Dois golos de Alex Apolinário e Luan Silva permitiram ao FC Alverca vencer o Sporting por 2-0 e afastar o detentor da Taça de Portugal, logo à primeira vez que pôs o troféu em jogo. Os leões atacaram mais, remataram mais, estiveram quase sempre instalados no meio-campo de ataque, mas esbarraram num adversário bem organizado, bem como na sua precipitação e inexatidão. O resultado permitiu aos jogadores do Campeonato de Portugal deixarem o relvado com uma volta olímpica, em agradecimento aos seus adeptos, forçou os do Sporting a encarar o protesto das claques que se deslocaram ao Ribatejo e deixou Jorge Silas numa situação complicada, quase sem nada por que jogar no que resta da época: a Taça de Portugal já foi, a Taça da Liga está mal encaminhada, tal como o campeonato e resta a Liga Europa, na qual o Sporting terá de mostrar mais do que até aqui.
Silas arriscou um pouco na composição do onze inicial, deixando de fora Renan, Coates, Mathieu, Acuña, Bruno Fernandes e Bolasie, entre os que têm sido titulares ultimamente. A equipa abdicou dos três defesas, entrou em 4x3x3, mas a tentar sair a jogar desde trás, o que no início até levou o FC Alverca a subir o seu 4x2x3x1 para condicionar essa mesma saída de bola. De início, porém, os leões foram conseguindo dar a volta àquela primeira zona de pressão e até iam metendo alguma velocidade no jogo, chegando com frequência a situações de finalização: Luís Phellype atirou ao lado, aos 3’, depois de um livre de Vietto; Borja imitou-o, num tiro de fora da área, aos 5’; o próprio Vietto obrigou João Vítor à primeira grande defesa da noite, em outro tiro de longe, aos 6’; e Jesé também viu um adversário desviar para canto num remate aos 7’.
O bom início do Sporting fazia adivinhar o golo, mas ele surgiu na baliza de Luís Maximiano, logo aos 10’. Apolinário beneficiou de alguma apatia de Neto e Doumbia, dominou uma bola longa, progrediu uns metros e, de fora da área, chutou seco e rasteiro fora do alcance do guardião leonino. Veja aqui o golo inaugural dos ribatejanos:
Golo do @FCAlverca! Remate forte e colocado de Alex Apolinário a inaugurar o marcador na partida. pic.twitter.com/QE9gVbnxyc
— SPORT TV (@SPORTTVPortugal) October 17, 2019
Naturalmente, o golo fez tremer uma equipa do Sporting que, além de vir para o jogo sobre brasas, pelos maus resultados que vinha acumulando, sofreu com o agrupar de um adversário que a partir daí baixou as linhas e se colocou imperial frente à sua área, para depois tentar sair em contra-ataque. Luan e Castanheira, os dois médios-defensivos, dominaram sempre o espaço interior, tendo Andrezinho, Apolinário e Flávio Castro à sua frente, a ajudar a fechar, o que levava o Sporting a perder muitos passes e revelar uma total incapacidade de ligar o jogo. Via-se que esta equipa do FC Alverca sabia bem ao que joga e percebia-se em campo por que razão ainda não perdeu um jogo esta época – mesmo estando duas divisões abaixo, conseguiu bloquear o Sporting.
Após o golo, em consequência desse baixar de linhas do FC Alverca, o Sporting instalou-se no meio-campo adversário, mas não criou mais lances de perigo até aos 31’, quando Vietto, em dois lances consecutivos, obrigou João Vítor a mais duas defesas. O primeiro, um remate prensado de muito longe, que caía a pique sobre a baliza, o guardião dos ribatejanos sacudiu a soco. O segundo, um remate colocado, feito da entrada da área, desviou-o para canto. A melhor ocasião do que restava da primeira parte, ainda assim, até pertenceu ao FC Alverca: aos 45’, num livre estudado, batido da esquerda mas com circulação à direita, a bola chegou ao centro da área, de onde Erik acertou uma bicicleta mesmo nas barbas de Neto, mas viu Luís Maximiano desviar para canto com uma grande defesa.
Ao intervalo, Silas chamou Bruno Fernandes, sacrificando Eduardo, e o médio mostrou a sua qualidade desde os primeiros momentos: aos 48’, descobriu Vietto, que em arco ia batendo João Vítor, mas viu o remate sair ao lado. Só que quando o Sporting procurava encontrar uma forma de dar a volta ao problema, este avolumou-se, logo aos 56’: na sequência de um canto, Luís Phellype cortou de cabeça ao primeiro poste, mas fê-lo para a marca de penalti, onde Luan estava à vontade para a meter na baliza, deixada desguarnecida pela saída de Luís Maximiano à bola que Luís Phellype tinha afastado. Mais um exemplo da descoordenação do Sporting, bem como da superioridade física dos jogadores do FC Alverca em lances de corpo a corpo nas duas áreas. Veja aqui o lance do 2-0:
Golo do @FCAlverca! A equipa da casa aumenta a vantagem no marcador. Na sequência de um canto, Luan, no sítio certo, atirou para o fundo das redes do @Sporting_CP! pic.twitter.com/rwX7M0Upeb
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Aos 2-0, Silas esgotou as substituições, fazendo sair o rotativo mas sempre desastrado Jesé e Borja para as entradas de Bolasie e Acuña. O argentino ia para lateral esquerdo, Bolasie para a ponta direita, de onde depressa deu mostras de melhoria face ao anterior ocupante da posição: aos 61’, meteu o primeiro cruzamento bem conseguido do Sporting daquele flanco, tendo Luís Phellype desviado para fora, com o guarda-redes batido. Quatro minutos depois, de livre, da meia-lua, foi a vez de Bruno Fernandes estar perto de reduzir a desvantagem, ao bater um livre na barra da baliza do FC Alverca. Só que aí praticamente acabou o Sporting, ainda com meia-hora por jogar. O que se viu da equipa daqui para a frente foi sempre muita imprecisão, muita precipitação, muito individualismo, muitos passes perdidos, a darem aos adversários oportunidades para sair em contra-ataque. Ainda assim, Bolasie (aos 78’) podia ter marcado, quando recebeu de Bruno Fernandes e colocou tanto o remate ao poste mais distante que este saiu ao lado. O resto, já foram situações de desespero, como o remate de Vietto, aos 90’, que João Vítor voltou a deter, com mais uma grande defesa.
O 2-0 já não se desfez, premiando a atuação sempre segura e rigorosa da equipa do terceiro escalão e lançando ainda mais dúvidas num Sporting onde houve vários elementos – Rosier, Neto, Doumbia, Eduardo, Miguel Luís, Jesé… – muito abaixo dos mínimos exigidos. Percebe-se que Silas tenha querido entrar em campo com os homens com os quais trabalhou neste interregno para jogos das seleções, mas o que se viu foi muita gente incapaz de responder à exigência. E o jogo com o Rosenborg, já de hoje a uma semana, ganha quase caraterísticas de jogo do ano, pois a este Sporting só resta praticamente a Liga Europa para fazer alguma coisa de uma época que começa a cheirar a catástrofe.