Portugal venceu com facilidade o Luxemburgo, em Alvalade, por 3-0, com golos de Bernardo Silva, Cristiano Ronaldo e Gonçalo Guedes, mantendo a pressão em cima da Ucrânia antes do jogo entre as duas equipas, que na segunda-feira vão discutir em Kiev o primeiro lugar do Grupo B de apuramento para o Europeu de 2020. A exibição portuguesa não foi extraordinária mas foi perfeitamente suficiente para justificar até um resultado mais dilatado, tantas foram as situações de golo criadas, sobretudo na segunda parte.
Se houve quem, olhando para o onze inicial escolhido por Fernando Santos, visse na presença de um médio mais defensivo, como Danilo, e na ausência de um ponta-de-lança capaz de libertar Cristiano Ronaldo dois sintomas para esperar uma equipa portuguesa ofensivamente mais perra, depressa se verificou que isso não ia acontecer. Organizada em 4x3x3, com os três da frente – Bernardo, Ronaldo e Félix – muito móveis, sempre a fornecerem linhas de passe a Moutinho e Bruno Fernandes, e com os laterais – sobretudo Nélson Semedo – a darem opções na largura, a seleção nacional entrou forte e foi sendo capaz de alternar a paciência na circulação com a capacidade para ligar o jogo dentro do bloco luxemburguês. O resultado disso foi o acumular de situações de perigo junto da baliza de Moris, sobretudo nos primeiros 25 minutos de jogo.
As primeiras duas tentativas ainda foram de fora da área, por Ronaldo, logo aos 2’, e depois por Félix, aos 13’, mas rapidamente a equipa nacional subiu o nível. Aos 15’, após um passe excelente de Bernardo Silva, a rasgar da direita para a esquerda, Félix conseguiu uma receção extraordinária, que o deixou na cara do guarda-redes, mas depois chutou ao lado. E um minuto depois veio o primeiro golo, marcado por Bernardo Silva. Tudo começou num passe magistral de Bruno Fernandes, a solicitar Nélson Semedo na profundidade à direita, mas continuou na velocidade e no espírito de luta do lateral, que ganhou uma dividida e, já sem o guarda-redes na baliza, entregou atrás a Bernardo para que este pudesse inaugurar o marcador. Veja aqui o golo de Bernardo Silva:
Golo de @selecaoportugal ! @BernardoCSilva aproveita uma grande arrancada de @_nelsonsemedo_ , que ainda cruzou a bola, antes de bater num jogador luxemburguês e chegar ao jogador do Manchester City. pic.twitter.com/OzZ7U1sMHS
— SPORT TV (@SPORTTVPortugal) October 11, 2019
Portugal manteve a intensidade e a concentração por mais dez minutos, nos quais Ronaldo ainda esteve frente ao guarda-redes (aos 23’), mas apenas para lhe permitir que blocasse o remate. Um livre do capitão português, a mais de 30 metros da baliza, aos 25’, marcou a mudança no jogo. Até ao intervalo, mais desconcentrada, a equipa portuguesa começou a perder passes em zonas de construção, o que não só a impedia de criar futebol de ataque como permitia ao Luxemburgo colocar a cabeça de fora. Nos 20’ até ao intervalo, aliás, os luxemburgueses chutaram mais do que os portugueses: dois remates para um da equipa nacional, ambos com perigo, e ambos protagonizados por Vincent Thill no lado esquerdo no ataque, aos 26’ e aos 34’. Um deles obrigou mesmo Rui Patrício a fazer a sua primeira defesa da noite.
Na segunda parte, era preciso um Portugal melhor – e foi isso que se viu. A equipa voltou outra vez a alternar jogo curto com jogo longo, a procurar ligar o jogo por dentro e a variar o lado com mais velocidade e isso permitiu-lhe voltar a colocar Moris em situação de alerta. Bruno Fernandes testou o guarda-redes adversário com duas poderosas meias-distâncias, aos 49’ e aos 55’, e pelo meio (aos 51’) foi a vez de Ronaldo, em pontapé de bicicleta, obrigar Moris a mais uma defesa. O golo tardava, apesar das muitas tentativas, por cima, por baixo. E só surgiu num lance individual do capitão português. Aos 65’, depois de se recuperar uma bola bem dentro do meio-campo adversário, Ronaldo avançou até à área, viu o guarda-redes, olhou para a baliza e picou a bola para um chapéu de belo efeito.
Confira o magistral golo do capitão português:
Golo de @selecaoportugal ! Quem mais… @Cristiano ! O jogador que se estreou a marcar nesta casa há 17 anos, recupera a bola a um defesa luxemburguês e perante o guardião faz um chapéu perfeito. pic.twitter.com/5KY3LNAcfK
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Com o 2-0, a equipa portuguesa tranquilizava – e a luxemburguesa deixava de acreditar numa eventual surpresa. O jogo tornou-se, por isso, mais morno. Sinani, que entrara ao intervalo para dar alguma capacidade ofensiva ao meio-campo luxemburguês, parecia ser o único a remar contra a maré, como se viu nos três remates que fez à baliza de Rui Patrício. Mas toda a ação verdadeiramente importante decorria do outro lado, onde as situações de golo se repetiam. Bernardo Silva esteve à beira do 3-0 aos 73’; um lance de confusão na área quase dava autogolo luxemburguês aos 75’; Ronaldo ameaçou fazer o 700º golo da sua carreira aos 85’ e acabou por ser Gonçalo Guedes a marcar, aos 89’. O avançado que entrara para a vaga de Bernardo Silva aos 77’, indo colocar-se à esquerda (com derivação de João Félix para a direita), viu a bola cair-lhe à frente após um canto de João Moutinho que a defesa adversária aliviou mal e nem pensou duas vezes: deu-lhe com força, de forma que o desvio de Gerson só serviu para atrapalhar o próprio guarda-redes e assegurar que a bola acabava mesmo nas redes.
Aqui fica o golo que encerrou o resultado:
Golo de @selecaoportugal ! Canto marcado por @JoaoMoutinho com a bola a sofrer um ressalto e a chegar aos pés de @gguedesoficial que não perdoou. pic.twitter.com/Ic8rsw5Uke
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No final, o 3-0 acabou por ser um resultado escasso para tantas situações de golo, mesmo numa noite em que a exibição nacional nem foi fantástica. Destacaram-se, na primeira parte, Nélson Semedo, Bruno Fernandes e Bernardo Silva, pelas combinações que foram sendo capazes de alinhavar na direita, e no segundo tempo Cristiano Ronaldo, que manteve sempre os companheiros ligados à corrente, bem consciente da importância que estes três pontos tinham. Ao mesmo tempo, a Ucrânia ganhava à Lituânia por 2-0, mantendo a vantagem de cinco pontos (com um jogo a mais) sobre Portugal, o que significa que, a não ser que queira contar com um eventual desaire dos ucranianos na Sérvia, a seleção nacional terá mesmo de ganhar em Kiev na segunda-feira se quer ser primeira do Grupo B. O segundo lugar, que também dá qualificação direta, ficou à distância de mais duas vitórias – sendo que a Portugal ainda faltam, depois, a receção à Lituânia e a deslocação ao Luxemburgo, duas partidas que teoricamente são de vencer.