A forma como Bruno Fernandes chegou a Manchester e tomou de assalto não só o meio-campo como toda a equipa do United num mês é a prova da importância que um só jogador, se no tempo e no lugar certos, pode mudar uma equipa. E este United, por ser um grande e estar muito abaixo daquilo que podia atingir, apareceu no tempo e no lugar certos para mais este passo no crescimento do médio português, que até já foi escolhido como jogador do mês de Fevereiro na Premier League pela Players Football Association. Basta vê-lo em campo para entender porquê.
Os números são imponentes. O United, que em Janeiro perdera quatro e empatara um dos nove jogos disputados, ganhou cinco e empatou três dos oito desafios marcados para o mês de Fevereiro, o mês de Bruno. Nesses oito jogos, o português marcou três golos, fez três assistências, é o mais rematador, o segundo que mais vezes toca a bola e ainda tem tempo para comandar as operações em campo – está constantemente a dar ordens aos colegas – e para mandar Pep Guardiola baixar a bolinha junto à linha lateral. Esse “shhhh” ao técnico do City terá sido a cereja cénica no topo do bolo que Bruno representa para os indefetíveis de Old Trafford. Mas a coisa pára aqui.
Enquanto o negócio andou naquele pára-arranca do mês de Janeiro, sobretudo porque o Sporting precisava do dinheiro e o United perdeu tempo a achar que estava a poupar esse mesmo dinheiro regateando, cheguei a dizer que se Bruno fosse mesmo para o United, aquilo em Old Trafford era “ele e mais dez”. Ele encaixava ali como uma luva. Senão vejamos. O United é um clube grande, que se adapta não só ao futebol como à personalidade de Bruno. Sofria de um vazio de liderança, não só em campo, onde lhe faltava a referência que Pogba, pelo feitio estouvado, nunca soube nem quis ser, como no banco. E ainda se debatia com o peso excessivo da opinião das antigas glórias em programas de TV, que em Inglaterra não debatem os foras-de-jogo e os penaltis mas sim coisas fúteis como a influência de um jogador da equipa.
Bruno chegou e mudou. Mudou a equipa, mudou os resultados, mudou até os colegas, que se sentem mais responsabilizados, e mudou a perceção que os adeptos têm da equipa, devido ao que dele dizem aqueles que falam nas TV e que sabem o que é liderar o United em campo. E para se perceber melhor a influência dele na equipa do United é recordar a influência que ele – ainda – não conseguiu ter quando chegou à seleção nacional. Bruno Fernandes não é menos jogador na equipa de Fernando Santos, mas esta não apresenta o tal tempo certo para ele. Senão vejamos: Portugal nem sempre quer jogar como equipa grande, tem um líder em campo, que é Cristiano Ronaldo, e outro no banco, que Fernando Santos disso não abdica, além de que por cá os programas de televisão acerca da equipa nacional são e serão sempre para prolongar as polémicas da Liga de camisola do clube vestidas, discutindo esferas de influência através do que valeram no mercado ou do que ali representam Bernardo Silva, João Félix e o próprio Bruno Fernandes.
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