O Benfica é o clube português que mais compra e transfere o jogador na mesma janela de mercado. A FIFA proibiu a partir de 1 de julho os ‘negócios-ponte’, ou seja, deixa de ser possível adquirir o passe de um futebolista e vendê-lo/emprestá-lo no período de quatro meses. Nos anos mais recentes, o Benfica tem vindo a utilizar este modelo de forma constante: desde 2009/10 foram já 29 os atletas ‘despachados’ logo após terem sido contratados. As águias levam grande vantagem em relação aos principais rivais nesta matéria. No FC Porto registam-se sete casos destes, enquanto no Sporting se contam somente dois. Nas principais ligas europeias, só Manchester City e Juventus têm números similares aos das águias.
Yony González é o exemplo mais recente de um jogador contratado pelo Benfica, mas que nem chegou a vestir a camisola encarnada em campo. O emblema da Luz assinou com o extremo colombiano em janeiro e, 28 dias depois, ele estava a ser emprestado ao Corinthians. Também nesta época, mas durante o verão, Jhonder Cádiz foi adquirido pelas águias ao Vitória FC, para ser cedido ao Dijon FCO na mesma janela de mercado. À luz da nova regulamentação, negócios assim deixam de ser possíveis a partir do próximo verão, pois os jogadores têm de estar no novo clube por um mínimo de 16 semanas – o que os obriga a ficar para lá do encerramento da janela de mercado. A medida consta já dos regulamentos da FIFA em relação ao estatuto e transferências de futebolistas, pelo que quem a desrespeitar fica sujeito aos castigos previstos no código disciplinar do organismo que rege o desporto rei mundial.
No Benfica e nos restantes clubes analisados nota-se uma clara tendência para o empréstimo de jogadores logo após serem adquiridos. Pode passar por uma estratégia de dar rodagem aos futebolistas para em termos futuros eles virem a desempenhar um papel importante na casa-mãe. No entanto, são raros os casos em que acabam por regressar e tempo inteiro à equipa de origem para dar um contributo significativo. Vale a pena assinalar que para estes casos não foram contabilizados jogadores que ficaram cedidos ao clube ao qual foram adquiridos.
Desde 2015/16, o Benfica já efetuou 14 proclamadas ‘transferências-ponte’, tal como pode verificar na tabela abaixo. Para além das já referidas desta temporada, em 2018/19 tinha contratado Chiquinho à Académica e transferiu-o para o Moreirense na mesma janela, sendo que o médio foi já recomprado entretanto. A época com mais situações deste género foi de 2017/18, na qual se contam cinco jogadores: Salvador Agra, Rakip, Patrick, Rebocho e Mato Milos. Pedro Nuno e Óscar Benítez conheceram o mesmo desfecho no ano anterior e em 2015/16 foi a vez de Jhon Murillo, Diego Lopes, Pelé e Marçal.


Já antes de 2015/16 o Benfica tinha elevada tendência para estas transferências. Entre essa temporada e 2009/10 foram vários os jogadores com esse tipo de percurso: Luís Felipe, Djavan, Candeias, Fariña, Lisandro López, Hugo Vieira, Melgarejo, Nuno Coelho, Wass, Michel, Oblak, Élvis, Leonardo da Silva, Patric e Leandro da Silva. Tem sido pouco o aproveitamento desportivo retirado de todos estes casos: há apenas o financeiro de possíveis taxas de empréstimo ou pagamento na totalidade de salários dos futebolistas. Isto pois de todos os casos enumerados até agora foram escassos aqueles que acabaram por regressar à Luz e ainda tiveram um papel a representar no plantel principal: Chiquinho, Lisandro López, Melgarejo e Oblak.


Se olharmos para o enquadramento do FC Porto nesta situação, desde 2009/10 os azuis e brancos recorreram a estes ‘negócios-ponte’ em sete ocasiões. A mais recente foi Saidy Janko, defesa suíço contratado ao AS Saint-Étienne em julho de 2018 e cedido ao Nottingham Forest em agosto do mesmo ano, sem ter realizado qualquer encontro oficial pelo clube da cidade Invicta. Nessa temporada, Rafa Soares passou pelo mesmo. Embora tenha sido formado e jogado pelos dragões, o lateral foi recomprado ao Portimonense, mas num curto período de tempo rumou ao Vitória SC, envolvido nas negociações por Marega. Em 2016/17 já Zé Manuel tinha chegado proveniente do Boavista e foi emprestado ao Vitória FC. Antes dele, Sami, Kelvin, Iturbe e William Soares tinham feito trajetos similares… todos emprestados à exceção de Rafa Soares. Kelvin e Iturbe ainda chegaram a fazer parte do plantel posteriormente, o brasileiro com mais impacto (o tal golo no Dragão frente ao Benfica que deu um título…).


No que concerne ao Sporting, o registo é bem mais curto. De 2009/10 para cá, apenas dois jogadores foram adquiridos e ‘despachados’ pelos leões na mesma janela de mercado. O mais recente foi Ciani, que chegou a custo zero proveniente da Lazio em 2015/16 e demorou pouco para rumar ao Espanyol também a título definitivo. Em 2011/12 tinha sido Atila Turan, contratado ao Grenoble, mas neste caso saiu por cedência ao Beira-Mar.


Itália é soberana
Lá por fora, analisámos as cinco épocas mais recentes nos Big-5 (Alemanha, Espanha, França, Inglaterra e Itália) e verifica-se que o Manchester City e a Juventus são os clubes que mais praticam este modelo de negócio. Para além disso é em Itália que as equipas de topo levam a cabo mais ‘transferências-ponte’. A Série A e o futebol transalpino vinham a ser conhecidos pela copropriedade, que consistia na divisão do passe de futebolistas entre clubes. No entanto, isso foi abolido pela federação do país em 2014. Assim, este tipo de movimentações pode servir como o novo modelo predileto em Itália. Os números não mentem: desde 2015/16, a Juventus já fez 15 negócios destes, a AS Roma 12, o SSC Nápoles nove e o Inter Milão oito.


Em relação à Vecchia Signora, os empréstimos têm sido a tendência principal nas saídas dos jogadores acabados de adquirir, pois apenas um dos 15 casos listados na tabela foi vendido (Magnani). No que concerne ao Inter Milão, todas as oito movimentações terminaram com empréstimo. A AS Roma também vai no mesmo sentido, embora conte com uma transferência milionária de Bertolacci pelo meio. No Nápoles, destaque para várias cedências ao Bari, o que pode explicar um acordo entre ambas as partes.


Comprar e emprestar é com o Manchester City
Dos clubes analisados nos principais campeonatos estrangeiros, o Manchester City é o que tem o maior número de ‘transferências-ponte’ realizadas desde 2015/16 para cá. Ao todo foram 18 os jogadores adquiridos pelos citizens e na mesma janela de mercado emprestados. Nota-se a parceria que o emblema de Manchester tem com o Girona FC, pela cedência de alguns jogadores à equipa catalã. O conjunto orientado por Pep Guardiola é, de resto, o único entre os grandes ingleses a demonstrar interesse neste modelo. Nas cinco temporadas mais recentes, o Liverpool FC utilizou-o apenas por uma vez, o Chelsea duas, o Arsenal uma, enquanto Manchester United e Tottenham nem o fizeram.


Em Espanha faz-se, mas pouco
Entre os principais clubes espanhóis, o Real Madrid já realizou cinco ‘transferências-ponte’ desde 2015/16 e até conseguiu lucrar com algumas delas. Para além de ter emprestado Kubo, Lunin e Asensio, os merengues venderam Mascarell ao Schalke 04 a troco de dez milhões de euros e também Torró ao Eintracht Frankfurt por 3,5 milhões. O principal rival FC Barcelona efetuou duas operações destas nesta época, com as cedências de Emerson e Cucurella a Betis e Getafe CF, respetivamente.
Um pouco mais abaixo na tabela, o Atlético Madrid também já emprestou cinco futebolistas na mesma janela de mercado em que os contratou e até com um português pelo meio. Diogo Jota foi contratado ao FC Paços de Ferreira por 7,2 milhões de euros e cedido ao FC Porto em 2016/17. Os colchoneros também já tinham ido buscar Bernard ao Vitória SC em 2015/16 a troco de seis milhões, tendo depois recambiado o médio para o Getafe. No Valência CF registam-se quatro negócios desta génese e no Sevilha FC dois, todos nesta temporada em ambos os clubes.


Alemanha e França não estão para isso
À semelhança com aquilo que se verifica na maioria dos principais clubes em Inglaterra, os ‘negócios-ponte’ também não são recorrentemente praticados na Alemanha ou em França. Em solo germânico, verificámos os cinco primeiros classificados da Bundesliga neste momento. Nas cinco últimas épocas, o Bayern Munique apenas emprestou Gnabry ao TSG Hoffenheim em 2017/18 na mesma janela em que o comprou por oito milhões de euros ao Werder Bremen. O Borussia Dortmund não conta com qualquer transferência neste sentido. Os restantes, tal como o Bayern, somam apenas um exemplo. O RB Leipzig com Skopintsev, o Borussia Mönchengladbach com Neuhaus e o Bayer Leverkusen com Meffert.


Em França são ainda menos os casos. O Paris Saint-Germain e o Olympique Marselha não fizeram qualquer negócio deste género desde 2015/16. O Olympique Lyon cedeu Terrier ao RC Estrasburgo em 2016/17 após o comprar por onze milhões ao Lille OSC. Fomos ainda verificar o AS Mónaco, que mesmo a atravessar momentos menos positivos, andou lá por cima em tempos recentes. Na equipa do Principado foram efetuadas duas transferências destas com Jordy Gaspar e Saint-Maximin.


António…aquilo que eu gostaria de ver aqui ecplicito era a sua opinião sobre o tema e…nada!
Porque será?
agradeço o internacional excelente trabalho e havera mais la fora , fora destes campeonatos nao acredito , o mercado la fora e a tal ponte .