Em terra de canários, está a nascer uma lenda vinda do frio do Norte: Teemu Pukki, o avançado finlandês de 29 anos que esta época já tinha marcado ao Liverpool FC, ao Chelsea e à seleção italiana, foi no sábado decisivo, com um golo que permitiu ao Norwich City vencer o poderoso Manchester City por 3-2. O finlandês continua a marcar uma cadência forte na Premier League, quando muitos esperariam que voltasse a fracassar, como lhe aconteceu sempre que, ao longo da carreira, subiu o patamar. Não desta vez, porém.
A procura por um sucessor do histórico Grant Holt (68 golos em 159 jogos), que capitaneou o Norwich City durante a última época de sucesso do clube na Premier League, na distante temporada de 2012/2013, tem desesperado os adeptos. Ricky van Wolfswinkel, transferência mais cara dos canários até então, Johan Elmander, Gary Hooper, Lewis Grabban, Cameron Jerome, Dieumerci Mbokani, até ao português Nélson Oliveira, muitos foram os avançados que chegaram e partiram sem impressionar, ficando muito longe dos números alcançados por Holt.
Na última época, chegado do campeonato dinamarquês, com quatro temporadas prolíficas ao serviço do Brondby IF, apareceu, contratado a custo zero, Teemu Pukki; um ponta-de-lança relativamente desconhecido, apesar dos seus 28 anos e de uma longa história na Europa.
A viagem de Pukki começou quando tinha apenas 18 anos e jogava pelo KTP, da Finlândia. Despertou o interesse do Sevilha, então treinado por Juande Ramos, mas em duas temporadas no clube espanhol jogou apenas uma vez pela equipa principal. Reflectindo sobre esta sua passagem por Espanha, Pukki reconhece “que era demasiado jovem e muito tímido” e que isso lhe “dificultou a adaptação”. O jogador regressou à Finlândia em Agosto de 2010, para jogar pelo HJK, de Helsínquia, com a época já a decorrer, e por lá voltou aos golos. Participou em 34 jogos e marcou 18 golos, contribuindo para a conquista de dois campeonatos e de uma Taça da Finlândia.
Na temporada de 2011/2012, o HJK encontrou o Schalke 04 no playoff de qualificação para a Liga Europa. Teemu Pukki marcou três golos no total das duas mãos (incluindo um em Gelsenkirchen). Mesmo tendo tal proeza sido insuficiente para garantir o apuramento aos finlandeses, valeu ao avançado a transferência para o clube alemão. Pukki estreou-se a titular pelo Schalke com dois tentos frente ao Hannover, mas em duas épocas na Bundesliga não ultrapassou a dezena de golos. E, no último dia do mercado de transferências de 2013, assinou pelo Celtic.
Curiosamente, o finlandês chegou ao clube escocês para preencher a vaga deixada por Gary Hooper, contratado dias antes pelo Norwich City. Apesar de um bom começo na Liga escocesa, terminaria a época com sete golos apenas em 32 jogos. Em entrevista concedida ao Telegraph admitiu que a experiência “não correu como esperava” e que “devia ter marcado muitos mais golos”. “Mas contribuiu para aprender e chegar onde estou hoje”, concluiu.
No início da época seguinte, Pukki foi emprestado ao Bondby IF, com opção de compra para o clube dinamarquês. Terminou a temporada como o melhor marcador do clube, com nove golos, o que lhe valeu um contrato de três épocas. Nos três anos ao serviço do Brondby IF participou em 161 jogos e marcou 69 golos, contribuindo para a conquista de uma Taça da Dinamarca e dois vice-campeonatos, numa liga dominada pelo clube da capital, o FC Copenhaga.
No final da temporada 2017/2018 chegou ao final do contrato e, sem acordo para renovar, ficou livre para assinar pelo Norwich City. Na primeira época ao serviço dos Canaries, no Championship, marcou 26 golos, tornando-se o melhor marcador da segundo escalão inglês e contribuindo de forma decisiva para a conquista do título e da promoção direta para a Premier League. Pensar-se-ia que com o elevar da fasquia, Pukki deixaria de marcar, mas desta vez não foi assim. Estreou-se a marcar na deslocação ao terreno do Liverpool FC e, de seguida, assinou um hat-trick frente ao Newcastle FC. Marcou ainda frente ao Chelsea e ao Manchester City, sendo que pelo meio marcou ainda nas duas partidas que fez pela sua seleção nacional, a vitória (1-0) frente à Grécia e a derrota (1-2) com a Itália. Na Premier League, já fez seis golos em cinco jornadas, que o deixam apenas um atrás de Tammy Abraham (Chelsea) e Aguero (Manchester City) no topo da lista dos melhores marcadores.
Os adeptos adoram-no. “No Pukki, no Party!”, cantam. E a expectativa é grande para esta época na Premier League. O clube, tradicionalmente muito poupado em transferências milionárias, aposta forte no talento dos jovens da sua academia, na frieza e experiência de jogadores provenientes da liga alemã e na veia goleadora de Pukki para garantir a manutenção na liga mais espetacular do futebol mundial.