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Técnica e genética: a ascensão da Noruega a máquina perfeita

João Pedro Cordeiro por João Pedro Cordeiro
Março 25, 2020
16 min de leitura
Ascensão Noruega Máquina Perfeita
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A travessia no deser… fiorde, digo, foi longa. Há muito que a Noruega não vivia um momento futebolístico como este. Se calhar, nem mesmo quando nos anos 90 do século XX ocupou por breves meses o top-5 do ranking FIFA. Nessa altura, durante dois anos, a Noruega foi uma das dez melhores seleções do Mundo. Tempos diferentes. Agora, aliando a ciência desportiva à genética e à técnica futebolística, fruto de uma mudança de mentalidade no desporto do país, o futuro é risonho e o teto não tem limites. Tal como não o têm Erling Haaland ou Martin Ödegaard.

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Técnica e genética. Eis a base da ascensão da Noruega ao lugar de uma das mais promissoras seleções mundiais. Ao ritmo a que vai revelando jovens de potencial infinito vai também criando uma máquina futebolística perfeita. Como se de ciência se tratasse e a fórmula certa para o desportista sem falhas, para o futebolista perfeito e intocável, tivesse sido encontrada. Qual manipulação genética laboratorial. Basta ter Haaland como exemplo. Uma força da natureza do ponto de vista físico e um futebolista dotado de recursos técnicos inesgotáveis. Um super futebolista, no fundo.

Mas esta não é a história de Haaland. Essa já a contámos. Em 2019 a Noruega viveu um momento como há muito não experimentava. Instalada no 88º lugar do ranking FIFA em julho de 2017, a seleção tem beneficiado do crescimento futebolístico do país que, desde então, tem sido notável. Tanto, que em 2019 a seleção viking registou o seu melhor rácio de vitórias da história, um que nem as grandes seleções dos anos 90 conseguiram. Pela mão do sueco Lars Lagerback, foram quatro vitórias, cinco empates e apenas uma derrota nos dez jogos disputados. A única derrota, diga-se, ao primeiro jogo de 2019, em Valência, perante a Espanha.

Estes resultados permitiram à Noruega terminar a fase de qualificação para o Europeu de 2020, entretanto adiado, na terceira posição do Grupo F, somente atrás de Espanha e Suécia e, por isso, qualificar-se para o play-off de apuramento para a fase final da grande competição de seleções da UEFA. Na segunda mais importante, a Noruega também deu cartas, ao vencer o Grupo 3 da terceira divisão da Liga das Nações, com 13 pontos, mais dois do que a Bulgária, fruto de quatro vitórias, um empate e uma derrota nos seis jogos da competição.

Em dois anos, a Noruega perdeu apenas dois jogos. Um com a Espanha e outro com a Bulgária. Ambos fora. Ambos pela margem mínima. Em 2018, a Noruega venceu ainda os quatro jogos amigáveis que disputou. E o reflexo dos bons resultados está espelhado no ranking que hierarquiza as federações mundiais. Em dois anos e poucos meses, a Noruega saltou da 88ª posição para a 44ª que atualmente ocupa. Sim, quarenta lugares abaixo da posição que registava em 1993, mas registando uma melhoria significativa no historial recente do país e após ter batido no fundo futebolisticamente.

A explicação não é somente científica. Será, talvez mais do que isso, psicológica, mental e cultural: “Sempre tive a teoria de que os relvados artificiais levaram à produção de jogadores tecnicamente mais evoluídos, mas falei com alguns dos maiores talentos da atualidade, como o Kristian Thorstvedt, que agora está no KRC Genk, e ele, por exemplo, sugeriu que até mais do que isso foi uma mudança de mentalidade que ocorreu no país. Não só nos clubes, mas principalmente nos jogadores que agora procuram ter sucesso no futebol e estão mais determinados a consegui-lo”, explica-nos Ben Wells, analista inglês no Football Radar e especializado em futebol norueguês, ao qual dedica um podcast semanal desde há vários meses, intitulado Reverse Nisselue.

A teoria hereditária: os filhos e sobrinhos das primeiras lendas

O Mundial Sub-20 de 2019 não deixou grandes memórias aos noruegueses. Num falhanço mais tático do que técnico – dado o potencial demonstrado por grande parte daqueles jogadores noutros contextos -, a seleção nórdica não conseguiu ultrapassar a fase de grupos, onde enfrentou Nova Zelândia, Uruguai e Honduras. Se frente à seleção da Oceania e ao Uruguai a Noruega não foi além de duas derrotas, frente às Honduras os vikings deram uma mostra de todo o seu potencial.

Com uma vitória por 12-0 sobre as Honduras, a Noruega bateu todos os recordes possíveis da competição. Haaland já chegava à Polónia bem referenciado, mas os nove golos apontados num só jogo frente às Honduras colocaram-no definitivamente entre as maiores promessas do futebol mundial. O que se seguiu, quer em Salzburgo, mas principalmente em Dortmund, apenas confirmou as boas indicações que ele já havia deixado no Molde: as de um avançado completo praticamente sem qualquer ponto fraco.

Na Noruega que não passou a fase de grupos do Mundial Sub-20 de 2019 estavam sobrenomes bem conhecidos. Haaland, desde logo. Mas o seguidor mais atento também terá registado um Bohinen ou um Thorstvedt. Os mesmos sobrenomes presentes em três jogadores que, em 1994, representaram a Noruega no Mundial disputado nos Estados Unidos da América. Afinal, Erling Haaland é filho de Stig Inge Haaland; Emil Bohinen é filho de Lars Bohinen e Kristian Thorstvedt é também filho de Erik Thorstvedt, que nos anos 90 defendeu a baliza de gigantes como o Borussia Mönchengladbach ou o Tottenham.

Tudo o que os miúdos noruegueses precisavam para que o futebol se tornasse fenómeno nacional e desporto universal eram alguns heróis e ainda que os feitos conseguidos pela equipa norueguesa nos Mundiais de 1994 e 1998, além do Europeu de 2000, não tenham sido particularmente relevantes em termos desportivos, em matéria de influência, a importância dessas participações é impagável – muitos foram também os jogadores noruegueses contratados por equipas inglesas, o que dada a popularidade das mesmas nos países nórdicos certamente ajudou a massificar o interesse pelo jogo. Pela primeira vez, os miúdos noruegueses quiseram passar a jogar futebol e, muitos deles, tinham em casa os exemplos a seguir.

Haaland, Bohinen e Thorstvedt não foram os únicos descendentes de antigos futebolistas, mais ou menos profissionais, a chegar também eles ao futebol de mais alto nível. Stale Solbakken, antigo médio do Wimbledon FC e 58 vezes internacional pela Noruega, tem em Markus Solbakken um descendente prodigioso. Thomas Rekdal, a dar os primeiros passos no Mainz 05, é sobrinho de Kjetil Rekdal (87 vezes internacional), e até Martin Odegaard teve no pai, Hans Erik Odegaard, um antigo jogador de primeira divisão norueguesa, então no Stromgodset. De lá para cá, porém, a diferença em termos de perfil é clara.

Mas será esta geração melhor do que aquela que nos 90 ombreou com seleções como a Alemanha ou o Brasil? “É difícil comparar neste momento já que jogadores como Haaland, Odegaard e Berge (de alguma forma) ainda estão numa fase muito inicial das suas carreiras internacionais. Não tenho dúvidas de que esta geração é a mais talentosa que a Noruega alguma vez produziu de uma vez só, mas se isso terá repercussão no plano internacional, só o tempo dirá. Do ponto de vista ofensivo, pelo menos, há um talento extraordinário em qualquer posição que seja, mas também é preciso começarem a surgir mais talento no prisma defensivo”, diz-nos Ben Wells.

A Noruega que venceu o Brasil por 2-1 no Mundial de 1998

Egil Olsen, o revolucionário que mudou para sempre o futebol norueguês

A importância da geração 90 para o futebol norueguês vai muito além de “simples” questões de influência e um nome, em particular, foi especialmente fulcral para que a Noruega chegasse até aqui: Egil Olsen. Ele próprio antigo internacional norueguês, foi pela mão do “Professor” que o país participou nos campeonatos do Mundo que contam no palmarés da federação nórdica.

Levado pela corrente do conhecimento científico e da evolução da ciência desportiva, Egil Olsen foi o principal precursor da análise vídeo e estatística no futebol norueguês o que, como se percebe, lhe valeu a alcunha já referida. Na sua época, Olsen recolheu data e estatística para perceber que formações e estilos de jogo mais se adequavam aos jogadores à sua disposição concluindo que a Noruega não tinha a qualidade técnica necessária para se bater com as melhores seleções do Mundo. Era preciso ser mais inteligente e encontrar um modelo que se adequasse verdadeiramente à mão-de-obra ao seu dispor.

Pela mão de Egil Olsen, a Noruega tornou-se então uma máquina de futebol físico que contrastava com a cada vez maior importância da tática e técnica do jogo. Olsen acreditava que só com uma grande capacidade de contra-atacar era possível surpreender adversários de maior valia, tendo-se tornada “lendária” a sua aposta no gigante Jorstein Flo como extremo de forma a servir como jogador-alvo em terrenos laterais ganhando clara vantagem na estatura física perante os laterais adversários e, com isso, capacidade para reter a bola em zonas altas do terreno, encontrando ali um ponto de desequilíbrio. Uma aposta que ainda em 2018 se viu a Bélgica utilizar, perante o Brasil, com Roberto Martínez a puxar Lukaku para a ala explorando a vantagem física do avançado. Determinante para o triunfo por 2-1 da seleção europeia.

Graças e Egil Olsen e a sua filosofia “å være best uten ball”, “ser os melhores no momento sem bola”, os futebolistas noruegueses ganharam a fama de máquinas físicas. Futebolistas sobredotados do ponto de vista físico e com a reputação de correrem mais, mais rápido e durante mais tempo do que os adversários. Algo que a própria genética dos povos da zona favorecia. Øyvind Leonhardsen, antigo médio de Liverpool FC, Tottenham ou Aston Villa foi provavelmente o melhor exemplo e a personificação de tal filosofia.

Olsen mudou para sempre a mentalidade do futebol norueguês. Introduziu a marcação à zona no país e aos poucos a marcação homem a homem perdeu seguidores. Tal como o uso de avançados estáticos, os pinheiros de área. Olsen defendia que as corridas e os sprints ofensivos eram essenciais para desmontar os blocos adversários e encorajava-as/os. A forma de atacar mudara. Deixou de se procurar tanto o homem, para se procurar mais o espaço, principalmente, nas costas da defensiva contrária. Continuava a explorar a bola longa e a verticalidade do jogo direto, mas de outra forma. Outra menos aleatória. A metodologia analítica chegava, assim, ao futebol norueguês.

A vitória épica da primeira geração de ouro da Noruega, sobre o Brasil, imortalizada no mini documentário da FIFA

A explicação técnica: a evolução aliou-se à genética para criar uma simbiose perfeita

Se os holandeses mostraram que/como era possível fazê-lo no meio da lama e longe dos relvados perfeitos da contemporaneidade, para países como a Noruega a evolução técnica dos jogadores só se deu com os avanços tecnológicos que permitiram a massificação dos relvados sintéticos, dos campos artificiais e das superfícies que aguentavam um uso intensivo durante os 12 meses do ano. Por fim, não era mais necessário tirar a bola do chão para se jogar futebol.

Com os relvados artificiais massificados a partir dos anos 90, a Noruega passou a contar com a evolução de toda a infraestrutura futebolística a partir de então, para ela própria evoluir, algo que foi determinante para se chegar ao momento atual. O mesmo que explica a evolução islandesa nos últimos anos, é também aquilo que está na génese do boom futebolístico norueguês. Praticamente todos os clubes passaram a ter à sua disposição meios de treino que se aliaram aos métodos modernos para que o jogo se tornasse mais técnico.

Com relvados sintéticos e campos cobertos à disposição de praticamente todos, aliado à mudança de mentalidade iniciada com a revolução de Elgin Olsen, a Noruega passou a olhar para o futebol com outros olhos. Exponenciar características físicas inatas passou para segundo plano e a técnica futebolística ganhou outra prioridade. A evolução aliou-se à genética para criar uma simbiose perfeita, com a Noruega a chegar a um ponto em que está a criar a máquina futebolística perfeita. Atletas irrepreensíveis e futebolistas refinados.

Toda esta evolução aliada a uma mudança de mentalidade cultural tornou os clubes noruegueses mais importados com a formação do que com a importação. Em poucos anos, o número de estrangeiros presentes em cada equipa desceu significativamente abrindo espaço para que os jovens talentos locais ganhassem espaço nas suas equipas. A equação é simples: mais tempo de jogo, maior evolução. Os clubes vendem mais e a seleção eleva o seu nível médio de qualidade individual. Tudo isto enquanto vários clubes desenvolveram redes de scouting que lhes permitiram levar para a Noruega jovens estrangeiros de maior qualidade que, por osmose, obrigaram os locais a evoluir.

Habitualmente considerados espécimes sobre dotados do ponto de vista físico, isto de há séculos a esta parte, ao nível cultural e histórico e não somente desportivo, dotados de um espírito indomável e uma capacidade de trabalho sem igual; guerreiros fantásticos, no fundo, os noruegueses aliaram toda a sua capacidade genética à ciência desportiva e os resultados estão à vista: Haaland, Odegaard, Ajer e Berge, à cabeça, estão entre os mais valorizados e talentosos jovens futebolistas do desporto atual. As primeiras verdadeiras super estrelas da história do futebol norueguês, produto dos relvados artificiais e de anos de qualidade máxima de treino. Este é só o início. Muitos mais estão já na calha.

A Valhall Arena onde o Valerenga treina e disputa amigáveis durante o Inverno

A ascensão norueguesa segundo o exemplo FK Bodo/Glimt

2019 foi uma temporada particularmente entusiasmante no futebol norueguês. Não porque o Molde praticamente não tenha dado qualquer hipótese à concorrência na luta pelo título, mas principalmente por tudo o que aconteceu além disso. No fundo da tabela, a luta pela manutenção durou até ao último segundo numa ronda final de cortar a respiração, mas foi na luta pela Europa que se deu a grande surpresa da competição. Contra todas a lógica e expetativa, o Bodo/Glimt foi segundo classificado. O segredo esteve em fazer mais, com menos. Fazer melhor. Fazer diferente. A metáfora perfeita para aquilo que a Noruega vai fazendo a uma escala mais global.

Apesar de ter o orçamento mais baixo da liga e de ter sido considerado o principal candidato à despromoção pelos analistas durante a pré-temporada de 2019, a verdade é que o Bodo/Glimt não só ficou longe de terminar a Eliteserien nessa posição, como se qualificou mesmo para as competições europeias ao terminar a liga norueguesa na segunda posição. Em 2020, a Liga Europa vai ao Círculo Polar Ártico e o Bodo/Glimt, em função da despromoção do rival Tromso, é agora a equipa mais a norte em todas as primeiras divisões mundiais.

Em Bodo, onde a sede do Glimt se situa, estamos tão a norte que a luz é ininterrupta durante as vinte e quatro horas do dia durante o verão e praticamente não existe nos meses de inverno. Aí, iluminam mais as Northern Lights do que o Sol. Até 1991, altura em que o cube teve acesso a um campo coberto, muitas vezes os jogadores treinavam no gelo e com picos nas botas para se conseguirem manter de pé.

Natural de um município com cerca de cinquenta mil pessoas, mas com médias de assistência a rondar as três mil pessoas, o Glimt está longe de ser um dos maiores clubes do país. Nunca foi campeão apesar de ter nove Taças da Noruega no museu e o melhor que conseguiu na liga foram quatro segundos lugares, o último deles, na temporada passada. Uma classificação inesperada e que devolveu o futebol europeu ao clube, 26 anos depois.

“Todos esperavam que terminássemos em último esta temporada. Isso foi o que os analistas e experts previram. Previram-no com base no facto de termos perdido alguns dos nossos melhores jogadores da época anterior, mas ninguém reparou que vencemos oito dos nove jogos que disputamos durante a pré-temporada”, analisou Aasmund Bjorkan, diretor desportivo do clube ao The National. Uma temporada difícil do ponto de vista emocional para o Glimt depois do falecimento do antigo jogador do clube Arild Berg.

O dia a dia do Glimt não é o mesmo de outros clubes. Nem mesmo dos adversários noruegueses. Situado tão a norte, o clube aloca grande parte do seu orçamento anual para as deslocações a que é obrigado e, no inverno, os jogadores não podem treinar ao ar livre. “É uma cidade pequena, de 50 mil pessoas, mas temos muito orgulho nela. Bodo foi bombardeada e destruída durante a segunda guerra mundial, mas foi reconstruída e há muito para fazer por aqui”, garante Bjorkan, antiga lenda do clube e cujo filho, Patrik, é o lateral esquerdo da equipa e um dos mais promissores jogadores noruegueses da sua posição.

Depois do susto em 2018 que quase atirou o Glimt para a segunda divisão ao terminar a temporada na 11ª posição a apenas três pontos de um lugar de play-off de despromoção, o clube decidiu fazer diferente em 2019. “Começamos logo a mudar em janeiro. Todo o grupo estava tão determinado que foi possível alcançar tudo aquilo a que nos propusemos. Demos grandes passos. Decidimos ser corajosos e jogar à nossa maneira, quer em casa, quer fora, com ou sem jogadores lesionados. Passámos a jogar em 4x3x3 e com laterais ofensivos, com toda a linha defensiva bem avançada no terreno”, explica.

“Temos extremos muito rápidos, além de alguns jogadores locais de grande qualidade e energia que, entretanto, subiram à primeira equipa. Decidimos tomar a iniciativa de ter a habilidade para controlar o jogo. Focamo-nos em ser ofensivos, corajosos, ter uma grande intensidade e pressionar bem alto no terreno. Isso permite-nos dominar os jogos pois conseguimos recuperar a bola em zonas avançadas do campo. Estivemos sempre no lugar bonito este ano”, analisou Bjorkan.

Com todos os constrangimentos que giram à volta do clube, o Glimt é obrigado a pensar mais à frente e a ter uma estratégia baseada no longo prazo, que permita ao clube manter-se competitivo apesar da saída de nomes absolutamente fundamentais à manobra de Kjetil Knutsen, o treinador, como eram Amor Layouni (vendido ao Pyramids FC) ou Hakon Evjen (entretanto transferido para o AZ Alkmaar por um valor recorde do clube).

“Vender os nossos melhores jogadores é uma forma de vida para nós. Tivemos um jogador sueco [Layouni] que chegou a custo zero e o vendemos por milhão e meio de Euros para um clube no Egito. Cá ganhava sessenta mil coroas por mês e lá vai ganhar vinte vezes mais do que isso. Consegue assegurar o seu futuro e compreendemos a nossa posição na cadeia alimentar”.

Nada fazia prever a ascensão do Bodo/Glimt, mas a aposta num modelo de jogo ofensivo e em jogadores jovens de elevado potencial e talento (atenção a Evjen, Reitan, Bjorkan, Patrick Berg, Konradsen, Hauge ou Boniface, todos eles abaixo dos 23 anos e dos mais utilizados na temporada do Glimt) não só permitiram ao clube ascender a uma posição há muito longe do horizonte, como permitiu assegurar a sustentabilidade financeira do projeto para as temporadas que se seguem. A metáfora perfeita daquilo que é, a larga escala, a ascensão da Noruega no panorama futebolístico Mundial e o exemplo mais identificável da mudança de mentalidade ocorrida no país nos últimos anos.

Patrick Berg e Hakon Evjen, as estrelas do Bodo/Glimt

Depois de Haaland e Odegaard, quem se segue?

Em outubro de 2019, por ocasião do 49º relatório mensal do CIES, o Observatório do Futebol deu-nos a conhecer as ligas com a média de idades mais baixas da Europa. Com uma média de idades de 25.73 anos, a Eliteserien, primeira divisão norueguesa, surgiu na décima-terceira posição entre trinta e uma ligas analisadas. Os jovens locais encontraram o seu espaço no país natal e a seleção norueguesa tem aproveitado para crescer. Um pouco por toda a competição são vários os jovens de elevado talento que pululam na mesma, mas Ben Wells destaca três em particular.

“Além de Haaland, Odegaard e Berge, os meus favoritos em cada uma das posições são o Kristoffer Klaesson (Valerenga) na baliza, o Leo Ostigard (St. Pauli) na defesa, o Hakon Evjen (AZ) no meio campo e o Kristian Thorstvedt (Genk) no ataque. Klaesson é o número do Valerenfa apesar de ser muito novo para um guarda redes, mas tem compensado com exibições verdadeiramente impressionantes”, diz-nos.

“Ostigard é um defesa bastante talentoso. Esteve no Brighton antes de seguir para o St. Pauli onde se tornou um membro regular da equipa principal e não tenho dúvidas que irá chegar à primeira equipa da Noruega em pouco tempo se continuar a manter este ritmo de evolução”.

Para Wells, porém, é em Hakon Evjen que todos os olhos devem ser postos a partir de agora: “Evjen é provavelmente um dos jogadores mais entusiasmantes que a Noruega produziu desde que Haaland apareceu. Esteve a um nível excecional na época passada ao serviço do Bodo/Glimt e foi considerado o jovem jogador da temporada na Eliteserien. Entretanto juntou-se ao AZ e ao poucos já começa a ganhar o seu espaço no onze titular”.

Já “Thorstvedt é um médio ofensivo ou um avançado que esteve no Viking na temporada passada e agora se transferiu para o Genk. Já começou alguns jogos a titular estando em bom plano e apesar de ter tido um desenvolvimento mais tardio não ficaria minimamente surpreendido em vê-lo na seleção principal da Noruega a curto prazo”.

Nomes a ter em conta para o futuro. Senão já em 2021 no próximo Europeu, certamente no Mundial que o irá seguir. Nomes que se deverão juntar a Ajer, Haaland, Berge e Odegaard como os mais talentosos da nova geração norueguesa que cada vez mais ocupa posições na lista de convocados de Lars Lagerback. Só na última convocatória do sueco estiveram outros sete sub-25: Birger Meling (Rosenborg, 25), Sigurd Rosted (Brondby, 25), Ole Selnaes (Shenzhen, 25), Mats Daelhi (Genk, 25), Iver Fossum (AaB, 23), Morten Thorsby (Sampdoria, 23) e Alexander Sorloth (Trabzonspor, 24).

Nomes que servirão de base à atual geração sub-21 do país que vai ganhando o seu espaço na primeira divisão da Noruega e deixando água na boca de grande parte dos analistas e adeptos da seleção nórdica. Nomes para decorar e que, quem sabe, um dia, poderão oferecer à Noruega a primeira bola de Ouro masculina, sucedendo a Ada Hagerberg como figura máxima do futebol no país.

Os nomes do futuro que fazem crescer água na boca aos noruegueses
Emil Bohinen, filho de Lars, um dos que se seguem
Tags: Noruega
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