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Histórias, Reportagem

Neste reino Klopp é soberano, mas não regicida ou insurrecto

João Pedro Cordeiro por João Pedro Cordeiro
Novembro 21, 2019
14 min de leitura
Klopp Guardiola Posse Pressão
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Liverpool não vivia um momento assim há muitos anos. Na verdade, talvez não viva fase parecida desde que, em 1988/89, conquistou o título inglês pela última vez, ainda este não se chamava Premier League. Afinal, é com oito pontos de avanço para o segundo classificado, e por isso instalado na liderança isolada, que o Liverpool FC regressa à competição. Um fosso aberto, precisamente, na jornada que antecedeu nova ronda de futebol de seleções, com o triunfo por 3-1 sobre o Manchester City, que distanciou os dois primeiros classificados da liga em nove pontos. Para muitos, o jogo definiu um ponto de viragem no futebol mundial: o futebol de posse vergou-se, por fim, ao futebol de pressão. Fará isso sentido, sequer? Neste reino, Klopp é soberano, mas não regicida ou insurrecto.

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“Não. Não só não entendo o futebol de posse como em oposição ao de pressão, como acho que as equipas de posse são mais fortes quando pressionam alto”, diz-nos de forma peremptória Blessing Lumueno, treinador, comentador e analista de futebol. Na verdade, nenhum analista concebe que pressão e posse sejam conceitos antagónicos. Jorge Castelo, treinador e um dos maiores metodólogos do futebol em Portugal, vai até mais longe e insurge-se contra conceitos que não são mais do que produtos efémeros, “fruto de análises mais superficiais do fenómeno futebolístico”.

“Ao longo dos tempos, diferentes agentes (treinadores, jornalistas, investigadores, etc.), têm apresentado conceitos, ideias, perspetivas e inovações. Grande parte destas não são mais que modas de cada tempo presente”, afirma Castelo. “Não será por acaso que surgem expressões tais como o ‘defesa não tem rins’, como se fosse possível viver sem rins, ‘futebol total’, condensando o jogo numa só fórmula, ‘contra-ataque rápido’, como se este pudesse ser lento”, prossegue. “Isso acontece em virtude das modas simplistas de analisar o jogo considerarem que tudo o que se vê no futebol são momentos. Felizmente a riqueza estratégico-táctica do jogo é muito mais do que isso”, alerta ainda.

Conceitos, modas e ideologias em nada antagónicas

Se entre 2008 e 2018 o futebol internacional ficou marcado pelo sucesso conseguido por equipas e seleções espanholas, que marcaram com vitórias uma das décadas mais hegemónicas da história do jogo, as vitórias do Liverpool FC e do Chelsea nas mais recentes edições das duas principais provas de clubes da UEFA parecem marcar um ponto de viragem no futebol mundial. Com Klopp e Guardiola na Premier League, para muitos, é em Inglaterra que está neste momento a nata do jogo e o melhor futebol do Mundo. O fosso que começa a ser cavado pelo Liverpool FC do alemão podia ser visto como uma inversão do modelo tático mais vencedor: o tiki-taka de Guardiola dá lugar ao gegenpressing de Klopp como modelo estandarte. O futebol, porém, está longe de ser tão básico e, essa, segundo os analistas do jogo, é uma análise simplista. Afinal, os dois modelos em nada são antagónicos.

“Não só não acho que o ‘futebol de pressão’ esteja a matar o ‘futebol de posse’ como até acho que esses dois géneros dependem um do outro e evoluirão tanto mais quanto mais o seu oposto for desenvolvido. Isto é: se uma equipa que estiver preparada para pressionar não encontrar adversários dispostos a construir e ter bola, então eles não vão ter o que pressionar. Se o adversário se foca num jogo direto, baseado na luta pela primeira e segundas bolas, é difícil recuperar a posse através da pressão. Pelo contrário, se não houver equipas capazes de pressionar e se esses coletivos se limitarem a baixar linhas e esperar pelo erro, as equipas que apostam mais num jogo posicional também terão sempre os mesmos estímulos e vão estagnar”, explica-nos João Almeida Rosa, também ele treinador e analista de futebol. Uma ideia corroborada por Rui Malheiro, jornalista e analista, que recorda que o próprio modelo do técnico catalão tinha uma pressão intensa como um dos seus pilares mais importantes.

“Não acho que o futebol de pressão esteja a matar o futebol de posse, até porque os acho totalmente conciliáveis. Antes de se falar em gegenpressing, o FC Barcelona de Guardiola foi uma das equipas que melhor o efetuou e é vista pela grande maioria das pessoas como a melhor equipa de futebol de posse da história. Se recuarmos um pouco mais, apesar de não se partir o jogo como se faz hoje, o ideário de Cruyff, mesmo sendo baseado no ataque posicional (e na posse), era extremamente pressionante e subversivo na forma como recuperava alto e contra-transitava. Aquilo que torna o Klopp mais diferente dos outros é a excelente definição de zonas de pressão e a superlativa intensidade cerebral das suas equipas, que reflete qualidade de treino e a excelente escolha de jogadores para aquilo que pretende. A intensidade não é meramente física, como quase sempre se referencia por cá, mas também – à mesma escala ou até maior – táctica, técnica e mental”, atira.

Rui Malheiro explica mesmo que o Liverpool FC é um dos melhores exemplos de como pressão e posse não são conceitos antagónicos, mas sim associativos: “Se o Liverpool quiser ter bola, pode ter e com imensa qualidade. O futebol do Klopp tem como referências Salah, Mané, Wijnaldum… São jogadores incríveis em explosão, mas não são menos tremendos a executar e a decidir em espaços curtos. E, seguramente, também seriam fabulosos num City de posse do Guardiola. Tal como o Firmino, que é um número 9 completíssimo para os dois ideários. Agora, no jogo de permanente pressão do Liverpool FC há a questão de haver muito cérebro na exploração da dimensão física. É o que o diferencia de alguns treinadores que o seguiram, principalmente no ou com passagens pelo campeonato alemão, como o Roger Schmidt no Bayer Leverkusen. Montou também uma equipa tremendamente pressionante, mas muito pouco criteriosa a definir zonas de pressão. O ‘pressing à maluca’, que acaba por ser um caminho tremendo para a equipa se partir e ser pavorosa no momento de transição defensiva, caso o rival supere essa primeira linha de pressão”.

Explicando um pouco da sua visão do futebol, Klopp afirmou em setembro de 2016 que nenhum playmaker, ou organizador de jogo, é tão eficaz como um bom sistema de pressão. A expressão não terá agradado tanto aos números dez à antiga, como Riquelme ou Aimar, mas agradou aos detratores do futebol da posse circular sobreposta à procura objetiva da baliza adversária. O que muitos destes últimos não terão entendido, no entanto, é que naquele momento Klopp não pretendia diminuir um modelo de posse de bola em detrimento de um modelo de pressão intensa. Até porque, como percebemos, eles não são inconciliáveis. Sendo simples, não há discussão possível sobre se o gegenpressing está a matar o tiki-taka.

“O futebol é feito de modas e de copiar registos vencedores. Hoje é o Liverpool FC do Klopp que está na berra, pelo título europeu em 2018/19 e pela liderança isolada da Premier League em 2019/20. Há menos de um ano, dizia-se que o Klopp era o treinador das finais perdidas, que deixou fugir um campeonato que estava debaixo do braço. Há dois anos, havia quem questionasse se o Klopp tinha sido a melhor escolha para o Liverpool FC. É a tal prisão excessiva ao resultado, que por vezes abafa um treinador competentíssimo – era o caso, e o Klopp é o meu treinador preferido – ou sobrevaloriza um treinador medíocre. Por isso, a contrapressão é uma imagem de marca não só do Klopp, como também do Guardiola, ainda que possamos colocar objetivos diferentes pós-recuperação (contra-ataque e ataque rápido de um lado; jogo de posição do outro). E podemos dizer que ambos já a fazem há mais de uma década na altíssima competição. Com influência clara do Cruyff, embora isto também já fosse visível na década de 1970 no Ajax e na Seleção holandesa, principalmente com Rinus Michels”, recorda Rui Malheiro.

Para Blessing Lumueno, é até muito complicado que Klopp acabe por marcar tendências num futuro próximo: “É natural que as formas de jogar bem vincadas e com percentagens de vitórias muito superior a derrotas e empates comecem a ser olhadas como modelo a seguir. Mas, dentro disso, ainda há um dado que resiste: os campeões nacionais dos melhores campeonatos do mundo são na sua esmagadora maioria, curiosamente, as equipas que têm, em média, percentagens de posse bem acima dos adversários. E dentro destas equipas está o Manchester City do dono do tiki-taka. A época passada só não venceu a Liga dos Campeões, mas voltou a bater vários recordes. Depois, Klopp, que foi sempre muito criticado pela forma enérgica como a sua equipa jogava sem descanso, hoje é elogiado nessa vertente pelos mesmos que o criticavam. As vitórias marcam tendências, claro. Mas, a equipa de Klopp também é das que tem maiores percentagens de posse no mundo. Por isso, não sendo uma equipa de tiki-taka, é uma equipa que sabe que tem de usar bem a bola quando a tem. Por fim, a maior parte dos treinadores não têm a coragem necessária para pressionar com as linhas altas como o Liverpool faz. Por isso, não creio que exista um seguimento tão vincado do modelo de Klopp”.

“É importante, antes de tudo, perceber que os sistemas de posse e de pressão não são antagónicos. Bem pelo contrário. E também é importante dizer que só a posse e só a pressão não indicam grande coisa sobre a probabilidade de um resultado positivo ou negativo de cada uma das propostas. Isto é: um modelo de posse onde a equipa esteja também bem oleada no momento de transição defensiva e com as prioridades bem definidas quando recupera a bola é diferente de um modelo de uma equipa com dificuldades em transição defensiva. Assim como um modelo de pressão bem trabalhado nos momentos seguintes em que a pressão é batida é diferente de um onde esses momentos estejam bem trabalhados e o momento de transição ofensiva não seja tão forte. Depois, a qualidade dos jogadores para jogar em determinado estilo. Como o jogo é um todo, os momentos de jogos estão ligados, mais a qualidade dos jogadores, é sempre difícil dizer que um é melhor do que outro baseado só num factor. Como só há uma bola, pode-se sempre dizer que quem tem a bola mais tempo tem mais possibilidades de marcar do que os outros”, acrescenta ainda.

Se são cada vez mais, ainda assim, as equipas a optar por recuperar a bola de forma intensa, tal como acontece na Alemanha, não estamos necessariamente a entrar na “era do gegenpressing”. “Julgo que se pode falar numa ‘era do tiki-taka’, não apenas pelo sucesso do FC Barcelona de Guardiola, mas sobretudo pela influência que essa equipa – e a Espanha da mesma altura – tiveram no futebol mundial. Houve muitos treinadores inspirados por esse tipo de jogo, muitas reflexões a partir daí e o futebol mudou um pouco. Nesse sentido, não me parece que o gegenpressing tenha alcançado a mesma escala. Ainda que o crescimento do Liverpool FC seja notório e haja, sobretudo na Alemanha, várias equipas a enveredar pela mesma corrente, julgo que ainda não se pode falar numa ‘era do gegenpressing’. Seja entre um modelo focado na pressão e um outro na posse, seja entre qualquer outro modelo de jogo, o melhor e mais poderoso será sempre o que estiver melhor trabalhado e o que melhor (e mais adaptados) intérpretes tiver. Como treinador tenho as minhas preferências em virtude daquilo que julgo saber influenciar melhor, mas não acho que essas ideias que tenho sejam por si só superiores a quaisquer outras – no fim, ganhará mais vezes a equipa que melhor trabalhada for e mais qualidade tiver”, diz-nos João Almeida Rosa.

Reciclagem ou análise supérflua

Jorge Castelo é até especialmente crítico dos conceitos dados aos modelos trabalhados por Klopp e Guardiola. E sustenta que é hora de esquecer o “gegenpressing e o tiki-taka”, pois afinal não vivemos nada de revolucionário no futebol atual: “Guardiola raramente utilizou essa expressão, afastando-se constantemente dela. Contudo, identifica um modelo de jogo na base de dois conceitos essenciais. Um método ofensivo que privilegia os três Ps (passe, posse e posição), que raramente transita de forma rápida de fase defensiva para ofensiva, que evita a perda extemporânea da bola. Bem como um método defensivo que reagia fortemente à perda da bola, com redução do espaço, formação de zonas de pressão, recuperação o mais rápido possível da bola. Ora, como se poderá classificar o método defensivo aplicado pelo Barcelona de Guardiola? Não teria todos os pressupostos estratégico/tácticos expressos pelo que agora se chama gegenpressing? Agora a moda é o gegenpressing. Expressão alemã porque o treinador é alemão. Se porventura ele fosse turco seria basarak karşı, ou em português “contra-pressão”. Só vive na onda da moda quem não conhece o passado nem sequer reflete sobre o presente”.

Se dúvidas houvesse, Jorge Castelo explica. Afinal, do que se fala quando falamos em gegenpressing: “Gegenpressing é um conceito de jogo que modela as situações de recuperação de posse de bola, promovendo uma convergência com carácter estratégico/tático, baseada numa ideia de base ou padrão defensivo de jogo, que consiste basicamente em vários fatores. A manutenção do equilíbrio defensivo, precavendo a perda da posse de bola, ou seja, atacando preparando-se para defender. A orientação agressiva dos defesas relativamente à posição onde a bola a cada momento se encontra e do atacante que a detém. A marcação dos atacantes que melhores condições reúnam para promover a continuidade do processo ofensivo. A eliminação das linhas de passe mais perigosas em que os defesas convergem ou divergem assumindo decisões táticas e comportamentais relativamente ao espaço que ocupam ou que devem ocupar no terreno de jogo, ao atacante posicionado longe ou perto do centro do jogo, aos índices pertinentes que provêm de cada contexto de jogo durante o desenvolvimento do ataque. E ajustamentos temporais e pontuais de aspetos com carácter estratégico/tático que derivam do conhecimento do modelo de jogo do adversário. Isto não é o que há muitos anos a esta parte se denomina de defesa zona pressionante?”, questiona.

“O facto de um ou outro treinador aplicar tais pressupostos tendo uma elevada eficácia, relativamente a outros que o não conseguem, não poderá significar que se rebatize um conceito de jogo já existente e desenvolvido. Naturalmente que os processos de treino que conduzem a tal eficácia é um elemento meritório do treinador e dos jogadores que o põem em prática. Contudo, não parece estarmos perante algo novo e revolucionário. Estamos perante uma realidade prática com elevados níveis de sucesso, validando conceitos teóricos de jogo”, conclui Jorge Castelo.

Portugal sem tradição tática

De uma dúvida existencial, rapidamente se evoluiu para uma discussão sobre análise e conceitos futebolísticos. O momento era mais do que oportuno para perceber como se explica a perda de competitividade do futebol português no contexto europeu. Não havendo qualquer equipa com uma identidade tática baseada num jogo de pressão verdadeiramente organizado, estará isso está na génese da perda de competitividade das equipas portuguesas na Europa? Estão as equipas portuguesas a ficar para trás taticamente? E porque é que não existe esse tipo de identidade em Portugal? Falta de cultura tática nesse sentido? Formação focada em características que retiram aos jogadores faculdades para jogar em modelos de pressão?

“Não me parece que o factor táctico, sem bola, tenha tanto peso assim. Isto é, sem bola, as equipas portuguesas estão globalmente muito melhor do que há muitos anos. Muitas delas, com uma transição defensiva organizada muito forte, muito pressionante. Depois, a forma como pressionam pode não ser tão alta mas é arrumada. E um modelo de pressão não precisa de ser em pressão alta; podem criar-se armadilhas de pressão noutras zonas. Pese embora eu concorde que não existam em Portugal equipas com um modelo de pressão alta. É certo que, quando nos deparamos com uma realidade onde alguns adversários, na Europa, pressionam o guarda-redes, as equipas portuguesas têm sentido muita dificuldade, mas na minha opinião a falta de competitividade deve-se ao que as nossas equipas não são capazes de fazer com bola. Temos pouca capacidade para criar espaços, e isso, na minha óptica, tem sido o principal problema das equipas portuguesas”. Para Blessing Lumueno, falta sim identidade às equipas em Portugal: “Os treinadores entendem que não é a melhor forma de abordar os jogos, para além de estarmos a vivenciar um tempo onde se acredita que as equipas podem ser carne num dia, peixe noutro, vegetais no seguinte até voltar a ser carne e repetir o ciclo. Por isso vemos muito poucas equipas especialistas em ataque posicional ou pressão, pelas diferenças que vão apresentando de jogo para jogo”.

“Parece-me que o facto de em Portugal não ser comum ver equipas a fazer da pressão a sua força ou modelos baseados no gegenpressing tem a ver com aquilo que são as nossas experiências como jogadores, treinadores e consumidores de futebol. Em Portugal ainda é comum ouvir-se, pelos mais variados estádios ou cafés, que a equipa mais fraca deve jogar no erro e outros clichés do mesmo género. Há resistência a ideias novas: houve em relação àquilo que o tiki-taka defende e também haverá em relação ao que gegenpressing propõe. Para se mudar mentalidades, são precisas pessoas corajosas e convictas, dispostas a ser criticadas por errar de forma diferente da maioria. Acredito que em Portugal temos essas pessoas, só falta que lhes sejam dadas oportunidades. Ainda assim, não me parece que seja essa ausência de modelos de pressão que justifica a falta de competitividade das equipas portuguesas na Europa”, acrescenta João Almeida Rosa. “A ausência desse tipo de modelos deve-se, no meu entender, ao facto de o boom do gegenpressing à escala global ainda não se ter dado, como se deu no caso do tiki-taka. Não me parece que haja falta de executantes para jogar dessa forma, mas sim falta de treinadores que queiram enveredar por esse caminho”.

Para Jorge Castelo, a falta de competitividade dos clubes portugueses na Europa vem de dentro. O problema, para o treinador e metodólogo, não se prende tanto com fatores externos, como depende dos fatores internos. “Todas as equipas têm uma identidade estratégico/tática ofensiva e defensiva, em especial as com melhores valores individuais e condições de trabalho. A questão que se coloca na actualidade e no futuro é que somente em poucos jogos podem pôr verdadeiramente em prática tais conceitos de jogo. Na verdade, em Portugal não existe uma competição que exija de todas as equipas jogar ao seu mais alto nível. Depois de cada competição, os dados retirados pelos treinadores são desvirtuados pelos resultados do próprio jogo, dando-lhes uma falta de noção do que é preciso treinar e desenvolver no sentido da evolução”.

Jorge Castelo defende que é preciso criar condições para que a Liga portuguesa se torne mais competitiva internamente se queremos que as equipas nacionais voltem a ser competitivas num plano internacional. “A perda de competitividade das equipas portuguesas na Europa baseia-se num desequilíbrio competitivo e na reduzida intensidade e tempo de jogo, que impossibilita a criação de adaptações estruturais, funcionais e fisiológicas que induzam as equipas a superar-se constante e persistentemente. Além disso, as equipas de maior dimensão estão muito mais preocupadas com a sua classificação caseira do que na sua projecção internacional. Perante tais factos, por mais que se adotem conceitos ofensivos e defensivos evoluídos, quando aplicados em contextos de elevada exigência têm tendência a fracassar (haverá sempre excepções). Costuma dizer-se que a Liga Inglesa, Espanhola, Alemã é mais competitiva que a Portuguesa, disso não há dúvidas. Mas por acaso sabe-se a que distância estamos dessas ligas profissionais? Temos instrumentos metodológicos para o realizar? O que precisamos de fazer para nos aproximar? Estamos mesmo interessados em sermos mais competitivos? Tudo isto ainda vai sendo mitigado pelos sucessos da selecção nacional. Existem sempre factos que produzem consequências. Temos a ideia que o amanhã será melhor sem nada fazer no presente”.

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Isenção em vez de parcialidade. Escrutínio em vez de cumplicidade. Rigor em vez de ligeireza. Jornalismo sobre futebol. Futebol de verdade.

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