Olha-se para os jornais e parece que toda a gente quer Rúben Amorim, o treinador que a associação nacional da sua própria classe acha que não devia sequer treinar na Liga e que não pode por isso erguer-se do banco para dar instruções aos jogadores. Quer o SC Braga ficar com ele, convencido de ter descoberto o novo “baby Mourinho”; quer o Sporting resgatá-lo, para superar a desilusão de não ter visto Jorge Silas conseguir aquilo que nem Marcel Keizer nem Jorge Jesus obtiveram nas últimas três épocas, o segundo lugar; e quer o Benfica ir buscá-lo, convencido de que a arrancada para o título nacional que Bruno Lage protagonizou na Luz em cinco meses foi sorte, mas que o sucesso fulminante de Amorim em 50 dias em Braga já é trabalho consolidado. Claro que temos de considerar a hipótese de os jornais estarem a ser vítimas coniventes das famosas “fontes profissionais”, que só querem agitar o mercado e lançar a confusão no campo contrário, mas convinha que os clubes se posicionassem com clareza acerca destes temas.
Neste processo, acredito em duas coisas. Acredito na competência de Amorim, que como já tive oportunidade de escrever e dizer pertence a um lote restrito do que, por ter sido liderado por grandes treinadores durante anos, devia poder ficar isento dos primeiros níveis do curso. E acredito nas palavras de Vítor Oliveira, na semana passada, acerca do sucesso instantâneo e tendência que os tempos modernos têm para o empolamento da proezas e das desgraças. É próprio da comunicação no tempo das redes sociais, mas um treinador que, como Amorim, chegue a um SC Braga, o revolucione e obtenha resultados em dois meses é imediatamente o maior génio da terra, da mesma forma que um treinador que, como Lage, não ganhe quatro jogos seguidos é logo um asno. Não é nisso que acredito. Acredito que a capacidade para dar a uma equipa um cunho diferente em pouco tempo é um dos atributos de um bom treinador, mas que o valor real só se prova de forma consolidada. Como acredito que nem todos os bons treinadores conseguem resultados em todos os ambientes, porque há ambientes onde isso é de todo impossível.
O campeonato está a entrar na fase decisiva, não só para Benfica e FC Porto, que vão lutar pelo título, mas também para SC Braga, Sporting, Rio Ave, FC Famalicão e Vitória SC, que têm o sonho de agarrar as três vagas europeias que restam. A última coisa de que os treinadores destas equipas precisam é de saber que quem manda já não confia neles e anda em busca de um sucessor. Porque a isso os jogadores reagem, nem que seja de forma subconsciente: dão sempre mais a um líder respaldado de cima do que a um comandante que esteja a prazo. Nos tempos em que ainda baralhava, partia e dava as cartas, Pinto da Costa repetia uma forma de resolver esta questão – se estava convencido da qualidade do treinador e ele era posto em causa, renovava-lhe imediatamente contrato, nem que fosse para depois ceder e acabar por deixá-lo sair para instrutor da FIFA. Mas o Benfica (que já renovou com Lage até 2024 antes destes rumores) e o Sporting já deviam ter feito mais na validação do trabalho dos seus responsáveis – e Frederico Varandas teve uma oportunidade de ouro para o fazer, quando lhe perguntaram acerca do tema, à partida para a Turquia, onde os leões jogam amanhã a continuidade na Liga Europa. O presidente leonino preferiu nem responder, talvez por achar que não tem como defender o trabalho de Silas – e teria, porque apesar do camaleonismo tático, o Sporting melhorou com ele.
António Salvador tem Rúben Amorim seguro por dois anos e meio e uma cláusula de rescisão de dez milhões de euros. Na verdade, nem deveria ter de pensar muito: o antagonismo que protagoniza sempre que é o Sporting quem está do outro lado não abre portas a nenhuma espécie de entendimento, que talvez nem com o amigo Vieira fosse facilitado. Até porque o passado recente mostra que não é boa política discutir cláusulas de rescisão de treinadores com o presidente bracarense. Ele, eventualmente, acaba quase sempre por mandá-los quando se esgota o estado de graça.
Muito bem Antonio , a realidade é que se passou a banalizar o treinador de um clube grande antigamente só entrava nestes clubes para treinar quem tivesse provas dadas com titulos , hoje qualquer um treina estes clubes não só em Portugal, eu para trabalhar tenho que estar devidamente certificado com cartão valido .
Acho inadmissivel o que se faz em Portugal independentemente da pessoa ou do seu passado , só é jornalista quem estudou e se formou os valores estão completamente ao contrario .
Digo já isto se algum dia o Ruben sem curso venha treinar o benfica seria muito mau .