Bruno Fernandes é cada vez mais preponderante no rendimento ofensivo do Sporting, como se percebeu ontem, em Barcelos, na vitória (2-0) frente ao Gil Vicente, partida na qual marcou o primeiro golo, de livre direto, e assistiu Vietto para o segundo, após um contra-ataque. Ao todo, o capitão tem participação em dois terços dos tentos leoninos esta época, tendo visto a sua influência duplicar relativamente à primeira temporada de leão ao peito. Aliás, a tendência é de crescendo consolidado desde aí.
Em 2019/20, Bruno Fernandes já marcou doze golos e soma nove assistências nas 20 partidas em que participou – falhou apenas a derrota caseira com o FC Famalicão, na sexta jornada da Liga, por ter sido expulso frente ao Boavista, no Bessa, na quinta. Quer isto dizer que o capitão teve influência direta em 21 dos 33 golos marcados pelos leões esta temporada. Isto é, que esteve em 63,6% dos tentos do Sporting. Praticamente dois em cada três, o que condiciona qualquer estratégia de mercado que Frederico Varandas e Hugo Viana possam congeminar e que passe pela venda do passe do jogador já no mercado de Inverno. Face a estes números, o que seria da equipa sem ele?
A questão é que a nossa memória poderia levar-nos a achar que sempre foi assim. E não foi. Em 2018/19, Bruno Fernandes já assinou uma época extraordinária, com 32 golos marcados e 16 assistências em 53 jogos feitos pelo Sporting. Ao todo, teve participação direta em 48 dos 113 golos leoninos, o que se traduz nuns já de si notáveis 42,4 por cento, numa época em que os comandados de Marcel Keizer ganharam a Taça da Liga e a Taça de Portugal. Para os que na altura diziam que era impossível melhorar, eis que o médio deu mais um salto de rendimento – ainda que facilitado, é verdade, pelo decréscimo produtivo dos seus colegas de ataque, o que lhe permitiu aumentar a importância relativa.
Porque se mesmo a primeira época de Bruno Fernandes no Sporting já tinha sido boa, basta olharmos para os números que ela reflete para, se os compararmos com os atuais, parecer que estamos a falar de um jogador que teve fraco rendimento. Em 2017/18, Bruno Fernandes participou em 55 jogos do Sporting, marcando 16 golos e fazendo 16 assistências. Isto é, teve participação direta em 32 dos 108 tentos leoninos, o que prefigura uma importância de 29,6 por cento na totalidade dos tentos da equipa que era ainda comandada por Jorge Jesus e que ganhou apenas a Taça da Liga.
Difícil parece ser Bruno Fernandes manter a preponderância atual – e, das duas uma, se for capaz de o fazer, ou assinará uma época histórica, com números estratosféricos, ou a equipa em si acabará por produzir pouco, dependendo em demasia dele. Até este momento, Bruno Fernandes tem cinco golos e seis assistências na Liga portuguesa, cinco golos e dois passes decisivos na Liga Europa e dois golos e uma assistência na Taça da Liga. Só na Supertaça e na Taça de Portugal não marcou nem assistiu. E, em consequência disso mesmo, o Sporting não fez golos nessas competições.

