fbpx
António Tadeia
  • Último passe
    O paradoxo do quarto grande

    O paradoxo do quarto grande

    O futebol não é um perigo

    O futebol não é um perigo

    Talento próprio e soberba alheia

    Talento próprio e soberba alheia

    O vírus está como os árbitros

    O vírus está como os árbitros

    Uma sessão de terapia grátis

    Uma sessão de terapia grátis

    A “ciência oculta” das dinâmicas

    A “ciência oculta” das dinâmicas

    O contexto nas escolhas para o clássico

    O contexto nas escolhas para o clássico

  • Futebol de verdade
    FDV #287 – A Final da Taça da Liga

    FDV #287 – A Final da Taça da Liga

    FDV #286 – Um Braga centenário e consolidado

    FDV #286 – Um Braga centenário e consolidado

    FDV #284 – A Covid e a Taça da Liga

    FDV #284 – A Covid e a Taça da Liga

    FDV #283 – Isto é só empatas

    FDV #283 – Isto é só empatas

    FDV #282 – Que onzes para mais logo

    FDV #282 – Que onzes para mais logo

    FDV #281 – A aquecer para o clássico

    FDV #281 – A aquecer para o clássico

  • Histórias
    • Todos
    • Curadoria
    • Data Journalism
    • Entrevista
    • Mercado
    • Reportagem
    Leicester reinventa-se para quebrar a hierarquia

    Leicester reinventa-se para quebrar a hierarquia

    Um fim de semana a ver a bola

    Um fim de semana a ver a bola

    Com Taremi em campo o FC Porto é melhor equipa

    Com Taremi em campo o FC Porto é melhor equipa

    Um fim de semana a ver a bola

    Um fim de semana a ver a bola

    Benzema, de subvalorizado a influente

    Benzema, de subvalorizado a influente

    Um fim de semana a ver a bola

    Um fim de semana a ver a bola

    Grealish, o príncipe de Villa Park

    Grealish, o príncipe de Villa Park

    Por que se joga no Boxing Day

    Por que se joga no Boxing Day

    Arsenal, um canhão de pólvora seca

    Arsenal, um canhão de pólvora seca

    Trending Tags

    • Liga Portuguesa
    • Benfica
    • FC Porto
    • Sporting
    • Vitória SC
    • FC Famalicão
    • Bruno Lage
    • Jorge Jesus
    • Liga Inglesa
    • Liga Espanhola
  • Replay
    • Todos
    • Análise
    • Jogos
    SC Braga vence Benfica rumo à final da Taça da Liga

    SC Braga vence Benfica rumo à final da Taça da Liga

    Jovane bisa e dá virada ao Sporting sobre FC Porto (2-1)

    Paços de Ferreira vence SC Braga e aproxima-se do quarto lugar

    Paços de Ferreira vence SC Braga e aproxima-se do quarto lugar

    FC Porto e Benfica empatam e falham aproximação à liderança

    FC Porto e Benfica empatam e falham aproximação à liderança

    Sporting e Rio Ave abrem jornada com um empate

    Sporting e Rio Ave abrem jornada com um empate

    SC Braga goleia (5-0) Torreense  e segue na Taça

    SC Braga goleia (5-0) Torreense e segue na Taça

    Bis de Chiquinho nos 4-0 do Benfica ao Estrela

    Bis de Chiquinho nos 4-0 do Benfica ao Estrela

    FC Porto precisou de prolongamento para afastar Nacional (4-2)

    FC Porto precisou de prolongamento para afastar Nacional (4-2)

    Marítimo afasta Sporting da Taça de Portugal (2-0)

    Marítimo afasta Sporting da Taça de Portugal (2-0)

    Trending Tags

    • Liga Portuguesa
    • Benfica
    • FC Porto
    • Sporting
    • Vitória SC
    • FC Famalicão
    • Bruno Lage
    • Jorge Jesus
    • Liga Inglesa
    • Liga Espanhola
  • Entrelinhas
    Surpresas e anormalidades

    Surpresas e anormalidades

    Olhar apenas para o verde

    Olhar apenas para o verde

    Um tropeção em forma de pesadelo

    Um tropeção em forma de pesadelo

    Pleno português na batalha europeia

    Pleno português na batalha europeia

    Eleições recorde e com polémica

    Eleições recorde e com polémica

    Uma Champions em tom azul e português

    Uma Champions em tom azul e português

    Manter distância de segurança para os rivais

    Manter distância de segurança para os rivais

Sem resultados
Ver todos os resultados
António Tadeia
  • Último passe
    O paradoxo do quarto grande

    O paradoxo do quarto grande

    O futebol não é um perigo

    O futebol não é um perigo

    Talento próprio e soberba alheia

    Talento próprio e soberba alheia

    O vírus está como os árbitros

    O vírus está como os árbitros

    Uma sessão de terapia grátis

    Uma sessão de terapia grátis

    A “ciência oculta” das dinâmicas

    A “ciência oculta” das dinâmicas

    O contexto nas escolhas para o clássico

    O contexto nas escolhas para o clássico

  • Futebol de verdade
    FDV #287 – A Final da Taça da Liga

    FDV #287 – A Final da Taça da Liga

    FDV #286 – Um Braga centenário e consolidado

    FDV #286 – Um Braga centenário e consolidado

    FDV #284 – A Covid e a Taça da Liga

    FDV #284 – A Covid e a Taça da Liga

    FDV #283 – Isto é só empatas

    FDV #283 – Isto é só empatas

    FDV #282 – Que onzes para mais logo

    FDV #282 – Que onzes para mais logo

    FDV #281 – A aquecer para o clássico

    FDV #281 – A aquecer para o clássico

  • Histórias
    • Todos
    • Curadoria
    • Data Journalism
    • Entrevista
    • Mercado
    • Reportagem
    Leicester reinventa-se para quebrar a hierarquia

    Leicester reinventa-se para quebrar a hierarquia

    Um fim de semana a ver a bola

    Um fim de semana a ver a bola

    Com Taremi em campo o FC Porto é melhor equipa

    Com Taremi em campo o FC Porto é melhor equipa

    Um fim de semana a ver a bola

    Um fim de semana a ver a bola

    Benzema, de subvalorizado a influente

    Benzema, de subvalorizado a influente

    Um fim de semana a ver a bola

    Um fim de semana a ver a bola

    Grealish, o príncipe de Villa Park

    Grealish, o príncipe de Villa Park

    Por que se joga no Boxing Day

    Por que se joga no Boxing Day

    Arsenal, um canhão de pólvora seca

    Arsenal, um canhão de pólvora seca

    Trending Tags

    • Liga Portuguesa
    • Benfica
    • FC Porto
    • Sporting
    • Vitória SC
    • FC Famalicão
    • Bruno Lage
    • Jorge Jesus
    • Liga Inglesa
    • Liga Espanhola
  • Replay
    • Todos
    • Análise
    • Jogos
    SC Braga vence Benfica rumo à final da Taça da Liga

    SC Braga vence Benfica rumo à final da Taça da Liga

    Jovane bisa e dá virada ao Sporting sobre FC Porto (2-1)

    Paços de Ferreira vence SC Braga e aproxima-se do quarto lugar

    Paços de Ferreira vence SC Braga e aproxima-se do quarto lugar

    FC Porto e Benfica empatam e falham aproximação à liderança

    FC Porto e Benfica empatam e falham aproximação à liderança

    Sporting e Rio Ave abrem jornada com um empate

    Sporting e Rio Ave abrem jornada com um empate

    SC Braga goleia (5-0) Torreense  e segue na Taça

    SC Braga goleia (5-0) Torreense e segue na Taça

    Bis de Chiquinho nos 4-0 do Benfica ao Estrela

    Bis de Chiquinho nos 4-0 do Benfica ao Estrela

    FC Porto precisou de prolongamento para afastar Nacional (4-2)

    FC Porto precisou de prolongamento para afastar Nacional (4-2)

    Marítimo afasta Sporting da Taça de Portugal (2-0)

    Marítimo afasta Sporting da Taça de Portugal (2-0)

    Trending Tags

    • Liga Portuguesa
    • Benfica
    • FC Porto
    • Sporting
    • Vitória SC
    • FC Famalicão
    • Bruno Lage
    • Jorge Jesus
    • Liga Inglesa
    • Liga Espanhola
  • Entrelinhas
    Surpresas e anormalidades

    Surpresas e anormalidades

    Olhar apenas para o verde

    Olhar apenas para o verde

    Um tropeção em forma de pesadelo

    Um tropeção em forma de pesadelo

    Pleno português na batalha europeia

    Pleno português na batalha europeia

    Eleições recorde e com polémica

    Eleições recorde e com polémica

    Uma Champions em tom azul e português

    Uma Champions em tom azul e português

    Manter distância de segurança para os rivais

    Manter distância de segurança para os rivais

Sem resultados
Ver todos os resultados
António Tadeia
Sem resultados
Ver todos os resultados
Histórias, Reportagem

Renato Gaúcho. Melhor do que Ronaldo, maior do que Jesus

João Pedro Cordeiro por João Pedro Cordeiro
Outubro 2, 2019
16 min de leitura
Partilhar no FacebookPartilhar Twitter

Renato Portaluppi, Renato Gaúcho para os amigos do futebol, é um homem especial. Na sua geração, enquanto jogador, poucos se lhe equiparavam. Rei do Rio, auto proclamava-se. Língua afiada como poucos. Renato não é uma figura consensual e, também por isso, é tão carismático. Daqueles que, quando entra em qualquer sala, a ilumina. Absorvedor e gerador de energia em igual medida. Renato Gaúcho era rei mas, agora, tem concorrência ao trono e já parece estar a preparar-se para a maior rivalidade em termos de treinadores do futebol brasileiro. Antes do duplo confronto com Jorge Jesus, técnico do Flamengo, para as meias-finais da Copa Libertadores, o pacto de não-agressão foi violado. Os primeiros tiros foram disparados. Melhor que Ronaldo. Maior que Jesus. Um homem “especial”, diz-nos Jorge Baidek, empresário de futebol que com ele jogou muitos anos no Grémio antes de vir para o futebol português, onde veio a trabalhar com Jesus.

RELACIONADOS

Uma sessão de terapia grátis

Uma sessão de terapia grátis

Janeiro 18, 2021
FDV #282 – Que onzes para mais logo

FDV #282 – Que onzes para mais logo

Janeiro 15, 2021
A “ciência oculta” das dinâmicas

A “ciência oculta” das dinâmicas

Janeiro 15, 2021

“O Renato era extraordinário. Sempre tivemos uma grande amizade, até nas próprias concentrações no antigo estádio do Grémio. Convivemos durante dez anos. Em toda a concentração ele vinha ter comigo para falarmos de tudo. Futebol, namoradas… Sempre tivemos essa relação. Depois, em campo era extraordinário. Era um jogador com um potencial enorme, fortíssimo no um contra um e com habilidade, forte fisicamente, um jogador que assumia o jogo e não se escondia quando estávamos a ser dominados pelo adversário. Dávamos-lhe a bola e ele fazia grandes jogadas e golos. Tanto que ainda hoje é o maior ídolo do Grémio. Depois é uma pessoa com um coração extraordinário, tem o jeito dele, mas é uma pessoa extraordinária. Ele dizia-me muitas vezes ‘Baidek segura aí atrás que eu aqui na frente resolvo’. E quando jogávamos às três da tarde? ‘Baidek, com este Sol aí… não sei não’. Ele brincava muito e dizia quanto mais tarde o jogo, às 19 horas, às 21, melhor… ‘Deixa comigo, esse é o meu horário’. Era um horário de que ele gostava. Tinha essas saídas. Fizemos muitos jogos contra grandes equipas na Europa, tínhamos um grande grupo, tanto que conquistámos o maior título do clube, a Taça Intercontinental contra o Hamburger SV”.

Baidek conhece Renato e Jesus como poucos. “Joguei dez anos com o Renato e com o Jesus devo ter sido o primeiro jogador brasileiro a trabalhar com ele, na altura, no Amora. Cinco meses em que subimos de divisão. Tinha terminado contrato com o Belenenses e estava a aguardar o meu passaporte português e aí tive essa oportunidade para trabalhar com o Jesus”, recorda-nos.

“Concordo que o Flamengo está a jogar o melhor futebol do Brasil, em conjunto com o Grémio, mas o Jorge Jesus só ganhou dois ou três títulos em Portugal. Saiu de Portugal e foi para a Arábia Saudita. Ele nunca treinou fora de Portugal, nunca dirigiu um grande clube na Europa. Nunca conquistou nada e está com 65 anos. Ele está com uma seleção nas mãos. É obrigado a fazer exatamente o que está a fazer: colocar o Flamengo a jogar bem. Vamos saber se ele tem capacidade, se é um grande treinador e sê-lo-á se ele ganhar títulos no final. Ou se o tirarmos do Flamengo ou Palmeiras e o colocarmos num outro clube do Brasil e der resultado”, afirmou Renato, há dias.

Era uma questão de tempo. Perante o sucesso que vai alcançando no Brasil, Jorge Jesus vai crescendo na hierarquia de Renato Gaúcho como inimigo público número um e, com a meia final da Copa Libertadores à espreita, pior ainda. Afinal, entre Grémio e Flamengo irá estar um dos finalistas da maior prova de clubes da América do Sul. Os holofotes fugiam a Renato Gaúcho, mas tal nunca acontece por muito tempo. Nada é por acaso. Para o técnico do Grémio, o trono ainda lhe pertence. O da melhor equipa brasileira, aquela que melhor futebol pratica, independentemente dos títulos alcançados. E, também aí, o Grémio tem vencido como poucos.

“O Renato dá estas entrevistas, e eu conheço muito bem o Renato, mas se não fizer estas entrevistas não é o mesmo. Desde a época de jogador que Renato dava entrevistas polémicas. Muitas vezes repercutiam de uma forma que tínhamos de segurar a onda, porque saía algo que mexia com o brio do adversário. Faz parte dele próprio. Mas é uma grande pessoa, tal como o Jesus. Duas grandes pessoas, profissionais que se dedicam totalmente ao trabalho. E o Renato nestes últimos anos tem feito um grande trabalho e conquistado muitos títulos”, explica-nos Baidek.

Melhor do que Ronaldo?

Diz o povo, sábio, que à terceira é de vez. Para Renato Gaúcho, no Grémio, não foi exceção. Os dois primeiros ensaios já não tinham sido de ignorar, mas a terceira passagem como técnico do tricolor colocou-o a ele e ao clube noutro patamar, interrompendo um jejum de títulos que durava há quinze anos. De 2016 para cá, levou o Grémio à quinta Taça do Brasil, venceu dois títulos gaúchos, uma supertaça gaúcha e teve o pináculo do sucesso com a conquista da Copa Libertadores, em 2017, perante o Lanús, da Supertaça Sul Americana, no ano seguinte, e com a chegada à final do Campeonato do Mundo de clubes. A herança deixada por Renato chega até Barcelona, onde Arthur se assume como um dos grandes médios do futebol europeu da atualidade.

Com o sucesso conseguido em Porto Alegre com o Grémio, muito construído com recurso às camadas jovens do clube, ao contrário do que vai sucedendo no Flamengo, com Jorge Jesus, Renato considera ter ascensão moral sobre todos os outros. Afinal, não é a primeira vez que desvaloriza triunfo alheio devido à capacidade de investimento daqueles a que aponta. Guardiola e Mourinho que o digam. “O Mourinho e o Guardiola estão entre os melhores, mas também trabalham com o que pedem, montam uma seleção. Já o brasileiro trabalha com o que tem. Quando aparece um bom, já é vendido. Quais são as dificuldades que o Guardiola e o Mourinho passaram para montar uma equipa? Eu queria que esses técnicos viessem treinar as nossas equipas aqui, com o nosso calendário, com os salários atrasados. Queria ver eles na dificuldade”.

Língua afiada como poucos. E não é de agora. Ao longo da carreira de jogador e agora de treinador, Renato Gaúcho foi autor de algumas das mais memoráveis tiradas da história do futebol brasileiro. Nem Romário ou Pelé escaparam, mas também Cristiano Ronaldo foi vítima do veneno verbal de Portaluppi, o apelido de origem italiana de Renato. Jesus foi, na verdade, o último da santíssima Trindade do futebol lusitano a ser alvo da persona inigualável de Renato Gaúcho. À Folha de São Paulo, em 2016, afirmou ter sido melhor jogador do que o cinco vezes vencedor da Bola de Ouro. “Ele é um dos melhores do mundo, mas eu joguei mais. Queria vê-lo jogar na minha época aqui, com quatro, cinco meses de salários atrasados, relvados esburacados, Libertadores sem testes antidoping e sem os melhores do Mundo ao meu lado”.

Como treinador, Renato tem aproveitado todo o carisma e experiência acumulada ao longo de anos no futebol para fazer a diferença: “Como treinador, conciliou toda essa malandragem, carisma, experiência como jogador, com a parte tática. Com a parte mais objetiva. Desenvolveu o trabalho do Roger [Machado, hoje treinador do Bahia] que modificou a forma de jogar do Grémio, mais de posse de bola, quando com Scolari antes dele era uma equipa muito mais direta, de jogo mais físico e pelos corredores laterais. De cruzamento. O Renato chega e aproveita este momento do Grémio, já de identidade diferente, e desenvolve a equipa em termos de objetividade, melhora a capacidade de definição, traz mais agressividade. Renato já tinha tido duas boas passagens pelo Grémio, mas não tinha conquistado títulos. Títulos que consolidaram o seu trabalho como treinador e não tenho dúvidas que hoje é um dos principais treinadores do país e é mesmo cogitado para treinar a seleção brasileira”.

Facebook | Grêmio FBPA

Indisciplina tirou-o da Copa

Como jogador, Renato Gaúcho foi um dos mais brilhantes “pontas” da sua geração. Tanto, que ao longo de praticamente vinte anos de carreira, colecionou 43 internacionalizações pela seleção brasileira. Fez cinco golos e pelo Escrete participou em quatro grandes competições de seleções. Esteve nas Copa América de 1983, 1989 e 1991, mas também no Campeonato do Mundo de 1990, em Itália, participando ainda assim em apenas um encontro nessa competição. Podiam ter sido mais, os Mundiais e, esse, é um dos capítulos mais conhecidos da história de Renato como jogador.

1986. Por esta altura eram poucos os jogadores brasileiros em melhor forma do que Renato Gaúcho. Tinha o Mundo a seus pés, mas poucos meses bastaram para que o mesmo perante eles desabasse. Exibições brilhantes pelo Grémio em 1983, como aquela que protagonizou em Tóquio, perante o Hamburger, com dois golos na final da Taça Intercontinental, permitiram que Renato assumisse uma posição de destaque entre os possíveis eleitos por Tele Santana para o Mundial do México de 1986. Exibições que catapultaram também o Grémio para o bicampeonato gaúcho em 1985 e 1986.

Altamente imprevisível, tanto fora de campo como dentro dele, Renato fintou o destino como se de um adversário se tratasse e por questões disciplinares acabou cortado por Telé Santana da lista de convocados para o Mundial azteca, no qual o Brasil caiu aos pés da França, ainda nos quartos de final da prova, nas grandes penalidades. Em solidariedade com Renato, também Leandro falhou a competição, acabando por pedir dispensa da mesma como forma de protesto. Tudo culpa de um recolher obrigatório ignorado por Renato, Leandro e vários outros jogadores, que os aguardavam às quatro da manhã no centro de treino do Cruzeiro, onde a seleção brasileira trabalhava. Resultado? Na manhã seguinte ninguém acordou a tempo do treino da canarinha.

Telê Santana, fulo, fez então de Renato um exemplo, enquanto Leandro, outro dos titulares absolutos da seleção brasileira foi perdoado. Por respeito ao colega e amigo, Leandro pediu dispensa e o Brasil chegou ao México desfalcado de dois titulares. O episódio, que antecedeu o Mundial de 1986, porém, esteve longe de ser o único e último na carreira de Renato. O confronto com os nomes grandes do futebol brasileiro foi constante. Nem Romário ou Pelé escaparam. “O Romário chamou-me bissexual? Então manda a mulher dele ir lá a casa” e “Não deveria contar essa história sobre o Pelé, mas vou contar. Certa vez estávamos juntos num programa de televisão e passou um golo dele. Ele me cutucou e disse: viu só Renato, mais de mil golos. Eu respondi: cada golo seu é uma mulher minha. Só que o Pelé parou com mil e poucos golos, eu não”, são apenas duas das mais emblemáticas tiradas do antigo extremo e, agora, técnico do Grémio. Mas há mais. Muito mais.

O Rei do Rio

Depois de conquistar praticamente tudo o que havia para ganhar em Porto Alegre ao serviço do Grémio, Renato deixou o clube de sempre em 1987 e rumou ao Rio de Janeiro. Assinou pelo Flamengo, formou com Bebeto uma das melhores duplas da história do futebol brasileiro e auto proclamou-se Rei do Rio. Não só dentro de campo, como fora dele. “Quando tem agito aqui em casa, até o Cristo Redentor tapa os olhos”, disse. Para Renato, no Rio, foi chegar, ver e vencer. Levou o Flamengo para a final da Copa União – então denominação para um dos módulos do complexo campeonato brasileiro – com um golo decisivo frente ao Atlético Mineiro, competição que o Mengão venceu, na final, perante o Internacional. A prestação de Renato nessa competição valeu-lhe o prémio de jogador do Brasileirão 1987 e a Bola de Ouro da revista Placard.

O sucesso alcançado no Flamengo entre 1987 e 1988 abriu as portas da Europa a Renato, mas a única passagem pelo velho continente resultou em fracasso para o extremo brasileiro. Apesar dos 34 jogos disputados ao serviço da AS Roma, o regresso ao Brasil foi imediato. Renato até chegou debaixo de grande expetativa, chegando a ser comparado a Ruud Gullit pelo então treinador da equipa, o sueco Nils Liedholm, mas nunca conseguiu confirmar todo o nível que havia exibido nos meses anteriores pelo Brasil. Regressou ao Brasil pela porta do Flamengo e não poupou nas palavras. Acusou os antigos companheiros de o terem boicotado, especialmente Giannini, mas estendeu toda a ira ao futebol transalpino: “O futebol italiano é ridículo”. Regressou, em 1990, como um dos convocados por Sebastião Lazaroni para o Campeonato do Mundo, ainda que tenha participado somente no encontro dos oitavos de final, perante a Argentina, que resultou na eliminação do Brasil da competição.

As polémicas acompanharam Renato para onde quer que o extremo fosse. Depois de falhar a renegociação de contrato com o Flamengo, assinou pelo rival Botafogo, para poucos meses depois, após um começo de carreira dececionante no Fogão, retornar ao Grémio por empréstimo. Por lá esteve três meses, antes de regressar ao Rio. Com Renato, o Botafogo chegou à final do Brasileirão de 1992 e, depois de uma derrota por 3-0 na primeira mão, Renato causou mal-estar junto da cúpula diretiva do Botafogo ao marcar presença num churrasco comemorativo do antigo clube. Com isto, ganhou uma suspensão por parte do Botafogo.

Seguiram-se depois passagens históricas por Cruzeiro e Fluminense. Na Raposa, Renato ficou ligado a uma vitória na Supercopa Libertadores frente ao Atlético Nacional, por oito a zero, na qual marcou cinco golos e, de volta ao Rio, foi o autor de um dos golos mais memoráveis da história do futebol brasileiro: de barriga no clássico Fla-Flu. Um golo conseguido a quatro minutos do final do encontro, que colocou o marcador em 3-2 a favor do Fluminense e permitiu que o tricolor vencesse o campeonato carioca de 1995, um dos jogos mais memoráveis da história recente do futebol brasileiro. O triunfo motivou uma reportagem polémica da Globo na qual se via Renato a conduzir pela cidade à procura de Romário para o gozar, devido à conquista do Fluminense. “Vocês continuam sendo bons alunos, mas o mestre voltou”, atirou na direção de Romário e Túlio Maravilha. Renato auto proclamava-se, então, Rei do Rio.

Nem com o avançar da carreira, Renato acalmou. Em 1996, com o Fluminense perto da descida de divisão à entrada para as jornadas finais do Brasileirão, anunciou que correria nu pelo Rio de Janeiro caso o Fluminense descesse mesmo. Aconteceu e Renato não cumpriu a promessa. Em 1997 regressou ao Flamengo e terminou a carreira dois anos depois, ao serviço do Bangu. Tornou-se professor de Educação Física e, mais do que isso, num dos mais consagrados treinadores brasileiros da atualidade.

Facebook | Grêmio FBPA

Uma meia final para recordar

Para Jorge Baidek, o confronto entre Grémio e Flamengo a contar para a meia final da Copa Libertadores, será um marco na atualidade futebolística sul-americana. Um encontro que aguarda com grande expetativa, advertindo que deverá encerrar o maior desafio enfrentado por Jorge Jesus desde que o técnico português chegou ao Brasil.

“O Grémio é um clube com uma força enorme nos torcedores, que é sempre muito competitivo na Libertadores. Vai ser um dos jogos mais complicados que o Jesus já disputou, especialmente hoje. Ambas as equipas têm qualidade para disputar o jogo, mas não tenho dúvida alguma que vai ser um jogo muito difícil para o Flamengo. Há muitos anos que o Flamengo tem muitas dificuldades em Porto Alegre, até da altura do meu tempo, ainda com Mozer e outros”, antecipa, recordando as dificuldades históricas do Flamengo em Porto Alegre, nas quais foi protagonista principal.

“Eu estive mesmo na última semifinal da Libertadores em que os clubes se defrontaram, em 1984. Tivemos três jogos extraordinários. Ganhámos 5 a 1 em Porto Alegre, perdemos 3 a 1 no Marcanã e depois jogamos no Pacaembú, em São Paulo, 90 mais 30 minutos, zero a zero, mas passámos por vantagem de golos. É uma disputa que vem de há muitos anos. Uma rivalidade forte dentro do campo. E não tenho dúvida que vai ser um espetáculo à parte. Duas grandes equipas e dois treinadores num grande momento”, recorda.

É também com orgulho que Jorge Baidek analisa o bom momento atravessado por Jorge Jesus no Brasil. Afinal, teve grande responsabilidade na chegada do técnico português ao Flamengo: “O início de todo este processo foi comigo. Quando o Abel Braga teve aquele problema de saúde, eu comuniquei com o Jesus e ele disse-me que era um sonho trabalhar no Brasil. Eu falei então com o Flamengo, que tinham aquela situação com o Abel e havia um treinador que podia vir a fazer um excelente trabalho e que eu conhecia muito bem. Assim começou todo o processo da ida do Jesus para o Flamengo, que demorou algum tempo, mas que acabou por se concretizar”.

Frente a frente irão estar, por isso, dois treinadores especiais, mas de perfis distintos: “São dois treinadores com grande qualidade, muito exigentes, mas de perfis diferentes. O Renato era um atleta que dificilmente pensávamos que chegasse a ser um excelente treinador como é hoje. Os anos passaram e Renato conseguiu conciliar toda a experiência de atleta, de trabalhar com muitos treinadores e de seleção brasileira. Com o passar do tempo foi adquirindo a capacidade de gestão que tem hoje”.

“O sucesso de Jesus tem muito mérito do próprio e do grupo de jogadores que aceitou bastante bem a forma de trabalhar do técnico. O Jesus também teve muito mérito e foi inteligente na forma como se tem dirigido à imprensa. Chegou a um país onde oito, dez clubes têm capacidade para disputar o título, um campeonato muito difícil, dos mais competitivos do Mundo e manteve sempre os pés bem assentes no chão, mantendo sempre muito equilíbrio nas entrevistas, sendo muito inteligente, algo que vários treinadores estrangeiros recentemente não conseguiram. Tem mantido um equilíbrio mental impressionante, porque aqui no Brasil todas as quartas e domingos se espera que o Flamengo tropece”, avalia.

Maior do que Jorge Jesus

Como treinador a carreira de Renato Gaúcho já leva praticamente vinte anos, mas foram as temporadas mais recentes ao comando do Grémio que lhe permitiram atingir um estatuto de excelência dentro do futebol brasileiro e o colocam como o mais provável sucessor de Tite no comando da seleção. Depois de passagens por Madureira (o primeiro clube que treinou), Fluminense, Vasco, Bahia e Atlético Paranaense, tem sido a terceira passagem pelo Grémio, desde que em 2016 voltou a pegar no clube gaúcho pelo qual já havia feito história como jogador, que mais frutos tem dado a Renato.

Como treinador, a carreira de Renato Gaúcho tem dois períodos bem distintos e a falta de consistência que marcou o primeiro, até ao regresso ao Grémio, é bem patente no facto de serem vários os regressos a diferentes clubes. Se no Grémio esta é a terceira passagem, teve também duas pelo Vasco e cinco pelo Fluminense. Ainda assim, pontuando essas mesmas passagens com alguns dos momentos mais altos desses dois clubes nos últimos anos. Levou o Fluminense à final da Libertadores de 2008, onde o clube nunca tinha estado, depois de ter vencido a Copa do Brasil no ano anterior, competição na qual tinha chegado à final em 2006 ao comando do Vasco, num ano em que foi considerado o segundo melhor treinador do Brasil. Na segunda passagem pelo Vasco desceu o clube à Série B.

No Grémio, porém, à terceira, Renato atingiu um patamar de elite: nenhum treinador venceu tanto nos últimos anos no futebol brasileiro. Levou o Grémio ao segundo lugar do Brasileirão em 2013, venceu a Copa do Brasil em 2016 – colocando um ponto final em 15 anos de jejum de títulos por parte do Grémio -, a Libertadores em 2017, a Supertaça Sul Americana em 2018, o Campeonato Gaúcho de 2018 e 2019 e ainda a Supertaça Gaúcha de 2019, já depois de ter estado na final do Campeonato do Mundo de Clubes em 2017. Quase sempre com o plantel construído à base de jogadores formados no clube, que fazem Renato considerar ser melhor que qualquer outro: “Aí vocês veem as equipas do Guardiola, do Mourinho e falam ‘nossa, mas que futebol bonito’. Bom, ali, até o Stevie Wonder… Também queria estar no lugar deles, chegar a um clube e montar uma seleção, praticamente”. Seis títulos em três anos.

“O Flamengo, no papel, tem 90% do time em nível de seleção brasileira. Eu gosto de trabalhar com os garotos. Os jogadores prontos e mais os garotos. O Flamengo, com dinheiro, contratou muito bem e montou uma seleção. Mas o Grêmio está junto com o Flamengo sem gastar”, afirmou ao UOL, colocando depois açúcar nas palavras azedas que dissera dias antes: “As pessoas estão dizendo que falei que ele é velho e ganhou poucos títulos. Todo mundo sempre leva para outro lado. Ele treinou em Portugal e depois na Arabia. Não menosprezo a idade dele. O que quis dizer é que estou surpreso por ele não ter ganho mais coisas com o trabalho que ele está mostrando no Flamengo. Não é a idade. O trabalho no Flamengo é excelente, mas ele tem dois ou três títulos na carreira”.

Foi com o Grémio instalado na oitava posição do Brasileirão a quinze pontos do líder Flamengo e com os holofotes mediáticos apontados a Jorge Jesus que Renato partiu para o ataque com o técnico português, a juntar-se a outros nomes ainda, como Falcão ou D’Alessandro. “Tem espaço para todo mundo. Só discordo quando tem treinador aqui no Brasil, com dois, três meses, e aí tem gente que opina: o estrangeiro é melhor que o treinador do Brasil. Não, aí discordo. O que Sampaoli e Jesus ganharam até agora? Nada. Então, muita calma nessa hora. Até então os dois estão fazendo um ótimo trabalho. Eu gosto dos dois, estão fazendo ótimos trabalhos. Mas trabalho no futebol é resultado”, afirmou há poucos dias ao Globo Esporte.

É então neste clima de tensão que Grémio e Flamengo vão discutir uma vaga na final da Libertadores, com a primeira mão a ser jogada na madrugada de quinta feira (01h30 em Lisboa) em casa do Grémio e a segunda mão marcada para dia 24 de outubro, no Rio de Janeiro, pela 01h30, hora de Portugal Continental. “O Flamengo é o favorito? É o favorito. O Flamengo vai passar pelo Grêmio? Isso, eu já não sei. Eu estou tranquilo, porque confio muito no meu grupo”.

Para o futuro? Renato promete cada vez mais descrição e medição de palavras. Tento na língua. Está na hora de crescer, diz. “Eu pensei que deveria mudar um pouquinho para ninguém achar que eu estava de palhaçada. Gosto de fazer brincadeiras, mas qualquer coisa vira página inteira no jornal. Tem que medir mais as palavras. É preciso ser mais sério aqui no Brasil”. O mesmo homem que afirma ser melhor do que Ronaldo e maior do que Jesus. Vingar a experiência falhada como jogador, agora como treinador? Dificilmente, diz-nos Baidek. O objetivo é outro.

“O Renato tem uma característica. Acho que dificilmente ele irá trabalhar fora do Brasil. É muito ligado às raízes, teve a possibilidade de treinar na Arábia Saudita, mas não quis sair do Brasil. Por questões dele próprio, aguarda sempre oportunidades no Brasil. Porto Alegre é a terra dele. Pode acontecer, mas acho difícil. No Brasil vai trabalhar sempre em grandes clubes e tem sempre a seleção brasileira no dia em que Tite saia. É alguém que consegue conciliar a gestão de grupo e trabalho de campo, sendo completamente respeitado como treinador. Tanto Renato como Jesus são treinadores com os quais os jogadores adoram trabalhar”. Eis Renato Gaúcho, homem de uma aura como poucos. Trabalhar na Europa?

Facebook | Grêmio FBPA
Tags: Copa LibertadoresFlamengoGrêmioJorge JesusRenato Gaúcho
Artigo anterior

Futebol de Verdade #51

Artigo seguinte

Zenit vence Benfica por 3-1

RelacionadoArtigos

Leicester reinventa-se para quebrar a hierarquia
Reportagem

Leicester reinventa-se para quebrar a hierarquia

Janeiro 16, 2021
Um fim de semana a ver a bola
Data Journalism

Um fim de semana a ver a bola

Janeiro 15, 2021
Com Taremi em campo o FC Porto é melhor equipa
Data Journalism

Com Taremi em campo o FC Porto é melhor equipa

Janeiro 10, 2021
Um fim de semana a ver a bola
Data Journalism

Um fim de semana a ver a bola

Janeiro 8, 2021
Benzema, de subvalorizado a influente
Reportagem

Benzema, de subvalorizado a influente

Janeiro 2, 2021
Artigo seguinte

Zenit vence Benfica por 3-1

Deixe o seu comentário Cancelar resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

Recomendados

Ronaldo bisa, mas Juventus é eliminada da Champions

Ronaldo bisa, mas Juventus é eliminada da Champions

Agosto 7, 2020
Zidane aproveitamento Finais

Nem os monstros sagrados chegam perto do aproveitamento de Zidane em finais

Janeiro 14, 2020

Não perca

FDV #287 – A Final da Taça da Liga
Futebol de verdade

FDV #287 – A Final da Taça da Liga

Janeiro 22, 2021
O paradoxo do quarto grande
Último passe

O paradoxo do quarto grande

Janeiro 22, 2021
FDV #286 – Um Braga centenário e consolidado
Futebol de verdade

FDV #286 – Um Braga centenário e consolidado

Janeiro 21, 2021
O futebol não é um perigo
Último passe

O futebol não é um perigo

Janeiro 21, 2021
SC Braga vence Benfica rumo à final da Taça da Liga
Jogos

SC Braga vence Benfica rumo à final da Taça da Liga

Janeiro 20, 2021
FDV #285 – O clássico de ontem e o futuro

FDV #285 – O clássico de ontem e o futuro

Janeiro 20, 2021
António Tadeia

Isenção em vez de parcialidade. Escrutínio em vez de cumplicidade. Rigor em vez de ligeireza. Jornalismo sobre futebol. Futebol de verdade.

Saiba mais

Categorias

  • Análise
  • Curadoria
  • Data Journalism
  • Destaques
  • Entrelinhas
  • Entrevista
  • Futebol de verdade
  • Histórias
  • Jogos
  • leia tambem newsletter
  • Mercado
  • Promoções
  • Replay
  • Reportagem
  • Sem categoria
  • Último passe
Liga Portuguesa Benfica Sporting FC Porto SC Braga Sérgio Conceição Jornalismo Futebol Rúben Amorim Taça da Liga

Tags

Newsletter

X

Newsletter

Subscreva a newsletter para receber tudo em primeira mão.

Recebe a minha newsletter

  • TERMOS E CONDIÇÕES
  • POLÍTICA DE PRIVACIDADE

© 2019 ANTÓNIO TADEIA

Sem resultados
Ver todos os resultados
  • Homepage
  • Último passe
  • Futebol de verdade
  • Replay
    • Análise
    • Jogos
  • Histórias
    • Curadoria
    • Data Journalism
    • Entrevista
    • Mercado
    • Reportagem
  • Entrelinhas
Este site utiliza cookies para permitir uma melhor experiência por parte do utilizador. Ao navegar no site estará a consentir a sua utilização. Visite a nossa Política de Privacidade.OK