São muitos os jogadores que passam dos grandes palcos do futebol mundial para o esquecimento em poucos meses. A carreira no mundo do desporto rei é imprevisível e por vezes dá uma volta total num mero estalar de dedos. Com janeiro aí à porta, a época está praticamente a meio e muitos futebolistas continuam ainda sem clube. Fábio Coentrão é o cabeça de cartaz deste estatuto no que diz respeito aos portugueses, mas são vários os nomes conhecidos dos nossos relvados que seguem sem calçar as chuteiras em competição oficial nesta temporada.
A começar por Coentrão, desde julho que o internacional português está sem clube, após o fim de contrato que o ligava ao Rio Ave. Depois de chegar a um patamar em que representou Benfica, Real Madrid, AS Mónaco e Sporting… aos 31 anos surge um vazio na carreira do polivalente jogador. Numa carreira em que as lesões foram em muitas ocasiões obstáculos inoportunos, Coentrão já conheceu o melhor e o pior daquilo que o futebol tem para dar.
Depois de regressar a Portugal em 2017/18 pela porta do Sporting, através de um empréstimo via Real Madrid, Coentrão passou a última temporada ao serviço do Rio Ave, clube no qual foi formado e na terra que o viu nascer. Com o passar dos anos e o desgaste causado pelas lesões que o atormentaram ao longo da carreira, o internacional português até alinhou um pouco mais à frente no terreno do que aquilo a que estávamos habituados a vê-lo, numa espécie de regresso às origens. Isto pois todos se lembram que a presença de Coentrão como lateral esquerdo nasceu de uma adaptação levada a cabo por Jorge Jesus quando ambos estavam no Benfica.
Visto que o vínculo que o ligava ao Rio Ave tinha somente a duração de uma época, Coentrão viu-se livre no verão passado. E então foram muitos os rumores que surgiram por onde poderia passar o futuro. Falou-se de Flamengo (que faria as malas para ir ter com Jorge Jesus ao Rio de Janeiro), até do Parma Calcio (onde está o português Bruno Alves) e… do FC Porto. As notícias que começaram a aparecer em relação aos azuis e brancos levaram o próprio jogador a emitir um comunicado de forma a dar a entender que não tinha recebido nenhuma proposta formal da parte do clube. “Na presente data, desconheço qual será o meu futuro profissional, mas uma certeza tenho, seja qual for o clube que irei representar, serei genuíno e implacável na sua defesa”, dizia Coentrão no fim de julho. A verdade é que desde então continua sem se saber por onde passa a carreira do futebolista.
Laterais rogados ao esquecimento
Assim como Coentrão, são mais os jogadores com algum nome no futebol português que se encontram na mesma situação. O que salta mais à vista é o de Maxi Pereira. O lateral uruguaio representou Benfica e FC Porto durante vários anos, mas ficou sem jogar quando terminou o vínculo contratual que o ligava aos azuis e brancos em julho. Ainda no verão passado, Maxi foi ligado a outros clubes do panorama nacional pela imprensa desportiva, mais precisamente o Boavista e o Rio Ave. Tanto um como o outro clube resultaria, certamente, numa queda abruta de folha salarial para o jogador em comparação com aquilo com que contava no Dragão.
Esta situação até levou o próprio presidente do Rio Ave, António Campos, a comentar o assunto e a dar conta das razões para a impossibilidade de uma equipa como os vila-condenses avançar para a aquisição do defesa de 35 anos. Estamos à procura de um lateral que tenha capacidade de representar as cores do Rio Ave e que integre a nossa filosofia de jogo. O Maxi Pereira é um jogador que está ao alcance de alguns clubes, não de todos. Não sei se será possível ou não”, referiu António Campos à Sport TV em agosto.
Este ‘esquecimento’ no futebol português parece afetar em larga escala os laterais. Outro dos jogadores atualmente sem clube é Jefferson, que tinha estado ligado contratualmente ao Sporting nas últimas seis épocas. O defesa brasileiro rescindiu com o clube leonino no princípio de setembro, depois de algum tempo a treinar à parte. Fora das contas de Marcel Keizer (então treinador dos leões), o lateral chegou a apontar o dedo ao clube após a saída. “Avisaram-me através de uma mensagem para o telemóvel e por email. Ninguém falou diretamente comigo. […] Na minha opinião, deviam ter-se reunido comigo no final da época a diziam logo que não contavam comigo, que o treinador não me queria…”, apontou Jefferson em outubro numa entrevista ao Record.
Rúben Lima é outro dos laterais a pisar os principais palcos do futebol português e que agora se encontra fora de combate. No caso do ex-capitão do Moreirense, os 30 anos que tem fazem com que ainda seja um alvo apetecível de mercado e pode ser um dos mais badalados em janeiro no que concerne ao nosso país. De acordo com o que se escreveu pela imprensa perto do fim da temporada passada, Lima não pretendia renovar com o emblema de Moreira de Cónegos. No entanto, o jogador também não conseguiu acertar a desejada saída para o estrangeiro, pelo que se encontra sem competição oficial desde aí, mas ainda pode vir a ser uma solução viável para muitas das equipas no principal escalão.
Muita experiência à procura de destino
Um dado similar a muitos dos jogadores apetecíveis para contratar sem clube neste momento é a experiência. Vários deles estão quase ou acima da faixa etária dos 30 anos, o que à primeira vista poderia parecer como um entrave, mas que analisando bem não o será. Há por aí um número vasto de equipas que precisa de juntar experiência e conhecimento do jogo aos respetivos plantéis. Ainda em termos portugueses, há o exemplo de Rolando. O central de 34 anos terminou contrato com o Olympique Marselha no fim da época passada (na qual já só realizou 13 partidas). Falou-se na possibilidade de vir para Portugal representar o SC Braga, mas acabou por não se confirmar e o central está sem competição oficial nesta altura.
Fora da esfera portuguesa, há mais jogadores nesta situação. Em França, por exemplo, Ben Arfa e Gourcuff estão sem clube. Ben Arfa (32 anos) representou o Stade Rennes na época passada e foi um dos melhores jogadores da Liga Francesa. No entanto, ainda não conseguiu colocação em 2019/20. Gourcuff (33 anos) fez somente oito jogos pelo Dijon FCO na temporada transata e está atualmente sem jogar na sequência também de uma carreira muito fustigada pelas lesões.
São inúmeros os nomes que estão livres no mercado e podem vir a ser opções para os clubes contratarem nesta janela de transferências em janeiro. Fica aqui um onze de jogadores de eleição atualmente sem clube: Viviano; Abate, Rolando, Rajkovic, Coentrão; Sankharé, Medrán, Lucas Silva, Ben Arfa; Bony e Jonathas.