O caso Benfica-The New York Times é sintomático do modo como a bipolarização maniqueísta pode levar os cidadãos em Portugal a conclusões absolutamente díspares face a uma mesma realidade. Se está a ler-me, seguramente sabe o que se passou. Contudo, dependendo de se colocar de um ou do outro lado da barricada terá uma perceção diferente e radicalizada de algo que é tão linear e insuspeito como é possível ser-se linear e insuspeito no Mundo de hoje. Mais que a retórica, a mim interessa-me a realidade.
Tariq Panja, jornalista do diário norte-americano, levantou questões muito legítimas acerca da confusão entre o Benfica e o aparelho de estado português, partindo do caso do juiz Paulo Registo, adepto do clube, cujas publicações inapropriadas nas redes sociais acerca de futebol foram denunciadas e o levaram a pedir escusa do processo destinado a julgar Rui Pinto, a cujo coletivo de juízes ia presidir. Além de já ter emitido opinião sobre o caso em diversas ocasiões (aqui, aqui, ou aqui, só para mencionar as mais recentes), eu tinha-me referido ao artigo de Panja na newsletter Entrelinhas, com link para que quem quisesse pudesse aceder-lhe e tudo. Ora, no artigo em causa, o The New York Times fez uma resenha dos casos reportados pela generalidade da imprensa portuguesa, ouvindo as mesmas pessoas cujas vozes também são regularmente ouvidas na imprensa portuguesa, com a ex-eurodeputada Ana Gomes à cabeça. É por isso, de resto, que a generalidade dos cidadãos portugueses sabe desses casos – que o The New York Times não tem uma difusão assim tão grande no nosso país a ponto de nos salvar da PIDE e da censura que alguns querem fazer crer que por aqui anda.
E, no entanto, as ondas de retórica que o artigo do The New York Times libertou são o maior sinal do tal binarismo maniqueísta de que falava antes. Começa pelo Benfica: convencido de ser um estado dentro do estado, a “instituição”, como a ela se refere habitualmente o seu presidente, Luís Filipe Vieira, optou por nem sequer dar resposta ao jornalista americano antes da publicação. Tal como qualquer clube grande faz regularmente com os jornalistas portugueses, aliás – mas disto os leitores não querem saber… Só depois da publicação do artigo, quando percebeu a dimensão que o caso ia assumir num país que leva sempre muito mais a sério o que dele se diz “lá fora” do que o que se vai dizendo cá dentro, é que Vieira instruiu o gabinete de advogados do clube a responder – e estes fizeram-no em formato de controlo de danos, com uma retórica própria daqueles programas de adeptos das televisões por cabo, o que é como quem diz, com meia dúzia de tiradas altissonantes que ficam bem mas querem dizer pouco ou nada. Tiradas às quais só falta mesmo um “Toma e embrulha!” no final para serem reduzidas à dimensão de conversa de café.
Mas a coisa não fica por aí. O que mais se tem visto é a falta de noção de um lado e do outro deste campo de batalha. Desde adeptos benfiquistas a acusarem o The New York Times de estar a soldo dos adversários do Benfica a portistas e sportinguistas que alegam que só os jornalistas estrangeiros é que têm coragem de publicar a verdade. Mais uma vez: retórica de programas de adeptos da TV por cabo. Porque, a montante, há outro plano, que é o plano da realidade, o plano que me esforço por levar até todos os que por aqui passam. Tariq Panja fez, repito, uma resenha dos casos que têm vindo a ser reportados em Portugal. Levantou dúvidas, não tirou conclusões – e não as tirou por uma razão que não tem a ver com medo ou com avenças, mas simplesmente com sentido de responsabilidade. Até na entrevista que deu, depois, ao Público, o jornalista norte-americano diz que “Talvez exista auto-censura em Portugal”. Talvez? Talvez não é jornalismo.
Na verdade, tendo os jornalistas portugueses as mesmas dúvidas que Panja, têm também a mesma auto-censura que há nos EUA – a responsabilidade de não se fazerem acusações que não se podem comprovar. É por isso que, levantando questões acerca de muitos casos – e fazendo-o, imaginem, com links para artigos do Record, do Público e do Observador, onde elas tinham sido expressas anteriormente… –, em nenhum momento Panja faz acusações concretas de corrupção ou favorecimento. O que lhe falta é o mesmo que falta a qualquer um de nós, aqui em Portugal: o ónus da prova. Para isso é que está lá a justiça. De preferência com juízes independentes e publicamente reservados.
É óbvio que há auto-censura na comunicação social desportiva. É inegável. Repetem as notícias públicas, ou saídas da restante comunicação social. Ponto final.
O António Tadeia tem um discurso que procura ter uma aparência muito imparcial, mas não passa de mais um jornalista desportivo que se auto-censura. Porque precisa das fontes, porque é esta a sua carreira e não vai agora mudar para a política ou ambiente, porque conhece as pessoas em causa, porque anda na rua, porque tem família, etc. etc.
Mesmo um Rui Santos, que vai ao extremo oposto e passa meses sem dizer uma única palavra sobre… futebol, tem o cuidado de nunca questionar os alicerces do “sistema”.
Vamos ser claros: os 3 grandes estão acima de lei em Portugal, e ninguém tem coragem de articular esta realidade de forma consistente na comunicação social.
Os 3 grandes, não são piores que um Moreirense (condenado por corrupção, quantos se lembram!?!), apenas maiores, mas indiscutivelmente têm carta branca para aniquilar a verdade desportiva.
O Tariq até nem fez jornalismo de qualidade, mas com vive algures no estrangeiro, disse o óbvio: Benfica, Sporting e Porto estão acima da lei.
A Juventus desceu de divisão, o Rangers desceu de divisão, o Olympiakos (!!!) corre o risco de descer de divisão, já em Portugal zero.
Um país onde um membro da direcção de um clube deposita dinheiro na conta de um árbitro e nada acontece ao clube… é um país onde o futebol está acima da lei. Não vamos brincar com as palavras, o António Tadeia sabe perfeitamente que de forma transversal a sociedade portuguesa está em total negação sobre a impunidade da indústria do futebol. Os ministros do desporto têm tanto medo do futebol que nem sequer se atrevem a tocar em gangs, também conhecidos como claques.
Percebo a vulnerável posição em que o António Tadeia se encontra, mas no seu íntimo sabe que é verdade: em Portugal ninguém tem coragem de desmascarar a impunidade sistemática da indústria do futebol, e também por isso temos os adeptos que temos, ou somos os adeptos que somos.
Não me auto-censuro e não preciso de fontes a ponto de ignorar a ética jornalística para as satisfazer. Não dou abrigo a fontes anónimas, não publico nada que não seja sujeito a cruzamento de fontes (tem de haver duas, que não se conheçam, a confirmar uma notícia, para a publicar), de acordo com as regras da profissão. E as regras da profissão impedem-me de cavalgar as ondas dos emails cuja autenticidade não posso garantir – algo que só poderia fazer se tivesse os originais e os seus meta-dados, para autenticação. Se se interessa tanto por jornalismo e pelas regras da profissão, recomendo que veja a série The Newsroom, que está na HBO. E veja com atenção a dois pormaiores: a necessidade de autenticação da informação que qualquer notícia tem de passar antes de ser publicada e o tempo que isso pode levar.
porque os estrangeiros percebem com muita facilidade ? para as pessoas que tenham dúvidas PROCESSO 5340/17.7T9LSB MESMO COM UM SISTEMA JUDICIAL VERGONHOSO .
Caro Tadeia. Pede-se reserva a um juiz e acho bem, face à posição e responsabilidade que ocupa. Pede exactamente o mesmo e pelas mesmas razões aos jornalistas. Sugiro uma pesquisa pelas redes sociais das intervenções do Tariq… semelhante à efetuada no caso do Juiz.
Defendo exatamente o mesmo. E se ele tiver partilhas de publicações a chamar “cabrão” ao presidente do Conselho de Arbitragem por causa de um golo anulado a um clube ou partilha de fotos equipado e com cachecol de um clube, direi que está errado.
Tanta lenga lenga, pra no fim dizer que não há provas… Vai nanar ó Tadeia.
E não é verdade ó João Silva, eu diria que m nem há acusações. O Priimeiro ministro é do BEnfica? Sim é verade e então, o Juiz é do Benfica, sim e a maioria dos Portugueses. E alguém já se lembrou de dizer que o Rui Pinto está a ser julgado por situações que nada mas nada têm a ver com o benfica?
O artigo baseia-se em especulações, omitindo decisões de tribunal e factos que contrariam essas especulações. Quando um jornalista dá destaque a especulações reabrimos o café, e aqui o Sr. Tadeia opta por não responder as especulações sobre si e a comunicação social. Opta por se fazer de vitima.
Este anda há procura de alguma coisa, o que será. Jornalistas de meia tigela que nao sabem como é que lá chegaram, a comentar o glorioso, através dum comentário dum amaricano de merda que não sabe o que é uma bola de futebol, nem um débito ou crédito contabilistico, mais um daqueles curiosos a querer ganhar nome à custa de alguém, tal como este Tadeia marreco.
Um sportinguista que apanhou um tacho na Rtp1 e não percebe um boi de futebol, vem para aqui escrever a mando das avenças,e vais para 20 anos…e que tal escreveres um artigo, dos perdões que o teu clube obteve da banca, para não desaparecerem, pois são todos viscondes falidos, e frustrados…E VIVA O GLORIOSO
De facto , na chamada de atenção que faz no Face dá a impressão de que vai parir alguma coisa. PARIU UM RATO senhor tadeia. Aliás, nos últimos tempos tenho hesitado se valia a pena perder tempo continuar a ler as suas opiniões, e de facto não vale a pena. Se houvesse futebol, talvez se salvasse. Sem futebol, devia estar calado.
Caro António Tadeia,
Se me permite e como jornalista que é, gostava que escrevesse um artigo de investigação sobre o autor desse artigo de opinião no New York Times, principalmente pelo facto do mesmo (o Senhor Tariq Panja) ser seguidor no Twiter do, e passo a citar:
_FCPorto
_Portimonense
_Francisco Jota Marques
_Pedro Bragança
e ainda de algumas páginas Anti-Benfica.
Se por um lado devemos deixar as instituições Judiciais seguir o seu caminho, parece-me também pertinente perceber e explicar esta “Teia” que está montada para denegrir o Benfica em todos os meios de Comunicação Social, que como todos já percebemos não é inocente.
Principalmente quando vemos um artigo escrito num jornal Americano (que pouco ou nada segue o Soccer), e com algumas conclusões no mínimo estranhas sobre o poder do Benfica nos órgãos do poder do futebol em Portugal.
É que bastava uma pequena pesquisa para se saber que o Presidente da FPF é Portista e seu Ex-Dirigente, que o Presidente da Liga é Pedro Proença, uma pessoa mal amada pelos Benfiquistas e apreciada pelas hostes azuis, e que o presidente do conselho de Arbitragem é Fontelas Gomes, um conhecido Sportinguista.
Estranho que nos anteriores 30 anos, não tenha havido artigos no New York Times quando Valentim Loureiro, Pinto da Costa, Pinto de Sousa etc etc vagueavam a seu belo prazer pelas principais instâncias do futebol Português
Um grande abraço para si.
Nuno Oliveira
Ele segue o FCPorto porque é o único clube português com prestígio internacional, muitos dirão que é o único orgulho de ser português.
Segue o Portimonense porque é lá que atua um dos melhores avançados de sempre do futebol português.
Segue os jornalistas FJM e PB porque foram os únicos em portugal com coragem para dar conhecimento e desmascarar o polvo vermelho.
O presidente da FPF foi atleta e administrador da SAD do FCPorto e diz-se portista, se é ou não ninguém sabe.
O presidente da LFP é assumidamente boifiquista, se é ou não ninguém sabe.
O presidente do CA teve sempre decisões favoráveis ao Boifica, se é sportinguista ou não ninguém sabe.
Segue páginas Anti-Boifica ppis é a única forma de obter informação que não esteja inquinada pelos tentáculos do Polvo Vermelho.
O Apito Dourado e Apito Final foram uns processos judiciais iniciados pelo Boifica e suas toupeiras amestradas. Culminou com o FCPorto e seu presidente absolvido e com o Boavista FC promovido à primeiro divisão com direito a indenização, pois os incompetentes juízes lampiões fizeram mal o seu trabalho de porcos amestrados.
Relembrar que o Boifica depois do 25 de Abril nunca mais foi ninguém e tornou-se ainda mais num antro de corrupção e crimes de toda a espécie. Está envolvido no mais complexo processo de corrupção, fraude fiscal, branqueamento de capitais de que há memória, sendo motivo de chacota nacional e internacionalmente nos principais jornais de referência mundial.
Posto isto, pega no teu equipamento do Boifica e limpa-lhe esse olho do cu arreganhado de lampião verme. Entretanto ganha vergonha nesse focinho de javali vermelho imundo
Acrescentar também que o facto de ele ser seguidor de vários portistas assumidíssimos, como Miguel Guedes e Carlos Rodrigues Lima (ou ainda até do fantástico Bruno de Carvalho) quando todos supuseram de que se tratava de uma personalidade sóbria e com visão distanciada sobre o futebol português.
Imagine-se pois um jornalista português a tentar parecer sério com um currículo em redes sociais deste género. Com favoritos com nomes tão debochados como Et Pluribus Corruptum. Ou é infantil e não faz por mal ou não sabe a história de rigor ético do jornalismo britânico (ele é da delegação londrina do NYT).
É afinal um parente muito próximo dos notáveis portistas que todos conhecemos e que tem a sorte de trabalhar bem longe para que nada disto pareça estranho. Mas destrói por completo qualquer aura de crítica moral que pretendia manter.
No mínimo copiou as suas «fontes» online para despachar o artigo do dia. No máximo, tem clube e amigos do peito em Portugal e faz por merecer para obter proveitos bem elevados: como, por exemplo, um saboroso exclusivo de Rui Pinto em primeira mão. Porque nunca houve nem há almoços grátis.
Não tenho nenhuma razão para duvidar da seriedade de Tariq Panja, que não conheço pessoalmente. Eu sigo muita gente nas redes sociais e não concordo com toda a gente que sigo.
Caro António Tadeia,
Aprecio a sua análise que, no entanto, me parece algo “superficial” por não ir um pouco mais além na apreciação das perguntas “insinuosas” que o jornalista enviou ao Benfica. De acordo com o SLB, o jornalista terá colocado (por duas vezes) uma pergunta com o argumento de que “algumas pessoas dizem…” . Tal como “talvez” não seja jornalismo, parece-me que “algumas pessoas dizem” também não é.
Cumprimentos
Fernando Fonseca
Meus senhores mas os portugueses sem filiação partidaria ou clubista sabemos que ha verdade em factos falta a justiça ser justiça
Não gosto da formulação, de facto. Mas os rumores podem chegar para se inquirir alguém. Não chegam é para fazer prova e para publicar.