O dia desta terça-feira fica marcado pela mão pesada da UEFA para com FC Porto e Benfica, na forma de castigos, assim como a crença de Pedro Proença de que será possível terminar as provas nacionais até 30 de junho. No que concerne aos castigos, Soares levou uma suspensão de três jogos aplicada pelo Comité de Ética, Controlo e Disciplina da UEFA. Em causa está a expulsão do avançado dos azuis e brancos na receção ao Bayer Leverkusen para a segunda mão dos 16 avos de final da Liga Europa. Para além disso, os dragões têm ainda a pagar 63 mil euros em multas (35 devido a atrasos na Alemanha, 10 por conduta imprópria da equipa na partida em casa e 18 por acessos das bancadas bloqueados).
O Benfica também se viu alvo de castigo da parte do organismo que rege o futebol europeu. A UEFA aplicou, assim, uma multa de dez mil euros aos encarnados pelo atraso da equipa no começo ou reinício do encontro frente ao Shakhtar Donetsk, na Ucrânia, na primeira mão dos 16 avos de final da Liga Europa. O clube tem 90 dias para executar o pagamento da multa, com Bruno Lage a levar ainda um aviso formal.
Em termos mais nacionais, Pedro Proença acredita que será possível terminar a temporada até 30 de junho, atualmente parada devido à pandemia de COVID-19 que afeta todo o mundo. Em relação a este tema, pode consultar o Último Passe do António Tadeia desta terça-feira, que se baseia naquilo que irá acontecer caso não seja possível voltar a jogar esta época.
De volta a Pedro Proença, o presidente da Liga traçou uma análise geral ao que tem acontecido desde a paragem das provas. “Estamos a atravessar uma decisão histórica por razões negativas, pela primeira vez foi preciso suspender a atividade e por tempo indeterminado. Tivemos capacidade de perceber o momento de crise, também estamos a cumprir a obrigação de estar em casa, que é uma obrigação moral para o quanto antes podermos restabelecer normalidade à atividade económica e desportiva. Estamos todos na expectativa de passar esta fase negra, que vai ter consequências para tudo e todos. Sabemos que estamos dependentes de instâncias governamentais, da DGS. Também as instâncias internacionais – amanhã há uma reunião com a UEFA onde as ligas/federações têm expectativas de receber instruções sobre o futuro próximo. Os clubes estão imbuídos do espírito de que as competições devem regressar e temos três meses para uma retoma com a época a terminar a 30 de junho”, referiu o presidente da Liga em entrevista à ‘TSF’.
Proença defendeu ainda que não é do interesse geral que as competições venham a prolongar-se até julho ou agosto. “Todos já percebemos, pela pirâmide das competições, que é fundamental que as ligas terminem, porque isso permite dar alguma normalidade e preparar a próxima época sabendo quem tem acesso a competições internacionais, o campeão, quem é despromovido. Não podemos colocar em causa esta época e as vindouras. Acreditamos que vai ser possível jogar ainda nesta temporada. Daremos o passo tendo garantia das autoridades de que há condições para essa retoma, mas queremos ter um campeão, por isso vamos tranquilizar a cadeia desportiva.”
O presidente da Liga admitiu ainda a possibilidade de que aquilo que falta seja disputado à porta fechada. “Porta fechada? Estamos sempre dependentes das autoridades de saúde. Vamos tentar perceber quando sairmos do estado de emergência quais serão as contingências. Todos os cenários estão equacionados. A porta fechada foi o primeiro cenário, antes da suspensão, sendo que o principal objetivo é terminar a época; podemos também ter um torneio que pudesse condensar as competições. Depende do tempo que tivermos para terminar sem mexer com a próxima temporada.”


No dia em que o jornal do Sporting cumpre 98 anos de existência, o emblema leonino frisa que “continua na luta” para que lhe sejam reconhecidos 22 campeonatos nacionais, ao invés dos 18 atribuídos atualmente. Com críticas ao silêncio da Federação Portuguesa de Futebol em relação ao assunto, o Sporting sustenta ainda a posição com uma entrevista ao historiador, investigador e professor Diogo Ramada. “Até 1937, o Campeonato de Portugal era a prova máxima do país de um ponto de vista legal [oficial] e social [na imprensa]. A ideia de que o Campeonato Nacional da I Divisão e a Taça de Portugal são a continuação, sob outra designação, das Ligas e do Campeonato de Portugal é falsa e tem origem num equívoco lamentável da Direcção da Federação, que é ilegal de um ponto de vista procedimental, contrário às decisões do Congresso Extraordinário de Agosto-Dezembro de 1938 e insustentável de uma perspectiva histórica”, referiu Diogo Ramada na publicação.
A edição do jornal do clube contou ainda com vários testemunhos, entre os quais o de Aurélio Pereira, por muitos anos responsável pelo recrutamento na formação leonina. Aurélio Pereira realçou a importância do desporto rei. “Na altura só se jogava futebol de rua, éramos miúdos e andávamos todos a jogar durante 24 horas por dia e mais três à noite [risos]. Acabava quando vinha a polícia. O futebol era uma coisa fantástica e nunca percebi que raio de cabeças eram aquelas que não percebiam isso. A polícia não nos deixava jogar futebol na rua e na escola também nos proibiam. Era onde calhava. Havia uns terrenos baldios na Venda Nova, onde são agora as Pedralvas. Eram terrenos que estavam à nossa disposição. Depois era fácil: duas pedras, uma bola de pano e estava feito. O futebol tem uma força incrível. O futebol é tão forte que Deus quando construiu o mundo, ao sétimo dia descansou porque havia futebol e, provavelmente, jogava o Sporting.”
Por falar em Sporting, Aquilani considera o dérbi lisboeta entre o clube de Alvalade e o Benfica como superior ao da capital italiana (AS Roma e Lazio) ou de Liverpool (Liverpool FC e Everton), paragens pelas quais passou. “Deito-me sempre como um adepto da AS Roma, por isso jogar contra a Lazio era sempre uma emoção especial para mim. Foi ótimo marcar um golo naquele dérbi das onze vitórias consecutivas. Nessa noite dormi zero minutos. Os dérbis são sempre uma parte importante da temporada, seja em Roma, seja em Liverpool. Mas o dérbi mais forte que vivi foi o de Lisboa. Incrível. Existe uma rivalidade extraordinária entre o Benfica e o Sporting”, referiu o ex-Sporting em declarações à ‘Sky Sports’.
Visto que é raro o futebol em direto para ver nestes dias, salvo uma ou outra exceção (a única na Europa é a Bielorrússia), o Álvaro Filho preparou uma lista de séries e filmes que pode assistir no sofá, todas elas relacionadas com o mundo do desporto rei. Pode ver aqui as recomendações.
Num momento em que não são dadas alegrias nos relvados tendo em conta a suspensão do desporto rei, há uma imagem que fica na memória desta terça-feira. O Estádio Municipal José dos Santos Pinto, do SC Covilhã, acordou coberto de neve neste dia friorento, tal como pode verificar na imagem abaixo. O clube do segundo escalão aproveitou para deixar uma mensagem nas redes sociais, onde apelou ao isolamento social. “Hoje o nosso estádio acordou assim. Nós levamos o estádio até ti, fica em casa”, pode ler-se na publicação do clube serrano.


Lá por fora, tal como já tinha sido antecipado na segunda-feira, o Tottenham voltou aos treinos nesta terça-feira, mas por videoconferência. Com o preparador físico a conduzir a maior parte da sessão, ouviu-se ainda José Mourinho a apelar aos jogadores para que se recriem com a bola em casa, mesmo que seja por pouco tempo. “Cinco minutos em contacto com a bola. Se tiverem um jardim, vão para o jardim. Cinco minutos simplesmente a tocar na bola. Joguem com os vossos filhos, contra a parede ou com alguém que esteja em casa”, disse o técnico dos spurs aos jogadores.