Erling Håland vive um conto de fadas. Aos 19 anos, o jovem avançado norueguês está a rubricar um início de temporada arrasador. Numa altura em que acabámos de passar metade do mês de setembro, Håland leva já quatro hat tricks. Ao todo, tem uns incríveis 17 golos em nove jogos já disputados ao serviço do RB Salzburgo, equipa à qual chegou em janeiro deste ano. Mas nada terá feito com que se falasse tanto dele como o hat-trick assinado na terça-feira, na Liga dos Campeões, frente ao Genk.
Se o RB Salzburgo nunca tinha participado na fase de grupos da Liga dos Campeões, tendo falhado o acesso à prova, de forma consecutiva, nas fases de qualificação, nos últimos sete anos, a ver aquele jogo ninguém o diria. Com uma entrada de leão, aos dois minutos de jogo já vencia. Marcou Håland, o primeiro de três golos, para um total de seis com que o campeão austríaco goleou o campeão belga. Desde Wayne Rooney que um adolescente não fazia um hat trick na Champions. E, ao longo da história da competição, foram poucos os que se estrearam na competição, anunciando-se ao mundo do futebol desta forma, com um hat-trick. Nesse aspeto, Håland juntou-se a nomes como Marco van Basten (que até marcou quatro), Asprilla, Yakubu, Rooney, Iaquinta, Grafite e, até, Brahimi.
Apenas com 19 anos, Håland começa a estar habituado a ter os holofotes da fama apontados a ele. Nascido em julho de 2000, tinha dezassete anos quando marcou o primeiro golo da carreira profissional, naquela que foi também a sua estreia, ajudando o Molde a vencer o Volda TI, para a Taça da Noruega. Semanas mais tarde, na estreia na I Divisão norueguesa, marcou o golo da vitória do Molde sobre o Sarpsborg. Foi, aliás, ao serviço do Molde que saltou para a ribalta quando, a 1 de julho de 2018, marcou quatro golos ao Brann nos primeiros 21 minutos de jogo. Na verdade, a diferença entre o primeiro e o quarto golo de Håland nesse encontro foi de 17 minutos.
Os registos goleadores de Håland levaram-no a ser comparado pelo seu treinador no Molde, Ole Gunnar Solskjaer, agora no Manchester United, a Romelu Lukaku, parecendo, ainda assim, diferir do belga nos recursos técnicos e mentais que possui. Tudo isto a somar à compleição física que impressiona e que faz de Håland, por esta altura, um dos mais entusiasmantes avançados-centro do futebol mundial. Foram vários os clubes aos quais Håland foi apontado, mas foi o RB Salzburgo, em janeiro de 2019, que ganhou a corrida pela contratação do norueguês, pagando “apenas” cinco milhões pelo passe do avançado.
Desde então, Håland só sabe marcar. Em especial, esta temporada. Se em 2018/19, participou em cinco jogos do Salzburgo na segunda metade da época, apontando um golo ao LASK Linz na única titularidade que registou, em 2019 os registos são impressionantes. Quando ainda só estão decorridas sete jornadas da liga austríaca, uma ronda da Taça da Áustria e a primeira jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões, leva já 17 golos em nove jogos e, mais do que isso, quatro hat tricks. As vítimas? SC/ESV Parndorf, Wolfsberger AC, TSV Hartberg e KRC Genk. Apenas num jogo esta época ficou em branco e, mesmo assim, rubricou uma assistência para um dos dois golos do Salzburgo frente ao Rapid Viena.
Apesar de ter nascido em Leeds, culpa do pai, o antigo internacional norueguês Alf-Inge Håland, que passou por Nottingham Forest, Leeds United e Manchester City, Erling Håland é internacional norueguês em todos os escalões, incluindo a seleção principal, por quem se estreou na mais recente pausa para jogos de seleções. Titular frente a Malta e suplente utilizado no dérbi nórdico perante a Suécia, o mais jovem dos Håland ainda não marcou pela seleção AA norueguesa, mas o registo que o acompanha dos escalões de formação do país impressiona. Em especial, ao serviço dos sub-20, muito por consequência dos nove golos apontados no mesmo encontro às Honduras, em jogo a contar para o mais recente Mundial Sub-20, que a Noruega acabou por vencer por 12-0. Nunca, na história da competição, um jogador tinha marcado tantos golos num só jogo, nem tamanha vitória se havia registado.
Håland caminha para uma temporada épica e, quem sabe, para uma carreira especial, caso confirme todo o potencial que vai demonstrando. A saída para um clube de outra dimensão é cada vez mais uma inevitabilidade, e nem o próprio grupo Red Bull será certamente capaz de segurar o avançado norueguês e fazê-lo render desportivamente no irmão alemão do Salzburgo, como substituto de Timo Werner, como bem esperavam. É que uma proposta estratosférica de um tubarão poderá estar à espreita, caso Håland mantenha este ritmo.
Håland, porém, não é o único jovem capaz de, esta temporada, se assumir como revelação da Liga dos Campeões. Estas são as nossas apostas.