A absolvição de Bruno de Carvalho no processo de Alcochete é mais do que uma vitória para os partidários do ex-presidente do Sporting, que sonham agora vê-lo de volta à liderança do clube. Para esses é a prova de que a destituição foi injusta. Ora eu, que nunca admiti outro cenário que não fosse o da absolvição, já me recuso, no entanto, a ir tão longe. Achar que Bruno de Carvalho foi destituído por ter sido mandante ou autor moral da invasão a Alcochete é o mesmo que querer que Frederico Varandas se demita por não ter sabido marcar os golos que dariam ao Sporting vitórias em vez de derrotas na péssima época que a equipa de futebol está a fazer. Bruno de Carvalho foi destituído porque, ao semear a intolerância verbalmente agressiva através da sua liderança, permitiu que se criassem condições para que Alcochete viesse a acontecer. É uma questão de estilo, não de ações.
O que penso hoje é exatamente o que já pensava a 22 de Novembro, quando escrevi este artigo a dizer que não acreditava que Bruno de Carvalho pudesse ser condenado fosse do que fosse e que nem sequer compreendia como podia ele ser réu neste julgamento, a não ser que o Ministério Público tivesse algumas provas fantásticas que ainda não tivessem transpirado para o espaço mediático. Aquilo que me fazia confusão na conduta de Bruno de Carvalho, no entanto, não era a possibilidade de ele ter mandado bater nos jogadores. Era toda a lógica maniqueísta em cima da qual ele construía a sua persona pública. Como escrevi na altura: “Identifica-se o ‘mal’, fazem-se referências aos defeitos que andam de braço dado com esse ‘mal’, estabelecem-se exemplos positivos de quem é prejudicado por esse ‘mal’ e, com isso, fortalece-se a união entre os que o rejeitam e cimenta-se a liderança dos que defendem o ‘bem’”.
Foi assim, contra os “croquetes”, os “sportingados” e os rivais, sobretudo o Benfica. Foi assim também, mais tarde, contra os jornalistas e finalmente contra os jogadores, a partir do jogo de Madrid. Foi assim que Bruno de Carvalho uniu os sportinguistas que partilham com ele esta visão da realidade. E que, sei que muitos de vocês não gostam que o escreva, é a visão populista comum às extremas-direitas, de certa forma até capaz de ofuscar as coisas boas que o ex-presidente fez no Sporting e alguns combates justos nos quais se envolveu, como o do VAR ou o da luta contra a influência nefasta dos fundos de investimento. Porque, ao contrário do que este discurso maniqueísta e populista quer fazer crer, nem tudo é branco ou negro. Frederico Varandas, por exemplo, também se envolveu em muitos combates justos, mas o que aqueles milhares de pessoas que se envolvem nas manifestações debaixo da hashtag “Varandas Out” têm a apontar-lhe é precisamente a incompetência no mercado e na liderança do futebol e uma comunicação sempre titubeante, que fez baixar o nível de exigência aos jogadores e aos técnicos das várias modalidades.
Por causa disso e da provada incapacidade para unir o clube, também já defendi, neste artigo de 23 de Janeiro, que Varandas devia submeter-se a eleições, que seriam clarificadoras e, ao mesmo tempo, legitimadoras da liderança que delas viesse a sair. E que até poderia ser a dele. Porque, da mesma forma que o Ministério Público não consegue acusar Bruno de Carvalho por causa de Alcochete, ninguém conseguiria condenar Varandas em tribunal pelos maus resultados das equipas do Sporting. No máximo, ele tem responsabilidades ao ter permitido que se criassem as condições para que elas viessem a acontecer. É uma questão de estilo, não de ações.
Aqui esta um texto lucido, mas e aqui já é a minha opinião o SCP só poderá ter sossego se BdC for a eleições e depois sim quem ganhar terá do seu lado um real vitória eleitoral.
Levar a eleições arruaceiros, que não respeitam nada nem ninguém? Não respeitam os próprios consócios, nem os resultados eleitorais, essa “gente” nem a democracia merece, essa é que a realidade.