O futebol não tem grandes segredos. O espaço no campo é sempre o mesmo, o que muda é a forma como as equipas o ocupam, são os comportamentos coletivos que levam a que se consolide uma ou outra forma de jogar até ao ponto em que se fica confortável – e em que os adversários encontram antídotos e modos de explorar debilidades. O sucesso está no meio, naquele período em que uma equipa já está confortável e é eficaz, mas em que os adversários ainda não a descodificaram por completo. Mudar antes de tempo é parvoíce, insistir quando as coisas já não resultam é teimosia.
O Benfica, que cristalizou numa fórmula que foi de sucesso até determinada altura da época, estava a passar dificuldades – sobretudo defensivas… – que levaram Bruno Lage a tentar reinventar a equipa com a introdução de um terceiro médio, que já foi Chiquinho (no Dragão, por exemplo), Pizzi (em Donetsk) e agora Samaris (em Barcelos). No final do jogo de ontem, o treinador afirmou que tentou “ter muitos jogadores no centro para criar finalizações, mas ao mesmo tempo ter a equipa equilibrada”. Ganhou o jogo a um Gil Vicente que, ali, já tinha vencido o FC Porto e o Sporting e que empatara os dois jogos com o SC Braga, pelo que a tentação natural será a de dizer que acertou com a fórmula, mas isso não é líquido. Porque a equipa não se apresentou assim tão equilibrada: mesmo com Weigl, Samaris, Pizzi e Taarabt por dentro, permitiu mais remates ao adversário (treze) do que aqueles que fez (oito) e voltou a agradecer o zero na baliza a Vlachodimos. E porque, de todos os sistemas, o 4x2x3x1 é o mais fácil de descodificar e contrariar, o que faz adivinhar problemas nos jogos em casa contra equipas que coloquem o autocarro à frente da baliza.
Ainda assim, as três variáveis utilizadas por Lage nos últimos jogos têm nuances.
No Dragão, com Rafa e Pizzi nas alas, abdicando de Cervi, e colocando Chiquinho mais perto de Weigl e Taarabt que de Vinicius, o Benfica era mais imprevisível: mostrava criatividade no espaço interior, capacidade para desmarcações de rotura ou condução de bola de fora para dentro, mas faltava-lhe labor defensivo, sobretudo nos corredores laterais. Dos três, foi o jogo com saldo de remates mais negativo (8-15), o que surpreende porque a equipa encarnada passou toda a segunda parte a tentar recuperar dos 1-3 que se verificavam ao intervalo e até fez o 2-3 quase a abrir.
Em Kharkiv, com Pizzi assumido no corredor central, Chiquinho e Cervi nas alas e o meio-campo entregue a Taarabt e Florentino, a equipa era muito mais rígida. O facto de se tirar a Pizzi a possibilidade de surpreender nas movimentações ofensivas, colocando-o de início no ponto de chegada das suas diagonais, levou ao jogo de menor produção atacante, mas nem por isso a uma partida de particular acerto no ponto de vista defensivo. Das três, a de Kharkiv terá sido a melhor exibição de Vlachodimos, a quem o Benfica (8-11 em remates) ficou a dever o ainda assim razoável resultado e a possibilidade de uma viragem da eliminatória na segunda mão, na Luz.
Em Barcelos, por fim, com Samaris e Weigl a assumirem o início da organização, o grego a baixar para o espaço entre os centrais e o alemão a procurar dar-lhe caminhos de saída em passe atrás da primeira linha de pressão adversária, o Benfica ganhou segurança, mas perdeu o risco e a imprevisibilidade que lhe confere o facto de ter ali Taarabt, que apareceu mais à frente. Rafa e Pizzi partiam dos corredores e procuravam também o espaço interior, forma de abrir caminho às investidas dos dois laterais. O jogo foi muito mais controlado e paciente, mas nem por isso foi melhor: foi mais lento também, sem as vias de aceleração súbita que caraterizam o futebol do Benfica, fazendo prever dificuldades quando o adversário subir o nível.
Como vai ser o Benfica para o resto da época? Neste momento, provavelmente, nem Bruno Lage o saberá ainda. É aqui que se aplica mais o “jogo a jogo” a que o treinador recorre para explicar a sua estratégia de planeamento da temporada. Mas é seguro que enquanto não estabilizar numa fórmula de sucesso, o Benfica não voltará a ser tão avassalador como chegou a ser na segunda metade da época passada ou até, em certa medida, no início da presente, até os adversários o descodificarem e passarem a explorar-lhe as debilidades.
Bem este Sr Amadeu deve dormir no sofá de tanto azedo que é.
Voltando ao futebol ontem mais uma vez mostramos as nossas fragilidades no entanto não sofremos golos o que é muito bom penso que a entrada de samaris foi fundamental acho que com o shaktar vai ser melhor ainda espero .
E boa sorte aos outros na liga europa .
….sim, no jogo de hoje houve segurança e previsibilidade, mas não teve a ver com Lage, antes com o afago do padre. Como sempre, nos jogos da organização criminosa disfarçada de clube de futebol, você, qual criatura angelical que só vê o bom das almas, refutando qualquer indecente e rasteira insinuação, não tem a coragem de dizer que o golo da OC foi precedido dum claro fora do jogo. Continue assim..