Aconteça o que acontecer até ao final da história, uma coisa é certa: Zinedine Zidane deixou já a sua marca. Primeiro como um dos melhores jogadores da sua geração – e para muitos o antigo internacional francês foi mesmo um dos melhores da história do jogo -, depois como um dos treinadores mais bem-sucedidos da atualidade. O estilo pode não ser o mais apelativo e a própria identidade tática a mais revolucionária ou mesmo identificável, mas sempre que chega a uma final, Zidane vence-a. Se um par de vezes até pode ser mais sintomático da qualidade individual à disposição do treinador, isso acontecer nove vezes em nove está longe de ser um acaso. Há que dizê-lo: equipas de Zidane são absolutamente implacáveis em jogos decisivos. Zidane não perdeu qualquer final que disputou como treinador e nem os monstros sagrados do futebol chegam perto desse registo.
Nove finais, nove triunfos. Com dez títulos já conquistados na carreira como treinador, mas apenas um deles em competições corridas – campeonatos, portanto -, é em provas a eliminar que Zinedine Zidane se tem estabelecido como um dos melhores técnicos da atualidade. Ou, se quisermos, como um dos mais bem-sucedidos e vencedores técnicos da atualidade, para todos aqueles que defendem que um treinador não é só aquele que festeja conquistas. O que não tem discussão possível é o aproveitamento do antigo Bola de Ouro (em 1998): 100%. Zidane já era o segundo treinador com mais títulos na história do Real Madrid apenas superado por Miguel Muñoz com 14 – conseguidos em oito anos, praticamente o dobro do tempo que Zidane orientou os Merengues -, mas o triunfo na Supercopa permitiu-lhe cimentar a sua posição. Mais: pelo Real Madrid, Zidane venceu um título a cada 19 jogos fruto de dez títulos em 187 jogos.
Entre os treinadores com pelo menos tantos títulos como Zinedine Zidane na alta roda do futebol europeu, nenhum alcança uma taxa de perfeição como a do francês. O normal é que um treinador a certa altura da carreira acabe por perder uma ou outra final, mas tal ainda está por acontecer a Zidane. “As finais não se jogam, ganham-se”, já dizia José Mourinho. E peguemos precisamente no exemplo do técnico português, um especialista em finais. Até à derrota do seu Manchester United aos pés do Chelsea na final da Taça de Inglaterra de 2018, nunca o português tinha perdido uma competição a eliminar em Inglaterra chegando à final da mesma – só mesmo Supertaças. Essa foi também a primeira vez que Mourinho perdeu uma final em tempo regulamentar.
Antes dessa derrota frente à antiga equipa, José Mourinho só tinha perdido duas finais que não Supertaças. Em 2003/04 quando o seu FC Porto foi derrotado na final da Taça de Portugal, pelo Benfica de Camacho, por 2-1, já em período de prolongamento. E em 2012/13, na final da Taça do Rei, frente ao Atlético Madrid, que os Colchoneros venceram por 2-1, também já no prolongamento. Ao todo, em quinze presenças em finais, que não Supertaças, José Mourinho perdeu apenas três. Com Supertaças a história já é diferente, mas já lá vamos. Já Guardiola, como treinador, esteve presente em 24 finais, vencendo 20 delas, para uma taxa de aproveitamento de 83,3%. E se isto não bastava para colocar as conquistas de Zidane em perspetiva, olhemos ainda aos números de Jürgen Klopp de forma a termos aqueles que de forma global são considerados os três melhores treinadores da atualidade. O alemão esteve presente em 15 finais, mas venceu “apenas” seis. Ou seja, apenas 40% daquelas em que participou.
Em toda a história do futebol europeu não foram muitos os treinadores que conquistaram mais títulos do que os atuais dez celebrados por Zinedine Zidane. Curiosamente, Zidane até partiu em igualdade de títulos com Diego Simeone antes da final da Supertaça Espanhola de domingo, vencida pelo Real Madrid, e que permitiu a Zidane chegar aos dez títulos na carreira, os mesmos de Unai Emery ou Ernesto Valverde, por exemplo, que também já contam várias derrotas em finais ao longo da carreira. O recorde de Zidane é fenomenal e os números são ainda mais impressionantes quando olhamos para a taxa de sucesso dos treinadores mais titulados da história do futebol.
Vejamos, então, a taxa de aproveitamento em finais dos técnicos mais titulados da história do futebol europeu: