O Benfica superou um duro teste, ao vencer o Vitória SC, em Guimarães, por 1-0, aumentando, ainda que à condição, a vantagem sobre o FC Porto no topo da tabela para sete pontos e criando ainda mais pressão para o clássico de amanhã, em Alvalade. Como pode ver aqui, valeu um golo de Cervi, na já tradicional ligação dos dois médios-ala por dentro (a assistência é de Pizzi) a originar o único remate que os campeões nacionais fizeram durante toda a primeira parte. Com esta vitória, a equipa encarnada alargou para 16 a série de vitórias consecutivas em jogos fora de casa para a Liga. Um recorde igualado, que pode mesmo ser batido na próxima saída do Benfica, a visita ao Sporting, daqui a duas semanas.
No fundo, o Vitória SC cumpriu aquilo que Ivo Vieira prometera: teve mais bola, dominou o jogo, mas acabou por perder. Foi a equipa da Liga Europa, a equipa que já tinha dominado e perdido jogos com o Arsenal ou o Eintracht Frankfurt, por exemplo, por lhe faltar qualidade de definição no último terço. E pela frente teve o Benfica da Liga Portuguesa, uma equipa que não precisa de ter muito volume de jogo para fazer um golo e virar a seu favor jogos que se põem complicados, precisamente por ter muita qualidade na definição. Assim se ganham campeonatos. E apesar de, como lembrou Bruno Lage no final da partida, os sete pontos de atraso com que o FC Porto entrará amanhã no relvado de Alvalade serem os mesmos que este Benfica tinha para o mesmo FC Porto há um ano (e o campeonato virou…), a vantagem começa a ser pressionante.
O peso da história e do jogo
O clássico de amanhã está marcado por vários fatores. A história recente só será um deles até ao momento em que a bola começar a rolar, porque é mais disso que se fala, à falta de outros assuntos palpáveis e concretos. É que o FC Porto não ganha ao Sporting em Alvalade desde 5 de Outubro de 2008, quando golos de Lisandro López e Bruno Alves ali garantiram os três pontos à equipa comandada por Jesualdo Ferreira, tendo o Sporting de Paulo Bento respondido num penalti de João Moutinho. Ficou 2-1 para os dragões, que nessa época viriam a ser campeões nacionais. Mas depois disso já passaram 14 vezes por Alvalade sem ganhar, registando oito empates e seis derrotas e marcando apenas cinco golos, nunca mais do que um por jogo.


Sérgio Conceição desvalorizou esse aspeto. “Nunca liguei muito a isso. Todos os jogos são diferentes, todos têm a sua história e quem a escreve somos nós, treinadores e jogadores”, afirmou o técnico do FC Porto, que até lembrou um pormenor: “Quando estava na Académica, venci o FC Porto por 1-0 e isso não acontecia há 40 e tal anos”. Ora como isso para Jorge Silas também nem sequer é assunto, entra-se no jogo propriamente dito, que eu também antecipei, na edição de ontem do Futebol de Verdade (que pode ver aqui). Diz o treinador do Sporting que no clube em que está, se entra sempre em campo com a “responsabilidade de ganhar”. “Respeito muito o Sérgio e os jogadores do FC Porto, mas jogamos sempre para ganhar”, diz Silas, acrescentando que se o conseguir o Sporting reentra na luta pelo segundo lugar e pela qualificação para a terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões, que neste momento está a nove pontos de distância. Só que, como se sabe, um jogo destes não vale apenas três pontos. “Vale os três que se ganha e os três que o adversário perde”, explica Conceição.
Os dois treinadores alongaram-se também sobre as caraterísticas do adversário de amanhã. Silas falou de um FC Porto com “um futebol vertical, passes longos para os jogadores da frente… Tem a questão da profundidade, mas também tem algumas debilidades que podemos explorar”. Conceição reconheceu o cunho pessoal do treinador adversário no futebol do Sporting e, apesar de ver ali uma equipa “que gosta de atacar e que coloca muita gente no último terço”, assegura que os leões não defendem mal. “O Sporting está mais organizado”, assevera o treinador do FC Porto, que alinhou com o adversário na dimensão estratégica de um jogo destes. “Isto é como um carro de Fórmula 1. Antes da corrida é preciso olhar para a pista, escolher os pneus em função das condições meteorológicas. Os jogos não são iguais e temos de ajustar a equipa para dar resposta a essas situações”, disse Conceição. “É possível que possamos fazer uma ou outra alteração. Vencemos os últimos quatro jogos, estamos a ganhar rotinas, mas vamos defrontar um adversário que pode obrigar-nos a mudar”, concordou Silas.


Conceição incluiu Danilo na lista de jogadores que fizeram a viagem até Lisboa, mesmo tendo em conta que o médio portista tem estado a treinar condicionado durante toda a semana. Do outro lado, Silas não vai contar com Pedro Mendes, o tal avançado por quem os adeptos sportinguistas tanto têm suspirado, mas que hoje jogou (e marcou o golo da vitória, já em período de descontos) pelos sub23 leoninos.
Bolas paradas, a NASA e um Super-Braga
A 15ª jornada da Liga arrancou com dois jogos logo às 15h30 e deles saíram apenas três golos. Todos de bola parada (um livre lateral e dois cantos) e todos de cabeça. O Santa Clara voltou às vitórias, batendo fora o CD Aves por 1-0, como pode ver aqui. E o Boavista não foi além de um empate frente ao Portimonense (1-1), na estreia de Daniel Ramos à frente dos axadrezados. Aqui tem também, os principais lances do jogo do Bessa. Nem o facto de terem arrancado um ponto apenas nos descontos inibiu os responsáveis algarvios de protestar com vigor contra a atuação do VAR. Em causa estava a anulação de um golo a Aylton Boa Morte, por um fora de jogo de oito centímetros. “Nem a NASA consegue explicar”, disparou Theo Fonseca, o acionista maioritário da SAD algarvia.
Quem teve uma estreia absolutamente extraordinária foi Rúben Amorim, o novo treinador do SC Braga, que levou os três pontos do duelo contra a Belenenses SAD, no Jamor. Mais. Ganhou por 7-1, como pode ver aqui. “Foi um dia perfeito”, disse no final Amorim, mais um que não tem o grau necessário de habilitações para poder dirigir uma equipa na I Liga. “Estamos desolados, mas amanhã é outro dia”, contrapôs Pedro Ribeiro, o treinador da Belenenses SAD. Certo é que por estes dias já não haverá quem se lembre de continuar a contestar a demissão de Ricardo Sá Pinto em Braga. António Salvador, afinal, é um génio.


Três Taças e a Liga espanhola
No estrangeiro, o maior destaque do dia foram os jogos para as Taças. As de Inglaterra e de França, mas sobretudo a Supertaça da Arábia Saudita. É que se de um lado estava Rui Vitória, do outro estava Paulo Sérgio e um contingente de jogadores habituados ao futebol português. No final, ganhou o Al-Nassr de Vitória, mas só nos penaltis, depois de nos 90 minutos o jogo com o Al-Taawon ter acabado empatado a uma bola.
Em Inglaterra, não se marcaram golos no duelo entre Wolverhampton e Manchester United, pelo que a eliminatória segue agora para jogo de repetição, em Old Trafford. De resto, meia-surpresa só mesmo o empate do Watford em casa com o Tranmere Rovers, mais até por causa da forma como sucedeu do que pelo facto de os Rovers andarem duas divisões abaixo: o Watford chegou a estar a ganhar por 3-0, mas ainda permitiu a recuperação para 3-3 nos últimos 25 minutos.


Em França, o AS Mónaco sofreu para eliminar o Stade Reims, em casa, no primeiro jogo após a substituição de Leonardo Jardim por Roberto Moreno: só ao quinto minuto de compensação e depois de o adversário ter falhado uma grande penalidade é que Keita fez o seu segundo golo da tarde, assegurando uma vitória por 2-1.
Em Espanha, jogou-se o campeonato e o Real Madrid igualou o FC Barcelona no topo da tabela, beneficiando do saldo favorável nos dois dérbis regionais. Os madridistas ganharam fora ao Getafe por 3-0, com um invulgar bis de Varane antes de um terceiro golo de Modric, enquanto que o Barça não foi além de um empate a duas bolas no terreno do vizinho Espanyol, que nem assim escapou ao último lugar da tabela. O golpe de teatro chegou aos 88′, com um tento do chinês Wu Lei, já depois de os blaugrana terem sido reduzidos a dez homens por expulsão de De Jong.

