Ontem foi o Benfica. Hoje foi o FC Porto. Os dois candidatos ao título nacional ganharam os jogos da 15ª jornada da Liga, bem complicados, por sinal, de forma mais ou menos semelhante: à custa de grande qualidade nas duas áreas. Para quem não sabia, essa história de os jogos se ganharem a meio-campo só poderia ser verdade se depois, nas áreas, as equipas fossem equivalentes. E não são. Os jogos ganham-se por equipas melhores na definição ofensiva e na concentração no momento defensivo. Como foi ontem o Benfica em Guimarães, sendo até mais subjugado pelo Vitória SC do que os dragões. E como foi hoje o FC Porto em Alvalade, frente ao Sporting.
Hoje, o FC Porto bateu o Sporting em Alvalade, por 2-1 (pode ver o resumo aqui), mas só chegou à vantagem final, num canto de Alex Telles para Soares, que cabeceou à vontade para golo depois de os leões perderem pelo menos três ocasiões claras para desbloquear o marcador a seu favor. Antes, os dragões já se tinham colocado à frente do placar, por Marega, num lance patético de descoordenação entre a linha defensiva dos leões e o guarda-redes Maximiano. Pelo meio, o Sporting marcou o seu golo, por Acuña, e viu Vietto desperdiçar três lances flagrantes. Num deles, o argentino acertou no poste de Marchesin. Sérgio Conceição, que já tinha perdido Pepe bem cedo no jogo, por lesão, mexeu bem do banco, trocando o importante mas esgotado Nakajima por Díaz. A perder, Silas carregou em demasia na frente, com entradas de Camacho, Plata e Jesé, e o jogo virou a favor dos dragões, que nessa altura até podiam ter ampliado a vantagem, face ao desequilíbrio do adversário. É verdade que o Sporting também podia ter empatado, numa cabeçada de Coates à barra.


Ganhando em Alvalade, o FC Porto manteve a distância face ao Benfica (quatro pontos), a pouco mais de um mês do confronto entre ambos, no Porto. E Sérgio Conceição até pôde ser simpático, realçando que a sua equipa podia ter alargado o score no final, mas que isso seria “injusto”, pois o Sporting foi a equipa que “mais dificuldades criou ao FC Porto esta época”. Ainda assim, robustecido por ter alcançado a primeira vitória dos dragões em Alvalade desde 2008 e por ter sido o primeiro a levar a equipa a ganhar, na mesma época, nos terrenos de Benfica e Sporting, desde que José Mourinho o fizera em 2002/03, Conceição mostrou-se pleutórico: “Não tenho bola de cristal, mas acredito que vamos ser campeões”, disse. Quando chegou a sua vez de falar, Silas bateu no peito, reivindicou a vitória moral, assegurou que a sua equipa vai acabar a Liga à frente do FC Famalicão e, apesar dos 12 pontos de atraso para o FC Porto, disse que não dá por perdida a “luta pelo segundo lugar”. “A jogar o que jogámos hoje, não dou nada por perdido”, garantiu. A frio, seguramente, vai pensar de outra forma.
Até porque, mais à noitinha, o FC Famalicão ascendeu mesmo ao terceiro lugar, batendo o Vitória FC em casa por 3-0. Pode ver aqui a forma como os minhotos fizeram os golos, por intermédio de Pedro Gonçalves, Anderson e Racic, ganhando novo fôlego depois do que parecia ser uma quebra de rendimento, expressa em três derrotas nas três derradeiras jornadas da Liga.


À tarde, nos três jogos que abriram o dia, o destaque foi para a vitória do Marítimo frente ao Rio Ave, em Vila do Conde, por 1-0. O jogo foi decidido num penalti convertido por Getterson, como pode ver neste resumo, mas antes e depois os donos da casa viram dois golos anulados pelo VAR, por fora-de-jogo do assistente. No primeiro, Bruno Moreira estava adiantado 20 cm antes de isolar Piazón; no segundo foi Tarantini quem estava 6 cm à frente da linha defensiva antes de ceder a bola a Bruno Moreira para este marcar. Carlos Carvalhal, treinador do Rio Ave, não foi tão cáustico como tinha sido quando a sua equipa perdeu com o Gil Vicente, sendo prejudicada (sem VAR), mas ainda deixou uma bicada ao sistema de análise dos foras-de-jogo. “Estamos na época do frame, onde um milésimo de segundo atrás ou um milésimo de segundo à frente faz toda a diferença. Mas acho que se o Tarantini tivesse cortado as unhas o golo seria válido”, afirmou.


Ao mesmo tempo, jogaram-se o CD Tondela–Gil Vicente e o FC Paços de Ferreira–Moreirense. O primeiro acabou empatado a uma bola, como pode ver aqui. O segundo valeu aos pacenses a vitória por 1-0, como também pode conferir aqui, e a saída da zona de despromoção, por troca com o Portimonense. Se o campeonato acabasse agora, seriam os algarvios a acompanhar o CD Aves na queda à II Liga, onde Farense e Nacional são ainda as duas equipas em zona de subida. Mesmo que nenhum dos dois tenha ganho neste fim-de-semana: os algarvios perderam em casa com o Benfica B, por 3-0, e os insulares foram empatar sem golos a Viseu, com o Académico local. Ainda assim, os competidores seguem longe: CD Mafra e Varzim estão a seis pontos da segunda posição.
No estrangeiro, o jogo do dia era o dérbi do Mersey, entre o Liverpool FC e o Everton, a contar para a terceira eliminatória da Taça de Inglaterra. E mesmo com um onze repleto de segundas escolhas, apenas enquadrados por Gomez, Milner, Lallana e Origi, eles próprios pouco rodados, os reds ganharam por 1-0, graças a um golo do jovem médio Curtis Jones. O jogo serviu ainda a Jürgen Klopp para estrear o japonês Minamino, que não jogava desde 10 de Dezembro, quando defendeu as cores do RB Salzburgo contra o… Liverpool FC. O Chelsea também se apurou para a próxima ronda, batendo por 2-0 o Nottingham Forest com Tobias Figueiredo, Yuri Ribeiro, Alfa Semedo e João Carvalho no onze. Quem vai ter de jogar uma partida de desempate é o Tottenham de José Mourinho, que empatou fora (1-1) com o Middlesbrough, 16º classificado do segundo escalão.


Na Taça de França, a surpresa do dia quase vinha de Trelissac, onde a equipa local forçou o Olympique de Marselha de André Villas-Boas ao desempate por grandes penalidades, após um empate a um golo nos 120 minutos. Nos penáltis, os marselheses foram mais fortes e impuseram-se por 4-2 a uma equipa que milita no National 2, uma espécie de quarta divisão do futebol francês. Avisado, porque jogou mais tarde, o Paris Saint-Germain não facilitou e ganhou fora ao Linas-Montherly, dos regionais, por 6-0. Cavani e Sarabia bisaram.
Em Itália, a Lazio ganhou fora ao Brescia (2-1) e manteve-se a três pontos da dupla da frente (Juventus e Inter). A AS Roma é que não esteve tão bem e perdeu em casa com o Torino, por 2-0 (bis de Belotti), perdendo a ocasião de se aproximar dos três da frente. Mais feliz do que Paulo Fonseca foi Pedro Martins, cujo Olympiakos se impôs por 1-0 ao Panathinaikos no dérbi de Atenas, respondendo da melhor forma à derrota do PAOK de Abel Ferreira no dérbi de Salónica (2-4 contra o Aris), ontem. O Olympiakos ascendeu assim à primeira posição, agora com um ponto de vantagem sobre o PAOK.

