A maior parte das esperanças benfiquistas no clássico de sábado apontam para Pizzi, o médio criativo que se apresenta em grande forma neste início de época. O transmontano marcou e assistiu em todos os jogos do Benfica desde que começou a temporada, assinando um “triplo-duplo” absolutamente inédito no clube na década em curso. Salvio, Jonas, Gaitán e Saviola quase o obtiveram, mas ninguém resistiu ao teste do terceiro jogo – para Pizzi, o FC Porto, à quarta partida, é um novo desafio.
O arranque de época perfeito de Pizzi começou na Supertaça, nos 5-0 ao Sporting, partida na qual não só marcou por duas vezes como assistiu Rafa para a abertura do marcador. Depois, na primeira jornada da Liga, face ao FC Paços de Ferreira, a equipa repetiu a dose e o médio também: voltou a marcar duas vezes e assistir uma, mais uma vez no importante primeiro golo do jogo, desta vez obtido pelo lateral Nuno Tavares. Por fim, quando o Benfica venceu a Belenenses SAD por 2-0, Pizzi fez o segundo golo, mas antes tinha entregue a Rafa a bola com que ele inaugurara o placar. A importância do médio é tal que o passe para o primeiro golo do Benfica nos três jogos desta época saiu sempre dos pés dele.
O que é extraordinário é que nenhum jogador do Benfica conseguira atingir este “duplo” em três jogos consecutivos na última década. Houve quem tenha estado perto, mas falhado sempre no teste do terceiro jogo, que Pizzi passou mesmo em cima do apito final, com um golo aos 90+2’. O último a ter ficado perto foi o argentino Salvio, há pouco menos de um ano. Tudo começou em Salónica, a 29 de Agosto, no play-off da Liga dos Campeões: Salvio marcou duas grandes penalidades que na altura adiantaram o Benfica do 1-1 para o 3-1, tendo o jogo depois acabado em 4-1, mas sem nenhum passe decisivo do extremo: os outros dois golos nasceram de assistências de Pizzi e Cervi. Depois disso, a 2 de Setembro, o argentino começou por assistir Seferovic, para o 1-0 no Funchal, frente ao Nacional, aproveitando pouco depois um passe do suíço para fazer o segundo de um jogo que terminou com 4-0 para as águias. Por fim, a 15 de Setembro, em desafio da Taça da Liga, com o Rio Ave, Salvio abriu as hostilidades, aos 21’, de penalti, assistindo depois Rafa para o segundo de um jogo que o Benfica venceu por 2-1. Seguiu-se a receção ao Bayern de Munique, para a Liga dos Campeões, mas nela Salvio não deixou registos, pois os encarnados perderam por 2-0.
Antes de Salvio, quem tinha estado mais perto desta proeza tinham sido Jonas e Gaitán, que no entanto se ficaram por um “duplo-duplo”, no encerramento da época de 2015/16. A 15 de Maio de 2016, nos 4-1 ao Nacional que serviram para festejar a conquista da Liga, Jonas fez um golo e uma assistência (para Pizzi), tendo Gaitán marcado por duas vezes e feito uma assistência (para Jonas). Antes do final da época ainda se jogou a final da Taça da Liga, face ao Marítimo. O Benfica venceu por claros 6-2, com um golo e uma assistência (para Gaitán) de Jonas e também um golo e uma assistência (para Mitroglou) de Gaitán. Antes destes dois jogos, porém, Gaitán nem defrontou o Marítimo para a Liga (no Funchal), com vitória do Benfica por 2-0. Jonas esteve em campo até aos 79’, altura em que, face à inferioridade numérica da sua equipa, deu o lugar a Samaris. Os golos foram marcados por Mitroglou (na sequência de um mau passe do maritimista Alex Soares) e Talisca (de livre direto), pelo que a série dos dois não podia ter começado aqui. E também não pôde ser completada na primeira partida da época seguinte, a Supertaça, na qual o Benfica venceu o SC Braga por 3-0: Gaitán não jogou, Jonas até marcou, mas não assistiu.
Grande especialista em “duplos” era Saviola, que em 2009/10 assinou oito, na fulgurante campanha que levou o Benfica à reconquista do título. Nunca conseguiu, contudo, três seguidos. E esteve bem perto, em duas ocasiões. A primeira foi logo em Outubro de 2009, quando assistiu Carlos Martins para o segundo golo de uma vitória (por 3-1) em Paços de Ferreira, mas não fez nesse jogo nenhum golo. Foi o que lhe faltou, pois nos dois desafios seguintes fez um “duplo-duplo”. A 17 de Outubro, na goleada (6-0) frente ao GDR Monsanto, em Torres Novas, para a Taça de Portugal, até jogou apenas 28 minutos, mas ainda foi a tempo de marcar um golo e de assistir Coentrão para outro. Cinco dias depois, no jogo em casa com o Everton, para a Liga Europa, que o Benfica venceu por 5-0, já foi titular. Marcou o primeiro e o quinto golos e assistiu Cardozo para o segundo, abrindo o apetite para o jogo seguinte. Nesse, contra o Nacional, na Luz, a 26 de Outubro, o Benfica voltou a golear (6-1), Saviola voltou a bisar, mas não fez nenhuma assistência.
Esta nem foi a última vez que Saviola esteve perto do “triplo-duplo”. Voltou a estar à beira de o conseguir em Dezembro de 2009 quando, após um empate a zero com o Sporting, em Alvalade, fez um golo e uma assistência (para Coentrão) na vitória por 2-1 frente ao Bate Borisov, na Bielorrússia, juntando-lhe depois mais um golo e uma assistência (para Cardozo) nos 4-0 à Académica, para o campeonato. Seguiu-se a viagem até Olhão, para defrontar o Olhanense, e Saviola até marcou o golo do empate do Benfica, aos 29’, mas não conseguiu depois juntar-lhe nenhuma assistência, numa partida que os encarnados empataram a duas bolas.