaçados fisicamente antes desse jogo, o que é factual é que essa é ainda a maior goleada da história de um clássico que teve a sua dose de resultados robustos: rapidamente se viram os 6-1 do Real Madrid, em jogo a contar para a Liga, em Setembro de 1949, ou os 7-2 do FC Barcelona comandado por Daucik (que viria a ser treinador do FC Porto uma década mais tarde), também para a Liga, um ano volvido. As “manitas”, forma utilizada pelos espanhóis para descrever goleadas com cinco golos, nunca saíram de moda neste clássico, aliás, e serviram para celebrizar os grandes jogadores que por eles passaram.

Exemplo primeiro? Alfredo Di Stefano. A “Seta Loira”, como ficou conhecido o atacante que para muitos foi o melhor jogador da história do Real Madrid, chegou à Europa em 1953, já com 27 anos. Tinha brilhado no River Plate, da Argentina, mas também no Millionarios, da Colômbia, onde existia uma espécie de Liga pirata, para onde se transferiam os craques das melhores equipas sul-americanas sem pagamento de transferências. O caso chegou à FIFA e, em 1951, motivou um acordo: no prazo máximo de dois anos, todos os jogadores voltariam aos seus clubes de origem. Só que entretanto a super-equipa do Millionarios exibira-se em grande durante uma digressão europeia e Di Stefano chamou a atenção de grandes clubes. Em 1953, despertado pelo bis do argentino num jogo com o Real Madrid, em Chamartín, o FC Barcelona anunciou um acordo com o River Plate para o receber. Ao mesmo tempo, o Real Madrid negociava com o Millionarios e também anunciou a sua contratação. O problema era real e necessitava de uma solução política. Foi o que achou o Ministro do desporto espanhol, o general Moscardó, antigo companheiro de armas de Francisco Franco que até já tinha visto a sua lealdade recompensada com o cargo de selecionador espanhol de futebol, e que propôs uma solução salomónica: durante quatro anos, Di Stefano jogaria alternadamente uma época no Real e outra no Barça. Convictos da sua razão, os catalães recusaram. E Di Stefano rumou mesmo ao Real Madrid. E no primeiro clássico que jogou, em Outubro de 1953, contribuiu com dois golos para a vitória madridista por 5-0.

Do outro lado estava Laszlo Kubala, vedeta húngara do FC Barcelona, grande amigo de Di Stefano e estrela de várias goleadas também, como os 5-1 que o Barça impôs aos merengues em Fevereiro de 1954 ou os 6-1 nos quartos-de-final da Taça do Generalíssimo, em Maio de 1957. Aquele era, no entanto, um super-Real Madrid. A Di Stefano seguiram-se vedetas como Puskás, a dar dimensão europeia ao clube. Quando chegou a Taça dos Campeões Europeus, em 1955/56, os madridistas foram os primeiros campeões continentais. Ganharam mesmo cinco finais seguidas, sempre com Di Stefano entre os marcadores. No último ano (1959/60) aconteceu o primeiro confronto europeu entre Real Madrid e FC Barcelona. O Real era tetra-campeão europeu e jogava a Taça dos Campeões nessa qualidade, mas o Barça tinha sido campeão espanhol. A 21 de Abril de 1960, na primeira mão das meias-finais, Di Stefano bisou e Puskás fez o outro golo de uma vitória madridista por 3-1. Seis dias depois, no Camp Nou, repetiu-se o resultado, então com bis de Puskás e um golo de Gento. O Real Madrid ganhava o direito a defrontar o Eintracht Frankfurt na final de Glasgow – o que fez com uma brilhante vitória por 7-3, conquistando o quinto e último título continental consecutivo. Seguir-se-ia o período de domínio do Benfica, que ganhou as finais de 1961 e 1962. Mas não deixa de ser curioso que a passagem de testemunho tenha sido feita através do Barça, que eliminou o Real Madrid na primeira ronda de 1960/61 (2-2 em Madrid e 2-1 na Catalunha) antes de perder a final com os portugueses. Que, curiosamente, repetiriam a façanha no ano seguinte, mas desta vez numa final frente ao Real Madrid.

O período que se seguiu foi de superioridade madridista. Depois de perder os campeonatos de 1959 e 1960, o Real ganhou oito dos dez títulos seguintes, perdendo apenas dois para o Atlético Madrid. O FC Barcelona passou 13 anos sem ser campeão até ser despertado desse torpor por outro craque gigantesco: Johan Cruijff. O holandês chegou ao Barça após inspirar o Ajax a ganhar três Taças dos Campeões Europeus consecutivas, tendo-se estreado a 28 de Outubro de 1973, à oitava jornada da Liga, três semanas depois do empate a zero com o Real em Camp Nou. Encontrou a equipa em 14º lugar, com seis pontos em sete jornadas. Mas quando, a 17 de Fevereiro de 1974, a liderou na deslocação ao Santiago Bernabéu, já o FC Barcelona liderava, com seis pontos de avanço dos segundos, que eram o Málaga CF e o Real Saragoça. O Real Madrid seguia em sétimo, a nove pontos de distância. E o que se viu em Madrid foi um recital: 5-0 para os catalães, que nesse dia anunciaram ao Mundo que iam ser mesmo campeões de Espanha. E foram, mas a coisa não durou muito. O Real Madrid voltou ao topo, ganhou cinco dos seis campeonatos seguintes – só perdeu o de 1977 para o Atlético – e Cruijff saiu para os Estados Unidos em 1978. E, com exceção da Liga de 1984/85, em que, comandado por Bernd Schuster, o FC Barcelona de Terry Venables se impôs a um Real Madrid que novo período de hegemonia basca deixara sem referências, os catalães só voltaram a ser campeões em 1991, já com Cruijff como treinador. Nem Maradona teve influência neste ocaso: mesmo tendo ganho quatro dos seus seis clássicos, entre 1982 e 1984, marcando golos em quatro deles, o argentino só ganhou uma Taça do Rei, batendo os madridistas na final, em Saragoça, a 4 de Junho de 1983, e uma Taça da Liga, também contra o Real Madrid, no mesmo mês.

É posterior a reconciliação dos portugueses com o clássico espanhol. Se durante a segunda metade da década de 70 houve vários jogadores lusos na Liga vizinha, eles nunca chegaram a clubes tão poderosos. Seguiu-se um período em que por cá pouco se falava do campeonato de Espanha ou que se falava sobretudo do que conseguia Futre depois de se transferir para o Atlético Madrid, em 1987. Mas em 1995, com a chegada de Figo ao FC Barcelona e os jogos a passarem em direto na nossa TV, este passou a ser um ponto obrigatório para os adeptos de futebol em Portugal. Figo jogou o primeiro clássico em 30 de Setembro de 1995, empatando a um golo no Santiago Bernabéu. Esteve depois nos 3-0 (e até fez um golo) da segunda volta, em Camp Nou, mas o campeonato desse ano acabou por sorrir ao utilitário Atlético Madrid de Antic. E em Dezembro de 1996, já com Bobby Robson em vez de Cruijff no banco catalão (e José Mourinho no papel de adjunto-tradutor), mais portugueses chegaram ao clássico: Baía fez o primeiro na derrota por 2-0 em Madrid, Fernando Couto imitou-o no empate a um golo também no Santiago Bernabéu. O Real Madrid foi campeão espanhol em 1997, mas o FC Barcelona dos portugueses impôs-se na Taça do Rei e ganhou as Ligas de 1998 e 1999. Já não venceu a de 2000 – com Simão no plantel – e aí deu-se o escândalo. Figo rescindiu o contrato com o Barça para assinar pelo Real Madrid.

As trocas entre clubes voltaram por essa altura a estar na moda. Schuster mudara-se do FC Barcelona para o Real Madrid em 1988, exercendo grande influência na reconquista do título de campeão em 1988/89. Milla imitou-o em 1990 e Nano repetiu o percurso em 1992. 1994 foi ano de trocas: os catalães contrataram Lopetegui ao Logroñés e Hagi ao Brescia (ambos tinham sido madridistas), mas o Real Madrid deu um golpe bem maior ao assegurar a assinatura de Michael Laudrup em Camp Nou. O dinamarquês foi uma das figuras da vitória do Real na Liga de 1994/95. Do outro lado, as respostas eram mais tímidas: em 1995, Soler, ex-blaugrana, seguiu do Sevilha FC para o Real Madrid e Prosinecki, ex-madridista, passou do Oviedo CF para o FC Barcelona. Mais sonora foi a passagem de Luis Enrique do Real Madrid para oFC Barcelona em 1996. Mas ninguém estava preparado para o que a política desportiva de Florentino Pérez iria trazer ao clima de El Clásico. A ideia de um Real Madrid galáctico teve início na contratação de Figo, que a 1 de Julho de 2000 depositou os 60 milhões de euros da sua cláusula de rescisão na Liga espanhola e se mudou do FC Barcelona para o Real Madrid. A 21 de Outubro de 2000, Figo jogou pela primeira vez em Camp Nou como adversário e perdeu por 2-0, com os golos catalães a serem marcados pelo ex-madridista Luís Enrique e pelo português Simão Sabrosa. Figo marcou pela primeira vez ao seu anterior clube a 4 de Novembro de 2001, naquela que foi também a sua primeira vitória (2-0), mas tanto quanto isso recordar-se-á das receções de que era alvo sempre que ia jogar à Catalunha: uma vez, até uma cabeça de porco lhe mandaram, quando ele se preparava para bater um pontapé de canto.

As trocas entre clubes caíram em desuso depois disso. Ainda houve Ronaldo, o brasileiro, que chegou ao Real Madrid, via Inter de Milão, em 2002. Alfonso, Eto’o e Saviola completaram o lote, tendo o argentino sido o último a mudar de clube, quando em 2007 trocou o Barça pelo Real Madrid. Nessa altura, já os blaugrana eram conduzidos por outro argentino: Messi. Leo jogou o primeiro clássico em 19 de Novembro de 2005, fazendo uma assistência para Eto’o nos 3-0 com que o Barça se impôs em Madrid e vendo Ronaldinho marcar os outros dois golos. O primeiro golo no clássico marcou-o a 10 de Março de 2007 e foi logo um hat-trick, a valer um empate caseiro (3-3) de uma equipa do FC Barcelona cedo reduzida a dez antes do intervalo, por expulsão de Oleguer. Foi o primeiro hat-trick de Messi com a camisola azul-grená, prenúncio de um histórico que faz dele, aos dias de hoje, o melhor marcador deste confronto: fez, ao todo, 28 golos pelo Barça ao Real Madrid, mais 12 que Di Stefano e que… um certo Cristiano Ronaldo. Ronaldo chegou mais tarde a este clássico: fez a estreia com uma derrota por 1-0 em Barcelona, a 29 de Novembro de 2009, mas na verdade já tinha tido Messi pela frente nas meias-finais da Liga dos Campeões de 2007/08, que jogou pelo Manchester United: 0-0 em Camp Nou, com um penalti falhado por Ronaldo logo aos 3’, e vitória por 1-0 em Old Trafford, graças a um golo de Scholes, e na final da Liga dos Campeões de 2009, então com sucesso culé em Roma (2-0, golos de Eto’o e Messi).

O confronto Messi-Ronaldo pontuou também muito a história dos últimos anos de El Clásico. Por estes tempos, mais do que a luta do centralismo de Madrid contra a independência da Catalunha, os jogos entre Real Madrid e FC Barcelona eram o confronto do futebol direto que era apanágio das várias equipas do Real Madrid com o jogo baseado no “tiki-taka” que ia celebrizando o FC Barcelona. E isso não mudou com as saídas de José Mourinho de Madrid, em 2013, nem sequer de Ronaldo, em 2018. Ainda hoje, El Clásico é muito a luta do jogo coletivo contra a inspiração individual. E nenhum dos lados pode garantir que sai a rir para contar a história. O Real Madrid ganhou o último (2-0 em casa, para a Liga, a 1 de Março de 2020), mas antes disso levava três sem fazer sequer um golo, incluindo dois sucessos catalães no Santiago Bernabéu (3-0 para a Taça e 1-0 para a Liga, separados por cinco dias entre Fevereiro e Março de 2019). As últimas goleadas, no entanto, foi o FC Barcelona que as deu, ambas na Liga: 5-1 em casa em Outubro de 2018, com hat-trick de Suárez, e 4-0 fora em Novembro de 2015. Neste sábado se escreverá um novo capítulo.

Texto originalmente escrito para a Betano Portugal.

Tags: Cristiano RonaldoDi StefanoFC BarcelonaJoan GamperJohann CruijffLiga EspanholaLuís FigoMessiReal MadridSamitierSantiago Bernabéu
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Isenção em vez de parcialidade. Escrutínio em vez de cumplicidade. Rigor em vez de ligeireza. Jornalismo sobre futebol. Futebol de verdade.

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