Num fim de semana repleto de jogos de elevada notoriedade e mediatismo, foi o episódio de índole racista protagonizado entre Moussa Marega e os adeptos do Vitória SC que acabou por marcar a jornada desportiva em Portugal. Um episódio vergonhoso que repercutiu um pouco por todo o Mundo com clubes e jogadores de outros campeonatos a utilizar as próprias redes sociais para manifestar solidariedade com o avançado maliano do FC Porto e, mais uma vez, sensibilizar para um problema crescente no futebol e na sociedade.
Se noutros campeonatos vinham sendo, infelizmente, cada vez mais recorrentes os episódios de racismo no futebol – e em particular em Itália -, por cá, apesar de alguns relatos esporádicos e episódios mais abafados (basta assistir a um qualquer jogo de futebol na bancada para perceber que o problema de racismo endémico e cultural, associado ao futebol, em Portugal, não é de hoje), ainda estava por acontecer um momento definidor como o que sucedeu em Guimarães.
No D. Afonso Henriques, Moussa Marega teve a coragem de se insurgir contra aquilo que vinha sendo proferido na bancada e recusou-se a participar do espetáculo por que todos estavam ali. Marega sucedeu a outros nomes que recentemente decidiram tomar posição contra um flagelo crescente e que necessita de mão pesada por parte de quem gere e legisla o jogo. Marega não está sozinho na luta e, muito menos, por muito que nos envergonhe ou deva envergonhar a todos, não está sozinho no que ao sofrer atitudes discriminatórias diz respeito.
E porque o racismo não se combate mudando de assunto ou varrendo-o para debaixo do tapete, é preciso ter memória. Para que situações como as de Hulk na Luz ou de Nélson Semedo, em Guimarães, mas também de N’samé no Dragão passando ainda pelos castigos impostos a Leixões e SC Braga relativos a comportamentos racistas dos adeptos não continuem a passar impunes recordamos dez casos de racismo no futebol sabendo que, infelizmente, a lista podia ser estendida para o triplo.
Comentários 1