O governo vai, ao que parece, dar luz verde para o regresso do futebol profissional a partir de 1 de Junho, desde que os jogos sejam feitos à porta fechada, mas não precisaremos de esperar tanto para que o vírus da indignação substitua o coronavírus nas preocupações de alguns. É bom que todos tenham em mente uma coisa: não há soluções perfeitas e justas para uma situação que é incontrolável. Toda a gente vai ter razões de queixa e, sem achar que as soluções adotadas vão ser sempre as menos injustas, também entendo que este é o momento em que a concertação faz mais falta. Por muito que isso seja o menos desejado pelos muitos especialistas em indignação que fazem das redes sociais o seu quintal.
Os pacientes-zero deste novo vírus já andam por aí desde os primeiros tempos, quando ainda nem se suspeitava da data de regresso dos jogos. Eram os que achavam que a Liga não devia ser interrompida e os que acham que não faz sentido reatá-la sem público nas bancadas. Os que defendiam que se devia voltar a jogar e os que sustentavam que isso não faz nenhum sentido. Os que, defendendo a impossibilidade de se voltar a jogar, garantiam que o campeão tinha de ser quem ia à frente agora e os que juravam que devia ser quem estava à frente no fim da primeira volta. Os que, ainda nesse caso, defendiam que houvesse subidas, descidas e atribuição de vagas europeias em função da classificação e os que votavam pelo recurso à classificação do ano anterior, congelando os participantes. Os que, defendendo o reatar da competição, exigem que os jogos sejam em campo neutro e os que alegam que isso desvirtua a verdade desportiva e que todos têm de jogar nos estádios previamente designados. Os que viram na reunião do primeiro ministro com a FPF, a Liga e os três maiores clubes nacionais uma desconsideração para os restantes e os que acham que quem lá faltava mesmo eram os treinadores, os árbitros, os médicos e até uma associação de adeptos representativa, que não temos.
Da crise vão sair, necessariamente, soluções negociadas – e foi por isso que os três clubes grandes foram chamados a São Bento, porque são eles que arregimentam mais gente e um comprometimento dos três com a solução encontrada é visto como um bom ponto de partida para a concórdia.
É claro que, sendo possível, o futebol deve regressar, porque é uma indústria, como é a do retalho – e os centros comerciais também vão reabrir a 1 de Junho. Ora, as indústrias têm trabalhadores, que precisam de trabalhar para sobreviver. E no caso do futebol não estou a falar só dos jogadores, muito menos dos de top, mas de toda a gente que depende do setor para pagar as contas ao fim do mês.
É claro que, sabendo nós hoje que os jogos entre a Atalanta e o Valência CF, ou entre o Liverpool FC e o Atlético de Madrid, foram dos principais focos de disseminação da Covid19, seria irresponsável jogar com público nas bancadas – se pudermos resumir o risco de infeção aos jogadores, tendo em conta que eles não fazem parte dos grupos de risco e a maioria nem sintomas deverá revelar, isso é bem melhor do que aumentar as cadeias de transmissão em nome da poesia de um festejo em comunidade.
É claro que, mais ainda devido à eficácia que Portugal teve no abrandamento da pandemia a nível local pelo confinamento, vamos ter uma segunda vaga e ela pode ser mais avassaladora do que foi a primeira, mas também é seguro que para a impedir teríamos de continuar todos fechados em casa por mais um ano, ano e meio, até haver uma vacina.
É claro que, mesmo que a I Liga chegue ao fim, vamos ter situações injustas nos escalões mais abaixo, de equipas que investiram e não vão poder ser promovidas – o que chama a atenção para a existência de SADs profissionais nos campeonatos distritais –, de equipas que descem sem esgotarem todo o percurso que tinham à frente para fugir ao cadafalso. Até já deixei aqui uma proposta de requalificação dos quadros competitivos, mas também sou sensível à ideia de que, tendo o futebol de passar uma era de escassez, por diminuição de receitas, faça pouco sentido promover alargamentos, que só aumentariam o número de “bocas a alimentar” e diminuiriam o que caberia a cada uma.
Não digo que as soluções a encontrar não tenham inevitavelmente dedo dos mais poderosos, que farão sempre valer a sua influência, e acho que os mais pequenos devem lutar contra isso com todas as forças – esta era a altura ideal, por exemplo, para que se volte a falar de centralização de direitos televisivos e distribuição mais equilibrada de receita. Mas nada pode ser pior do que uma solução que venha a ser disputada a posterior, depois de implementada. Ai do futebol português se não encontrar agora a vacina contra o vírus da discórdia – pode vir aí uma epidemia de casos-Mateus e a implosão de qualquer tipo de organização futura.
SOLUÇÃO O CLUBE DO REGIME GANHA SEMPRE MESMO SEM JOGAR . O CLUBE DO REGIME NÃO DESCE DE DIVISÃO POR CORRUPÇÃO ..QUEM NÃO ACEITAR CENSURA PRESO E CONDENADO A MORTE .
UM ESTRANGEIRO EM 5 MINUTOS ENTENDE EM PORTUGAL GENTE QUE DIZ ACOMPANHAR O FUTEBOL A 30 ANOS NÃO ENTENDE KKKKK OU TEM DE ESCONDER ?