Apesar de estar na zona de despromoção da I Liga, o Portimonense defende a continuidade da competição, paralisada desde 8 de Março pela pandemia. A alternativa de encerrar de vez com a época, eventualmente cogitada entre as ligas europeias – inclusive a portuguesa – poderia assegurar permanência no primeiro escalão num em ano que, por motivo de “força maior”, tenderia a cancelar subidas e descidas de divisão. A SAD algarvia, porém, garante que a paragem foi prejudicial à equipa, que mostrava sinais de reação. E não baixa a guarda: manteve todo o plantel em Portimão durante o confinamento e espera o sinal de retorno para lutar pela permanência dentro do relvado.
Em 17° na classificação, com 16 pontos, o Portimonense está a seis do FC Paços de Ferreira, o primeiro clube fora da zona de despromoção. A distância pode parecer pequena, mas a dez jornadas do fim da época representa quase metade da pontuação total dos algarvios em 24 partidas disputadas. O principal acionista da SAD do clube, Theodoro Fonseca, porém, exercita o otimismo e prefere ver o copo meio-cheio. “Dos dez jogos até o fim, seis serão em casa e, com a exceção do Benfica, já enfrentamos os adversários mais fortes. Vamos conseguir o nosso objetivo, até porque a nossa posição atual não condiz com a qualidade da equipa”, avalia.
Theodoro Fonseca refere-se ao facto de, nos últimos cinco jogos, o Portimonense ter enfrentado o SC Braga, o FC Porto e o Sporting como visitante, sendo derrotado nas três ocasiões. Em casa, porém, enfrentou o Vitória FC e o Moreirense, não passando de dois empates. Apesar disso, o dirigente acredita que a paragem pegou a equipa numa fase de recuperação na competição. “Para nós, deu-se num mau momento. Estávamos num crescente, após a chegada do novo técnico, Paulo Sérgio – na função desde 22 de Fevereiro – sem lesões e com os jogadores motivados”, diz.


O otimismo reflete-se no planeamento traçado para o período da pandemia. Com apenas seis portugueses entre os 25 jogadores, a direção comemora a permanência de todo o elenco em Portimão durante o confinamento. Inclusive do “exército” de brasileiros no clube, composto por 12 jogadores e sete integrantes da comissão técnica. “Apesar de estarem de férias e das restrições impostas pelo estado de emergência, todos resolveram ficar em Portimão, o que mostra o compromisso com os objetivos”, disse.
Como todos os demais setores da economia, o Portimonense também adotou o teletrabalho e uma equipa está a cargo de acompanhar o treino, realizado via streaming. O clube instalou equipamentos como passadeiras e bicicletas ergométricas nas residências dos atletas e desenvolveu um cardápio específico. “Os nutricionistas elaboraram um sistema de catering para atender aos jogadores solteiros e que vivem sós”, conta.
O clube acompanha atento as propostas iniciais da Federação Portuguesa de Futebol e da Liga Portuguesa, de um possível reinício das atividades externas de forma individual a partir de Maio, seguido por movimentações em grupo até ao retorno aos jogos, em Junho, com as bancadas cerradas. “Todos estamos empenhados na retoma do campeonato, o que não depende só da FPF ou da Liga, mas das autoridades garantirem a segurança. Faltam dez jornadas e serão 10 decisões. Temos hipóteses de permanecer e é o nosso objetivo. Mas antes disto, está a saúde dos jogadores e dos demais profissionais. Só voltamos aos treinos e aos jogos se o governo garantir que é cem por cento seguro”, afirma o dirigente.