A época de 2019/20 ainda não é a pior da história do Sporting, mas caminha para lá a passos largos. Ao todo, os leões perderam 12 dos 29 jogos oficiais que disputaram, um total de 41,3 por cento, e dificilmente escaparão ao recorde de derrotas numa só época em todo o historial do clube, que são os 15 desaires de 2012/13 e de 2000/01. A temporada atual, no entanto, já é a que regista mais jogos perdidos pelo Sporting até ao dia 22 de Janeiro. O anterior máximo estava em dez e tinha sido fixado duas vezes: em 2012/13, o tal ano maldito em que os leões até ficaram fora das provas europeias, mas também – e surpreendentemente – em 2016/17, a segunda época da parceria entre Jorge Jesus e Bruno de Carvalho na tentativa de conseguir o título de campeão nacional.


Claro que o facto de hoje se jogar mais vezes do que nos primórdios do futebol faz com que a maioria das épocas com mais derrotas sejam as mais recentes, mas se aplicarmos o total de derrotas ao total de jogos até houve uma altura pior para se ser sportinguista: a 22 de Janeiro de 1967, com o campeonato interrompido desde a derrota leonina em Coimbra, perante a Académica, a dia 8, os adeptos dos verde-brancos já tinham visto a sua equipa perder nove vezes em apenas 22 jogos, para um percentual até pior do que o atual, de 47 por cento de derrotas. Nesse ano, a equipa que começara a época sob o comando de Fernando Caiado e que entretanto o substituíra pelo espanhol Fernando Argila tinha sido derrotada duas vezes pelo Benfica (na final da Taça de Honra e no campeonato), pelo FC Porto (no campeonato e na Taça de Portugal) e pelo Vasas de Budapeste (na Taça dos Campeões), mas também uma vez por Vitória SC, Leixões e, como já vimos, Académica. Em finais de Janeiro estava fora de todas as competições a eliminar – agora ainda resta a Liga Europa… – e em oitavo lugar do campeonato, a nove pontos dos líderes, que eram Benfica e Académica. Se a vitória valesse três pontos, como agora, seriam 15 pontos de distância em 13 jornadas.


O Sporting só perdeu mais duas vezes nesse campeonato, que acabou em quarto lugar, a 13 pontos do Benfica (seriam 22 com a pontuação atual), mas os seus adeptos tinham ao menos um consolo. É que ainda se lembravam do que era ser campeão, pois tinham vencido a Liga de 1965/66. Aliás, algumas das más épocas do Sporting, que pode consultar nos quadros ao lado, são as que se sucedem a títulos de campeão. Foi assim em 2000/01, uma das épocas que teve mais derrotas no total (15) e que se seguiu à quebra do jejum de títulos nacionais operado por Augusto Inácio em 1999/00. Foi assim também nos arranques de época de 1980/81, o ano que se seguiu ao título de campeão com Fernando Mendes aos comandos, com nove derrotas até 22 de Janeiro (em 22 jogos), mas também em 2002/03, a época que se seguiu ao título com Boloni com oito derrotas em 24 jogos.
Nestes dois últimos anos, porém, o facto de a estrutura ser a de uma equipa campeã impediu que as coisas continuassem tão mal até final das provas. Desta vez, com a pressão de 18 anos sem campeonatos ganhos, o desafio será o de evitar mais três derrotas que coloquem esta época ao nível das piores. Não vai ser fácil, tendo em conta que o Sporting tem pela frente pelo menos mais 19 jogos – e os leões desejarão até que eles sejam mais, pois isso significaria que continuam na Liga Europa – e no campeonato terá de se deslocar ainda aos estádios de todos os adversários que estão até ao sétimo lugar da tabela: Benfica, FC Porto, FC Famalicão, SC Braga, Vitória SC e Rio Ave.
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