Algum dia havia de acontecer. Ou, como escreveu Javier Tebas, presidente da Liga espanhola, no Twitter, “mais vale tarde do que nunca”. A UEFA castigou o Manchester City com dois anos de afastamento das suas competições devido a violações “graves” das regras do “fair-play financeiro”, nomeadamente a sobrevalorização das receitas vindas de acordos de patrocínio feitos com empresas associadas aos donos do capital do clube. Esta é uma das formas mais corriqueiras de ludibriar as regras do “fair-play” financeiro, mas foi indiscutivelmente preciso algum músculo para chegar a este castigo. E aos 30 milhões de euros de multa com que o clube inglês também foi punido.
O Manchester City reagiu de forma violenta a esta decisão, afirmando-se “desiludido, mas não surpreendido” e declarando que soubera “dede o início, da necessidade de procurar um órgão independente, que julgasse imparcialmente as provas irrefutáveis a seu favor”. “Este foi um caso iniciado pela UEFA, processado pela UEFA e julgado pela UEFA“, sintetizou o comunicado dos citizens, que anunciaram a intenção de recorrer para o Tribunal Arbitral do Desporto. O que isto quer dizer, no imediato, é que pode vir a abrir-se mais uma vaga na Liga dos Campeões de 2020/21, isto presumindo que o City acaba num dos primeiros quatro lugares da Premier League – é neste momento segundo, a 22 pontos do primeiro, o Liverpool FC, e com 12 pontos de avanço do quinto, que é o Sheffield United. Hoje, aliás, jogou-se para a Premier League: o Wolverhampton WFC empatou em casa com o Leicester City, sem golos, mantendo-se perfeitamente na corrida por esse quinto lugar, que em condições normais só daria Liga Europa, mas que, assim, pode dar uma vaga na Champions.
Nos outros jogos antecipados para hoje, o destaque vai para a goleada imposta pelo Borussia Dortmund ao Eintracht Frankfurt: foram 4-0, cujos golos pode ver aqui (e um deles foi do português Guerreiro), permitindo aos amarelos encostar no líder da Bundesliga, o Bayern, que segue um ponto à frente (com um jogo a menos, porém). Em Espanha, tal como pode verificar aqui, Valência CF e Atlético Madrid empataram a dois golos, enquanto que em França um golo de Slimani permitiu ao AS Mónaco bater em casa o Montpellier HSC e manter-se na rota da qualificação europeia. Destaque ainda, no Brasil, para a eliminação do Avaí FC da Taça, depois de perder no terreno da Ferroviária, que joga na IV Divisão. Somada à posição modesta no campeonato catarinense, esta derrota valeu a saída do treinador português Augusto Inácio, que ganhou apenas dois dos sete jogos feitos aos comandos do clube.
Em Portugal, arrancou em Setúbal a 21ª jornada da Liga, com a vitória do Gil Vicente sobre o Vitória FC, por 2-1. Conforme pode ver no resumo, os gilistas chegaram ao 2-0, graças a golos de Lourency e Sandro Lima, mas tiveram depois de suportar a reação sadina, montada em cima de um tento de Semedo. A ronda continua hoje com vários jogos a prometer emoções fortes, como o Benfica–SC Braga (18h) ou o Rio Ave–Sporting (20h30). Antes, às 15h30, jogam-se o Portimonense–Moreirense, com a estreia de Paulo Sérgio aos comandos da equipa algarvia, e o Santa Clara–CD Tondela.
Na antevisão da receção ao SC Braga, Bruno Lage, treinador do Benfica, reconheceu que a sua equipa não fez “o jogo que queria” no Dragão, frente ao FC Porto, mas optou por olhar antes para a frente. “Estamos em primeiro lugar e na final da Taça. O mais importante é sentirmos que amanhã temos uma oportunidade muito boa para voltar a jogar bem diante dos nossos adeptos”, sublinhou o técnico, que foi eleito o melhor do mês de Janeiro na Liga. Do outro lado estará o segundo classificado nessa votação, mas não, não foi Rúben Amorim. Foi, sim, Micael Sequeira, o adjunto do SC Braga que aparece nas fichas de jogo como técnico principal, em virtude de o chefe de equipa não ter o nível UEFA Pro. Eu escrevi sobre isso hoje, no Último Passe.
De uma coisa, Lage não tem dúvidas: do valor da equipa do SC Braga. “No último mês, foi a melhor equipa em Portugal. É um adversário muito competente, que alterou o sistema”, considerou o treinador benfiquista, que não poderá contar com Gabriel nem André Almeida. Do outro lado, os minhotos não terão hipótese de recorrer a Bruno Viana, castigado, e Tormena, lesionado. “Temos a nossa identidade e não a vamos mudar. O Benfica tem sofrido golos, mas também os tem marcado e tem ganho os jogos. Se mete muita gente na frente é normal que tenha menos gente atrás”, explicou Rúben Amorim.
Depois de terminar o jogo da Luz, jogar-se-á em Vila do Conde o Rio Ave–Sporting, partida que até pode permitir aos vilacondenses ficarem no terceiro lugar da tabela. “A nossa aposta é ganhar sempre o jogo seguinte, sem definir objetivos na tabela classificativa”, afirmou Carlos Carvalhal, treinador do Rio Ave, que esta época até já ganhou duas vezes ao Sporting, ambas em Alvalade, para a Liga (3-2) e para a Taça da Liga (2-1). “Este jogo será mais difícil. Apesar de o Sporting ainda estar a passar um período conturbado, está numa fase mais estável no que toca à prestação da equipa e aos processos de jogo”, opinou o técnico vila-condense, que não poderá chamar ao jogo Gelson Dala (emprestado pelos leões), Tarantini (castigado) e Jambor (lesionado).
No Sporting, a novidade foi a chamada aos convocados de Francisco Geraldes, médio que acaba de regressar de um empréstimo de meia época ao AEK Atenas e que até já representou o Rio Ave, também cedido pelos leões. Em contrapartida, Jorge Silas não terá Vietto (castigado) e os lesionados Acuña, Renan e Mathieu. “Temos argumentos para ir lá ganhar. Podemos e devemos fazer mais do que aquilo que fizemos nos dois jogos anteriores com eles”, considerou o treinador do Sporting, que quando jogava no Belenenses até já foi treinado por Carlos Carvalhal. “Gosto muito dele. Já gostava quando ele era treinador e eu jogador”, revelou.
Por fim, o dia serviu também para ficarmos a conhecer mais detalhes da preparação da seleção nacional para o Europeu’2020. Já se sabia dos jogos com a Espanha (em Madrid, a 5 de Junho) e com a Eslovénia (em Ljubljana, a 31 de Maio). Hoje foi revelado que Portugal será uma das quatro equipas participantes num torneio no Catar, em Março. Assim sendo, o próximo jogo da equipa de Fernando Santos acontecerá a 27 de Março, em Doha, contra a Bélgica, seguindo-se três dias depois uma partida contra a Croácia, na mesma cidade.