Haverá certamente muitas teorias acerca da forma autoritária como o Sporting se desfez da oposição do PSV Eindhoven, ganhando por 4-0 e assegurando desde já a qualificação para os 16 avos de final da Liga Europa – onde, de resto, também já está seguro o SC Braga e o FC Porto passou a ter boas chances de chegar. Pode falar-se do tempo que Jorge Silas teve por fim para trabalhar com todo o grupo, dos dias mais repousados que a equipa tem tido, até do afastar do foco da comunicação social, que tem andado mais centrada noutros temas, ou num jogo-não do adversário, que pode estar mal mas não é uma equipa qualquer. Algumas teimas podem ser esclarecidas já no domingo, em Barcelos. Para outras, vai ser preciso esperar por Janeiro, que é quando reabre o mercado de Inverno, uma espécie de Black Friday do futebol mundial.
Houve muito Alverca no resultado e na exibição do Sporting ontem. Porque foi muito graças à derrota em Alverca, na Taça de Portugal, que Silas teve esta semana-extra para trabalhar, depois do regresso dos internacionais dos trabalhos das respetivas seleções. Quando se quer mudar a forma de jogar e pensar de uma equipa, essa mudança tem de ser consolidada no treino e, no futebol de alto nível, pouco tempo há para treinar, pois os dias são consumidos em jogo e recuperação e, nas pausas das competições, os principais jogadores vão embora servir outros amos. Ao beneficiar desta semana-extra, com todos, Silas pôde finalmente passar a mensagem ao grupo e trabalhar ao detalhe as movimentações e os comportamentos desejados. Além de que, sem competir, deu aos jogadores o descanso físico e mental para poderem encarar o regresso de “cabeça limpa”: o Sporting não jogava há 18 dias e, com esse interregno, os jogadores deixaram de estar tão permanentemente no tribunal popular a que se sujeitam regularmente.
O regresso da competição intensiva – nos primeiros 15 dias de Dezembro os leões vão fazer cinco jogos – pode permitir perceber que parte das boas notícias de ontem de deveu a esse repouso e que parte se terá devido ao facto de o treinador ter podido finalmente consolidar ideias e comportamentos. O foco estratégico, de qualquer modo, deve estar já mais à frente, no mercado e no acerto de um plantel muito desequilibrado, no qual faltam soluções de qualidade para algumas posições, escasseiam alternativas para outras e sobram “pinos” em outras ainda.
É verdade que o que “vende” é saber quem pode ser o substituto ideal para Bruno Fernandes, caso ele acabe por sair. Contudo, a não ser por uma especial conjugação de fatores – na qual se inclui um arranjo com o empresário ou grupo de empresários que façam o negócio – não se vê como é que um jogador para o qual o mercado internacional não teve 70 milhões no mercado de Verão vai tê-los agora, no mercado de Inverno, uma espécie de Black Friday, com tudo em desconto. Portanto, em condições normais, essa será uma questão para se colocar lá para Junho/Julho, a época alta da compra e venda.
Para já, do que o Sporting precisa mesmo é de mais um ponta-de-lança – porque Luís Phellype não pode fazer os jogos todos e já se viu que a equipa não rende o mesmo sem um homem de referência na frente. Precisa ainda de um médio-centro que alie capacidade defensiva e qualidade com bola que lhe permita sair a jogar. Precisa de um lateral direito que seja um verdadeiro acrescento à equipa – isto assumindo que Acuña se fixa mesmo atrás na esquerda e resolve o problema daquele lado. E precisa de entender que, sobretudo se vai usar Vietto a partir da esquerda, como faz sentido neste 4x3x3 em que os dois extremos jogam muito por dentro, tem de riscar alguns nomes na extensa lista de jogadores de que dispõe para as duas alas do ataque. Há Bolasie, Plata, Camacho, Vietto, Fernando, Jovane e Jesé. Sete homens para dois lugares. E, ao que parece, Joelson a bater à porta.