Toda a gente fala de Marega e do caso de racismo de que foi alvo, mas o melhor é mesmo dar voz ao próprio jogador, que hoje falou à RMC, de França. “Foi uma grande humilhação para mim”, afirmou o maliano, aproveitando para agradecer as inúmeras mensagens de apoio que recebeu: “Deram-me uma força incrível”. “Os insultos começaram no aquecimento. Ao início eram três pessoas que estavam a gritar comigo, mas depois foi o estádio inteiro. Era impossível jogar assim”, explicou.
Moussa Marega falou ainda da forma como os colegas tentaram demovê-lo de abandonar o relvado. “Eles no início não entenderam a minha reação. Ficaram chocados com o que aconteceu. Foram amigos, tentaram acalmar-me. Mas eu disse-lhes que não valia a pena e que não conseguia jogar naquelas condições”, revelou o avançado portista, que rotulou as palavras de Miguel Pinto Lisboa, o presidente do Vitória SC, que falara na “atitude provocatória do jogador”, como “uma parvoíce”. “Porque haveria eu de mostrar a cor da minha pele quando marquei?”, completou.
A este propósito, também escrevi sobre o tema, no Último Passe de hoje, que pode ler aqui, e dediquei-lhe boa parte do Futebol de Verdade, disponível aqui. Além disso, o João Pedro Cordeiro foi fazer a recolha de dez casos flagrantes de racismo no futebol, tendo-os apresentado neste artigo. O Vitória SC, entretanto, emitiu um comunicado em que considera inadmissível que o clube tenha de “vestir a pele do lobo” face a “um problema social que já conheceu condenações efetivas no plano desportivo nacional e internacional”. “O racismo é um ato de traição à fundação do clube, perante o qual o Vitória SC e os seus adeptos serão, como sempre foram, verdadeiramente implacáveis”, pode ainda ler-se.
A verdade é que o caso fez eco por todo o Mundo, tanto na comunicação social como em manifestações de apoio a Marega vindas de futebolistas internacionais. Na prática, o que aconteceu foi que os relatórios do árbitro, Luís Godinho, e dos delegados da Liga fazem referência ao incidente, o que motivará certamente a abertura de um inquérito disciplinar por parte do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol. A Polícia de Segurança Pública anunciou que está a analisar as imagens de videovigilância para “identificar as pessoas que participaram nos cânticos racistas”.

Entretanto, agitam-se as hostes no FC Porto, com a marcação da data das eleições e o anúncio da candidatura de Iker Casillas ao cargo de presidente da Federação Espanhola. Será no próximo dia 18 de Abril que os portistas saberão se, tal como se prevê, Jorge Nuno Pinto da Costa será eleito para o 15º mandato como presidente do clube, que dirige desde 1982. Ora quem deverá ter de sair é mesmo o ex-guarda-redes espanhol, que tem a carreira em suspenso desde que sofreu um enfarte, em Maio do ano passado. Casillas anunciou hoje nas redes sociais que será candidato às próximas eleições para a Federação Espanhola de Futebol, quando estas forem convocadas, presumivelmente contra Luis Rubiales. “Informei desta decisão o presidente do meu clube, o FC Porto, ao qual só posso expressar o meu mais profundo agradecimento”, escreveu ainda o guardião espanhol, que ainda há semanas tinha causado furor com uma foto a treinar que publicara no Twitter, na qual dizia que estava a 95 por cento. Na altura especulou-se com a possibilidade de um regresso ao ativo, que desta forma parece ficar posta de parte.
No Benfica, a novidade veio do discurso otimista de Luís Filipe Vieira no anúncio dos nomeados para ganhar os prémios Cosme Damião. O presidente do clube disse-se convencido “de que a esta fase menos boa se seguirá um trajeto que culminará duas vezes no Marquês de Pombal”. “Não entrámos em euforia antes nem entramos em depressão agora. Nada está ganho nem perdido”, afirmou Vieira, a abrir uma cerimónia em que os benfiquistas ficaram a saber em quem podem votar para receber o prémio na gala de aniversário do clube, marcada para dia 4 de Março. Entre os nomeados estão os futebolistas Ferro, Florentino, Jota e Francisca Nazareth (Revelação Futebol); André Almeida, Darlene, Grimaldo, Pizzi, Rafa, Rúben Dias e Seferovic (Futebolista do ano); e ainda Bruno Lage (equipa principal) e Luís Araújo (sub19) para o prémio de treinadores do ano.

Esta segunda-feira foi, ainda assim, dia de futebol. Em Itália, com Rafael Leão em campo apenas nos últimos dois minutos, o Milan venceu o Torino por 1-0, graças a um golo de Rebic, que pode ver aqui, e igualou o Hellas Verona na sexta posição da tabela – a última que dá qualificação europeia. Em Inglaterra, Bruno Fernandes já se destacou na vitória do Manchester United em Londres frente ao Chelsea (2-0), assistindo Maguire para o segundo golo, num canto. O United passou assim a ser sétimo, a um ponto do Sheffield Utd. e a dois do Tottenham.
Ao fim da noite de ontem já se tinha jogado no Brasil mais uma ronda do Paulistão, onde o Santos FC de Jesualdo Ferreira não foi além de um empate a zero no terreno da Ferroviária. Os santistas até já estavam apurados para a fase seguinte, mas nem por isso o treinador português foi mais manso com os jogadores. “Não houve dois que estivessem bem”, afirmou Jesualdo. “Foi o nosso pior jogo desde o início”, atalhou.
Amanhã, regressa o futebol de mais alto nível. Vem aí a Champions.