Os últimos jogos de pré-temporada de Benfica, FC Porto e Sporting antes do início da época competitiva deixaram a sensação de que se há uma equipa a ganhar vantagem na bolsa de favoritismo para a Liga é precisamente o campeão nacional. Não tanto pela possibilidade real de vitória na International Champions Cup – só o Manchester United pode impedi-lo, se bater o Milan por pelo menos três golos de diferença no próximo fim-de-semana –, mas porque se tem mostrado sempre uma equipa mais sólida, com o onze mais entrosado e com alternativas mais válidas.
É verdade que o Benfica entraria sempre em vantagem psicológica, quanto mais não seja por ser o campeão nacional. Mas essa vantagem ganhou outros contornos assim que se percebeu que a saída de João Félix não teve tão grandes reflexos na produção da equipa como nos cofres da SAD – sinal da existência de um coletivo bem trabalhado. Se houve trabalho que Bruno Lage levou a bom porto foi a evolução dos processos, tanto defensivo como ofensivo, para que a equipa tenha deixado de depender tanto das suas unidades de maior rendimento, como dependia até há uns tempos daquilo que produziam Jonas ou Pizzi, por exemplo. Este é um Benfica que é mais equipa, onde a inserção de unidades menos rotinadas não se nota assim tanto, como se viu com as entradas de Fejsa ou Taarabt na partida de ontem, uma vez que se presume que De Tomás e Florentino (ou até Samaris) entrem já na Supertaça, contra o Sporting.
Depois, ainda que a equipa esteja longe de ter os processos defensivos totalmente afinados – falta que a segunda linha acompanhe melhor a primeira zona de pressão – parece dominar bem as nuances que a levam do 4x4x2 com Seferovic e De Tomás na frente ao 4x2x3x1 com um avançado apenas e um homem entre linhas, que pode ser Taarabt, Chiquinho ou Jota. Os dois pontas-de-lança caminham para se entender melhor à medida que vão somando minutos em conjunto, o suíço mais em busca da profundidade e do ataque ao primeiro poste em momentos de cruzamento, o espanhol mais na área e, mesmo que sem baixar tanto em apoio como faziam João Félix ou Jonas, sendo capaz de receber entre linhas. E para quase todas as posições aparecem alternativas pelo menos credíveis: Carlos Vinicius para os dois da frente; os três citados acima caso Lage queira mudar a lógica do ataque para 1+1; Caio, Cervi e até Zivkovic para as alas do ataque; Fejsa e Samaris para o meio-campo; Jardel para o centro da defesa.
Ficam por resolver sobretudo problemas que têm a ver com qualidade individual. Depois do que defendeu ontem, custa olhar para Vlachodimos como um problema, mas a falta de um concorrente à altura para a baliza, bem como a ausência de alternativas com provas dadas para as duas laterais da defesa – Nuno Tavares promete à esquerda mas pode ser um caso a resolver se tiver de ser titular em vez de André Almeida à direita – são as questões a atacar pela SAD até ao final deste mercado. Porque, além do mais, ao contrário de FC Porto e Sporting, o Benfica parece ser também o candidato ao título com as questões de mercado mais resolvidas. E essa estabilidade que se anuncia também é um argumento.