Esta terça-feira fica marcada pelos anúncios da UEFA relativamente ao futuro do futebol e das datas para as competições. O Europeu de seleções, agendado para este verão, fica adiado para 2021, enquanto as provas nacionais e internacionais de clubes têm de estar concluídas até 30 de junho, caso sejam reatadas. No que diz respeito às europeias, aponta-se a final da Champions para 27 de junho e a da Liga Europa para 24 de junho. É nesta atmosfera que vivemos nos dias que correm em quarentena devido ao Coronavírus COVID-19, o principal inimigo de todos, já com 448 casos confirmados no nosso país e uma morte.
Ora bem, na sequência da reunião com a Associação Europeia de Clubes, as Ligas Europeias e a FIFPRO Europe, a UEFA deu a conhecer neste dia o plano de contingência que pretende executar. No que diz respeito aos clubes, o organismo que rege o futebol europeu reforçou o compromisso em terminar as competições nacionais e internacionais até ao fim do mês de junho, assim que a situação melhore e o regresso ao futebol seja seguro o suficiente. A entidade prevê ainda limitações nos calendários, com jogos de campeonato a poderem ser a meio a semana e os europeus durante o fim-de-semana. Para além disso, as datas das fases de qualificação da Champions e da Liga Europa 2020/21 poderão vir a sofrer alterações.
Ficou também confirmado o adiamento do Euro’2020 em 12 meses, ou seja, será disputado de 11 de junho a 11 de julho de 2021. A UEFA defendeu, através de comunicado, que a prioridade passar por concluir os campeonatos. “Foi dada prioridade à conclusão dos campeonatos nacionais, num esforço de solidariedade sem precedentes da UEFA (…). A saúde de todos os envolvidos é a prioridade, assim como evitar uma pressão desnecessária nos serviços nacionais de saúde envolvidos nas cidades que recebem jogos. A decisão ajudará a que todos os campeonatos nacionais, atualmente interrompidos, possam ser finalizados”, referiu o organismo.
Fernando Gomes, presidente da Federação Portuguesa de Futebol, considera que a decisão de adiar o Europeu defende “jogadores e clubes”. “Todos queríamos jogar o Euro 2020 e todos temos noção da importância vital desta competição na sustentabilidade financeira do futebol europeu, mas entendemos que não estavam reunidas as mínimas condições para a prova se realizar”, disse Fernando Gomes em declarações ao site da federação. “A decisão vai defender melhor – a curto, médio e longo prazo – jogadores e clubes europeus. A data que ficou definida para realizar o Euro, entre 11 de junho e 11 de julho de 2021, poderá constituir um espaço vital para tomar decisões em relação às competições nacionais e europeias de clubes que estão interrompidas e que temos a esperança de poder retomar e finalizar. Sabemos que quanto mais depressa estes agentes recuperarem destes efeitos mais depressa recuperará o futebol”, concluiu.
Palavras menos positivas teve Pedro Proença para António Costa, depois do Primeiro-Ministro ter dito que o futebol “está longe de ser uma prioridade” no que concerne a apoios nestes tempos de pandemia do COVID-19. O presidente da Liga Portugal pediu “respeito” e considerou “inapropriadas e inadequadas” as declarações de António Costa. “Todos percebemos que atravessamos um momento de grande complexidade. A prioridade é a recuperação e saúde das pessoas. Mas essas declarações espantaram-me, no mínimo. Terão sido inapropriadas e inadequadas face ao momento. O futebol não é um mundo à parte, tem de ser tratado como o turismo ou a distribuição, ou como a cultura. O futebol é neste momento das poucas indústrias na Europa que ocupa o sexto lugar no ranking. Só a cortiça se equipara. Contribuímos com mais de 0,3 por cento do PIB. O futebol exige respeito e é uma indústria com números únicos. Queremos ser respeitados. Não fizemos qualquer exigência. Que seja equiparada a qualquer outra indústria”, referiu Proença em entrevista na ‘Sport TV’.

O presidente da Liga deixou ainda elogios à decisão da UEFA no adiamento das competições e defendeu que o campeão deverá ser através de mérito desportivo. “Equacionar uma liga sem um campeão ou que não se perceba por mérito desportivo quem acede à Liga dos Campeões ou Liga Europa era absolutamente terrível para o planeamento da próxima época. Com o sinal que a UEFA deu, estamos na antecâmara de voltar com maior celeridade à normalidade das competições”, salientou.
Falamos no que vai ser dos campeonatos e caso se confirme as datas anunciadas pela UEFA, poderá ser difícil terminar a época nos meses de verão. É essa uma das conclusões do João Pedro Cordeiro ao analisar todos os plantéis da Liga Portuguesa e das cinco principais ligas europeias, tal como pode ler aqui.
A Copa América será também disputada no próximo ano, com data igual à do Europeu. Já nesta terça-feira, a CAF anunciou também que a Taça das Nações Africanas será adiada, ainda com data por definir. O Mundial de Clubes também deverá ser alvo das mesmas medidas, de acordo com Gianni Infantino. “Decidir mais tarde – quando existir mais clareza sobre a situação – quando recalendarizar o Mundial de Clubes para 2021, 2022 ou 2023. Discutir com o Governo chinês e com a federação chinesa o adiamento do novo Mundial de Clubes de 2021 para minimizar o impacto negativo”, pode ler-se no comunicado da FIFA. A competição, agendada para decorrer na China, iria estrear o formato de 24 equipas.
Com todas as incertezas que rodeiam o futuro das competições, mesmo com as decisões das entidades, Pinto da Costa ofereceu uma ideia para se definir o campeão em Portugal, num momento em que são muitas as propostas efetuadas para tal. “Para agradar aos papagaios e cartilheiros de Lisboa o que proponho é que o campeão seja decidido através dos jogos entre o primeiro e segundo classificados, com a condição de o título ser atribuído à equipa que tenha perdido esses dois jogos”, atirou o presidente do FC Porto, no tom irónico que se conhece. Por falar em Pinto da Costa, os candidatos às eleições do FC Porto tinham até hoje para entregar as listas concorrentes. No Último Passe de hoje, o António Tadeia abordou a estratégia de “silêncio dos candidatos“.

Com a pausa no desporto rei, são vários os apelos à nostalgia. Por exemplo, Bruno Fernandes recordou a primeira chamada à Seleção Nacional e as palavras de Cristiano Ronaldo que jamais irá esquecer. “Desde o início que fui bem recebido por ele [Ronaldo] na Seleção. Nós, os jogadores mais jovens, olhamos para ele como um ídolo – para mim sempre foi. No primeiro estágio foi muito importante. Veio ter comigo e disse-me: ‘Estás a fazer um bom trabalho no Sporting, dá o teu melhor aqui. Continua assim’. Foi um sonho para mim. Foi ele que veio ter comigo, não o contrário. Essas palavras fazem a diferença. Respeitamos sempre os jogadores mais fortes, mas esse gesto dele foi um sinal”, contou o jogador do Manchester United ao portal italiano ‘Cronache di Spogliatoio’.
Renato Sanches também traçou uma análise à época positiva que tem vivido, uma espécie de ‘segunda vida’ com a camisola do Lille OSC. “Só cheguei ao Lille há alguns meses mas já me sinto integrado, tanto no clube como na cidade e no país. Tive vários problemas físicos que me impediram de jogar regularmente desde o começo da época. Ainda assim, nesse período contei com o apoio dos meus companheiros, especialmente do José Fonte. Não foi fácil ao início. Vim de uma equipa com uma filosofia de jogo diferente, de um campeonato diferente… Precisei de tempo para me adaptar mas agora estou a mostrar o meu melhor e aquilo que valho. Trabalhei muito para voltar ao meu melhor nível e também para ganhar auto-confiança”, disse Renato Sanches ao site do clube.