Afinal de contas, o que é Raul de Tomás? Um nove puro, como parecem indicar os primeiros testes de pré-época? Ou um nove e meio, quiçá um dez, como parecia fazer crer o facto de a sua chegada ter coincidido com a partida simultânea de João Félix e Jonas, dando a entender que seria o substituto daqueles dois na equipa campeã nacional? Até ver, Bruno Lage parece inclinar-se para a primeira opção, o que pode ter efeitos devastadores em Seferovic, melhor marcador da última Liga.
Nos 180 minutos que o Benfica 2019/20 leva em campo, De Tomás e Seferovic ainda não coincidiram. É verdade que a pré-época obedece a critérios muito próprios, que os primeiros jogos não são necessariamente para fixar um onze-base, mas não deixa de ser curioso que Lage nem sequer tenha visto em campo – em treinos, na verdade, só eles saberão… – como se comporta a parelha De Tomás-Seferovic.
Se tanto Félix como Jonas aliavam à capacidade para definir na área a tendência para incorrer em movimentos contrários aos de Seferovic – enquanto o suíço procura sobretudo a profundidade, nem que seja nas costas do lateral adversário, o jovem português e o veterano brasileiro iam sobretudo em busca do espaço entre as linhas defensivas do opositor, aproximando-se dos médios – De Tomás parece, de facto, mais um nove puro. Por isso mesmo, tanto contra o Anderlecht como face à Académica, Bruno Lage o fez coincidir com jogadores diferentes dele. No primeiro teste, o espanhol começou com Jonas nas costas e acabou os seus 45 minutos a jogar à frente de Taarabt, que derivou da direita para o meio assim que o veterano brasileiro se despediu. No segundo jogo, De Tomás associou-se a Chiquinho, também ele mais um oito com capacidade para ser dez do que um nove e meio como Félix ou até Jonas.
A qualidade do reforço espanhol não deixa grandes dúvidas acerca da sua titularidade na equipa que vai atacar a renovação do título. A grande dúvida prende-se com o companheiro de setor. Seferovic ostenta o título de melhor marcador da última Liga mas admito que fazê-los jogar em simultâneo obrigue a muito mais trabalho, que pode eventualmente ainda não estar concluído. Essa continua, porém, a ser a minha aposta para definir o novo ataque benfiquista. E é o facto de assumir que precisará de novas rotinas que leva à importância e à curiosidade acrescida de a ver em ambiente competitivo. Talvez no próximo jogo…